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A evolução da microbiota ao longo da vida

Brunno Falcão

3 min

30 de abr. de 2021

O envelhecimento é um processo influenciado por fatores genéticos e ambientais, caracterizado por mudanças biológicas, comportamentais e sociais . Principais aspectos celulares do envelhecimento incluem instabilidade genômica, desgaste dos telômeros e disfunção mitocondrial, resultando em declínio funcional. Avanços em tecnologias de sequenciação podem ajudar a entender melhor os mecanismos do envelhecimento. O microbioma intestinal desempenha um papel central, influenciando o sistema imunológico e contribuindo para inflamação crônica ("inflammaging"), que está associada a doenças crônicas e declínios funcionais . Interações entre microbioma e cérebro também afetam funções cognitivas. Não há uma definição clara de "envelhecimento saudável", m as o envelhecimento é marcado por variações significativas entre indivíduos. Indivíduos longevos, como centenários, exemplificam envelhecimento bem-sucedido, evitando muitas doenças comuns em idosos e apresentando uma inflamação equilibrada por respostas anti-inflamatórias.

Influência do Envelhecimento na Diversidade e Estabilidade da Microbiota Intestinal Estudos revisados indicam que a diversidade microbiana varia significativamente ao longo da vida. A diversidade beta, que reflete a diferença na composição microbiana entre indivíduos, muda nos diferentes estágios de desenvolvimento e continua a divergir entre jovens e idosos. A diversidade alfa, que mede a diversidade dentro de um indivíduo, é maior em idosos em comparação com jovens, e a alta diversidade alfa em idosos está associada à estabilidade temporal da microbiota. Além disso, a baixa diversidade alfa está correlacionada com declínios cognitivos e doenças metabólicas e inflamatórias . Um ecossistema intestinal rico e diversificado pode indicar uma microbiota flexível e resiliente, adaptável a perturbações e possivelmente um marcador de longevidade. Nos adultos, os filos Firmicutes e Bacteroidetes dominam a microbiota intestinal. Nos idosos, há uma diminuição na proporção de Firmicutes e um aumento em Bacteroidetes, um padrão que parece variar conforme o ambiente residencial. A relação Firmicutes/Bacteroidetes é um indicador potencial de saúde e longevidade, com desequilíbrios associados a distúrbios metabólicos e gastrointestinais. Os táxons relacionados à saúde, como Verrucomicrobia, Akkermansia, Christensenellaceae e Bifidobacterium, estão aumentados em idosos e estão associados a benefícios metabólicos e anti-inflamatórios. Por outro lado, Proteobacteria, que pode causar inflamação e disbiose, são mais abundantes em idosos. Os padrões dietéticos e as mudanças fisiológicas relacionadas à idade contribuem para a complexidade dos achados taxonômicos associados ao envelhecimento. Dietas ricas em micronutrientes e baixas em gorduras saturadas são comuns em populações longevas e influenciam positivamente a composição microbiana. Intervenções dietéticas, como a dieta mediterrânea, e o uso de probióticos e prebióticos têm mostrado melhorar a saúde intestinal e aumentar a abundância de bactérias promotoras da saúde. Fatores genéticos também desempenham um papel significativo na determinação da composição microbiana, com estudos indicando que a genética do hospedeiro pode influenciar a abundância de certos microrganismos. Finalmente, a flexibilidade e a estabilidade da microbiota intestinal são características importantes para a longevidade. A capacidade de manter um equilíbrio entre atividades pró e anti-inflamatórias pode ser uma marca do envelhecimento bem-sucedido. Estudos futuros precisam incluir amostras maiores e análises mais complexas para entender melhor as interações entre microbioma, genética, dieta e envelhecimento, promovendo colaborações entre diferentes áreas de pesquisa para desenvolver intervenções terapêuticas eficazes. Prática Clínica Recomenda-se que profissionais de saúde em consultórios prestem especial atenção à composição da dieta e ao uso de probióticos e prebióticos nos pacientes mais velhos. Dados recentes indicam que uma microbiota intestinal rica e diversificada está associada a uma maior estabilidade e flexibilidade, o que pode promover a longevidade e a saúde geral. Incentivar uma dieta balanceada, rica em micronutrientes e baixa em gorduras saturadas, como a dieta mediterrânea, pode ser benéfico. Além disso, considerar a suplementação com probióticos e prebióticos pode ajudar a aumentar a abundância de bactérias benéficas, como Bifidobacterium e Faecalibacterium, melhorando a saúde metabólica e reduzindo a inflamação. Essas intervenções podem ajudar a manter a homeostase intestinal e a promover um envelhecimento saudável, reduzindo o risco de doenças relacionadas à idade. CONTINUE ESTUDANDO.. Sugestão de leitura: Microbiota e metabolismo Sugestão de leitura: Como Cuidar da Microbiota de Atletas? Sugestão de leitura: Microbiota REFERÊNCIAS BADAL, V. D.; et. al. The Gut Microbiome, Aging, and Longevity: A Systematic Review. Nutrients , 2020. 12 (12), 3759. https://doi.org/10.3390/nu12123759 FAINTUCH, J. Microbioma, disbiose, probióticos e bacterioterapia . Barueri, SP: Manole, 2017. Odamaki, T.; et. al. Age-related changes in gut microbiota composition from newborn to centenarian: a cross-sectional study. BMC microbiology , 2016. 16 , 90. https://doi.org/10.1186/s12866-016-0708-5