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Fast Food e Procrastinação: Como seu Hambúrguer Pode Atrapalhar sua Produtivida

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6 min

13 de mar. de 2024

Os fast foods, com suas combinações tentadoras de açúcares, gorduras e sal, são projetados para serem irresistivelmente deliciosos. Mas o que acontece no cérebro quando nos entregamos a essas delícias? Table of Contents O Sistema de Recompensa do Cérebro  A ciência da Satisfação Imediata e suas Implicações  Liberação Tônica vs. Fásica da Dopamina  Anedonia e a Procrastinação A Neurociência da Procrastinação e o Consumo de Fast Food O Impacto na Vida Diária  Redefinindo Nossas Recompensas – 7 estratégias para combater a procrastinação Referências Bibliográficas O Sistema de Recompensa do Cérebro Localizado principalmente nas regiões do mesencéfalo e prosencéfalo basal, o sistema de recompensa é uma intrincada rede de neurônios que interage para regular nossas sensações de prazer e motivação. Estruturas-chave incluem o núcleo accumbens, a área tegmentar ventral (VTA) e partes do córtex pré-frontal. A dopamina é o neurotransmissor central desse sistema. Embora muitas vezes seja associada ao prazer, sua principal função é sinalizar a “importância” ou relevância de um estímulo, motivando-nos a agir ou prestar atenção a ele. Além da dopamina, outros neurotransmissores, como a serotonina, e hormônios, como o cortisol, desempenham papéis cruciais na modulação desse sistema, influenciando nosso bem-estar e resposta ao estresse. Para entendermos de forma mais simples, imagine o cérebro como uma orquestra. O sistema de recompensa é como o maestro, e direciona a música para nos fazer sentir bem e motivados a repetir certas ações. Quando fazemos algo que nosso cérebro vê como bom, como comer nosso prato favorito, ele nos dá um “tapinha nas costas” na forma de dopamina, dizendo: “Isso foi ótimo! Vamos fazer de novo!”. E isso acaba reforçando nosso comportamento, pois o cérebro é por definição “preguiçoso” digamos. Ele só esta interessado em Obter Prazer, Evitar a dor e economizar energia. Ou seja, tudo que aumenta a dopamina, que gera um prazer no seu sistema de recompensa, nós tendemos a repetir.    Mas a dopamina não é apenas sobre sentir-se bem. Ela também é como um alarme, nos fazendo prestar atenção em coisas importantes ou nos alertando sobre possíveis perigos. Outros “músicos” da orquestra, como a serotonina (que nos da uma sensação de bem estar) e o cortisol (que nos alerta sobre o estresse), tocam junto com a dopamina, garantindo que essa “música” do nosso cérebro esteja sempre em harmonia. A ciência da Satisfação Imediata e suas Implicações Quando consumimos alimentos hiperpalatáveis, como aqueles encontrados em fast foods, nosso cérebro experimenta uma liberação intensa de dopamina. Esta “onda” de dopamina é uma resposta evolutiva que nos motivou a buscar alimentos ricos em calorias em tempos antigos. No entanto, no mundo moderno, essa resposta pode se tornar problemática. Liberação Tônica vs. Fásica da Dopamina A dopamina não é liberada de maneira uniforme. Existem dois padrões principais de liberação: tônica e fásica. A liberação tônica refere-se a níveis baixos e constantes de dopamina que mantêm a atividade neural estável ao longo do tempo. Por outro lado, a liberação fásica é uma resposta rápida e intensa a estímulos específicos, como o sabor de um hambúrguer suculento, ou mesmo ficar em redes sociais, enfim, qualquer estímulo altamente prazeroso que gaste a menor quantidade de energia possível.  O hiperestímulo dopaminérgico, como o causado pelo consumo frequente de fast food, pode perturbar esse equilíbrio. Com o tempo, a constante liberação fásica de dopamina pode reduzir a liberação tônica de maneira compensatória, levando a um nível basal mais baixo de dopamina no cérebro. Anedonia e a Procrastinação Com níveis basais mais baixos de dopamina, surge um problema: anedonia, ou a incapacidade de sentir prazer. Atividades que antes eram gratificantes, como passar tempo com a família ou concluir uma tarefa, podem não parecer mais tão atraentes. Em essência, o que “deveria” ser feito perde seu apelo, e a motivação para realizar tarefas diárias pode diminuir significativamente. Sendo assim, a exposição constante a altos níveis de dopamina pode levar nosso sistema de recompensa a se adaptar. Isso significa que, ao longo do tempo, precisamos de mais e mais dopamina para sentir o mesmo nível de prazer ou satisfação. Em termos práticos, isso pode se traduzir em comer porções maiores de fast food ou consumi-lo com mais frequência para obter a mesma “correção” dopaminérgica. Além disso, essa desensibilização pode ter implicações em