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A Neurociência da Depressão

Brunno Falcão

3 min

11 de jun. de 2024

O cérebro  é o órgão que controla nossos sentimentos e emoções, regula o comportamento e forma nossa identidade, sendo considerado o "órgão da alma" . Muitos pacientes não respondem a tratamentos medicamentosos para depressão, com uma taxa de resposta de apenas 8 a 15%. A resistência aos tratamentos pode levar a tentativas de suicídio, levantando questões sobre a teoria das monoaminas , que relaciona a depressão à falta de noradrenalina e serotonina . Embora a tecnologia tenha evoluído e estudos tenham trazido novos conhecimentos sobre antidepressivos, a maioria ainda se baseia na regulação dessas substâncias. A depressão é uma condição poligênica influenciada por fatores genéticos e ambientais, como estresse e traumas . Vai além de um sentimento de tristeza, incluindo sintomas como culpa, agitação e dificuldade de atenção , afetando não apenas a psiquiatria, mas também outras áreas médicas. O cérebro, que utiliza 20% do débito cardíaco e do consumo diário de ATP necessita de energia para funcionar plenamente. Estudos mostram que a creatina, combinada com antidepressivos, melhora significativamente os resultados do tratamento , destacando seus benefícios para a saúde mental e fisiológica. Neuroinflamação Associada à Doenças Psiquiátricas  A neuroinflamação está presente em várias doenças psiquiátricas, como depressão e Alzheimer. Um cérebro inflamado apresenta menos serotonina, dopamina e noradrenalina, além de alterações no BH4 e excitotoxicidade glutamatérgica, reduzindo o número de sinapses e a neurogênese hipocampal . A vitamina D, essencial para a síntese de serotonina, deve estar em níveis adequados (pelo menos 60 ng/ml no sangue) para ajudar no tratamento da depressão. O estresse crônico , comparado ao cigarro do século XXI, causa neuroinflamação  e deve ser visto como um problema a ser combatido. Neuroplasticidade e Disfunção Sináptica Associadas à Depressão A redução da neuroplasticidade e a disfunção sináptica  também estão relacionadas à depressão , devido à atrofia hipocampal e de outras áreas do sistema nervoso. Essas alterações estruturais e funcionais no cérebro podem resultar em sintomas depressivos, como dificuldade de concentração, perda de interesse em atividades cotidianas e sentimentos de desesperança. Além disso, a diminuição da neurogênese no hipocampo, associada à depressão, pode levar a um ciclo de deterioração cognitiva e emocional, contribuindo para a manutenção do quadro depressivo. A neuroplasticidade é a habilidade de áreas do sistema nervoso se tornarem mais eficientes com a estimulação constante, aumentando o número de sinapses. Pensamentos ansiosos repetitivos reforçam vias neurais relacionadas a eles. Além disso, problemas de sono afetam negativamente todos esses fatores. Estratégias para  estimular a neuroplasticidade  incluem atenção plena, desafios cognitivos, exercício físico e eletroconvulsoterapia , promovendo a resiliência, que é um processo ativo e adaptativo. Prática Clínica No consultório, o médico pode adotar uma abordagem multifacetada para tratar a depressão resistente a medicamentos. Isso inclui suplementação de creatina para melhorar os resultados do tratamento, correção de níveis de vitamina D para síntese adequada de serotonina, e gestão do estresse para combater a neuroinflamação. Estimular a neuroplasticidade é essencial e pode ser alcançado por meio de desafios cognitivos, mindfulness, exercícios físicos e, quando necessário, eletroconvulsoterapia. Além disso, garantir um sono adequado e uma rotina saudável são fundamentais para melhorar a saúde mental dos pacientes. Essas estratégias proporcionam um tratamento mais eficaz e holístico para a depressão. Continue Estudando... Sugestão de estudo: Como a medicina esportiva pode contribuir para a saúde mental dos atletas Sugestão de estudo: O Real Impacto Profundo do Isolamento Social, Solidão e Riscos à Saúde Sugestão de estudo: Neurociência da Felicidade e o Impacto na Área da Saúde com Fabrício Assini Referências Bibliográficas ELBEJJANI, M.; FUHRER, R.; ABRAHAMOWICZ, M.; MAZOYER, B.; CRIVELLO, F.; TZOURIO, C.; DUFOUIL, C.. Depression, depressive symptoms, and rate of hippocampal atrophy in a longitudinal cohort of older men and women. Psychological Medicine , [S.L.], v. 45, n. 9, p. 1931-1944, 21 abr. 2015. Cambridge University Press (CUP). http://dx.doi.org/10.1017/s0033291714003055 .