outras áreas da nossa vida. Se nosso sistema de recompensa está constantemente sendo inundado por estímulos hiperdopaminergicos como os de de fast food, por exemplo, pode começar a encontrar menos prazer em atividades que liberam menos dopamina, como completar uma tarefa, estudar, escrever um artigo, ler um livro ou passar tempo com entes queridos por exemplo. A Neurociência da Procrastinação e o Consumo de Fast Food A procrastinação não é simplesmente uma questão de preguiça ou falta de disciplina. Na verdade, é o resultado de um conflito neurobiológico entre dois sistemas cerebrais: o sistema límbico, que busca recompensas imediatas, e o córtex pré-frontal, que planeja e pondera as consequências a longo prazo. Quando nos deparamos com uma tarefa desafiadora ou tediosa, o sistema límbico nos impulsiona a buscar algo mais prazeroso ou recompensador no momento. Por outro lado, o córtex pré-frontal tenta nos manter no caminho, lembrando-nos das recompensas a longo prazo de completar a tarefa. O consumo frequente de fast food, com sua poderosa liberação de dopamina, pode fortalecer o sistema límbico em sua busca por gratificação instantânea. Com o tempo, essa constante busca por recompensas imediatas pode tornar o sistema límbico mais dominante, fazendo com que o córtex pré-frontal tenha mais dificuldade em manter o controle e nos manter focados em tarefas a longo prazo. Em outras palavras, se estamos constantemente alimentando nosso cérebro com recompensas rápidas e fáceis, como fast food, podemos estar inadvertidamente treinando-o para priorizar gratificações instantâneas em detrimento de recompensas a longo prazo. O Impacto na Vida Diária A consequência disso é que tarefas que não oferecem uma recompensa imediata, como trabalhar em um projeto importante ou estudar para um exame, podem parecer cada vez mais desafiadoras e menos atraentes. Isso pode levar a um ciclo de procrastinação, onde adiamos constantemente tarefas importantes em favor de gratificações instantâneas, como comer ou assistir a vídeos online. Em resumo, a procrastinação é mais do que apenas adiar tarefas; é o resultado de um conflito interno no cérebro entre a busca por recompensas imediatas e a realização de objetivos a longo prazo. E, em um mundo cheio de tentações imediatas, como fast food, é mais importante do que nunca entender e gerenciar esse conflito para alcançar nossos objetivos. Redefinindo Nossas Recompensas – 7 estratégias para combater a procrastinação A luta contra a procrastinação não precisa ser complexa. Aqui estão algumas abordagens práticas e facilmente aplicáveis para ajudar a manter o foco e a produtividade: Técnica Pomodoro: Esta técnica envolve trabalhar intensamente por 25 minutos e depois fazer uma pausa de 5 minutos. Repita isso quatro vezes e, em seguida, faça uma pausa mais longa. Usar um timer pode ajudar a manter a disciplina. Essa técnica pode ajudar a treinar o cérebro para se concentrar durante períodos curtos e recompensar-se com pausas regulares. Listas de Tarefas com Recompensas: Escreva suas tarefas diárias e atribua a cada uma uma pequena recompensa, como um lanche saudável, 10 minutos de relaxamento ou ouvir sua música favorita. Ao concluir a tarefa, dê-se a recompensa. Ambiente de Trabalho Estimulante: Mude seu ambiente de trabalho regularmente. Pode ser uma nova disposição de sua mesa, trabalhar em um café local ou até mesmo mudar o papel de parede do computador. Um novo ambiente pode revitalizar sua mente e reduzir a procrastinação. Desconexão Digital: Defina períodos específicos do dia para verificar e-mails, mídias sociais e outras distrações digitais. Fora desses tempos, mantenha-se desconectado para garantir um foco ininterrupto. Visualização: Antes de começar uma tarefa, gaste alguns minutos visualizando o resultado final e os benefícios de completá-la. Isso pode fornecer a motivação necessária para começar. Compromisso Público: Compartilhe suas metas e tarefas com amigos, familiares ou colegas de trabalho. O simples ato de tornar público seu compromisso pode fornecer a motivação adicional necessária para completar a tarefa. Pequenos Passos: Divida tarefas maiores e mais desafiadoras em etapas menores e mais gerenciáveis. Começar é frequentemente a parte mais difícil, e dividir uma tarefa em etapas menores pode tornar o início menos intimidador. Estas são apenas algumas estratégias simples, mas eficazes, que podem ser facilmente incorporadas à sua rotina diária. Ao implementar essas técnicas e adaptá-las ao que funciona melhor para você, é possível combater a procrastinação e aumentar a produtividade. Continue Estudando... Sugestão de Leitura:   Adolescentes Desinteressados? 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