Genética e Comer Emocional: Existe Relação?
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9 de jul. de 2024
Compreender a complexidade dos mecanismos biológicos subjacentes às diferenças individuais no comportamento emocional é fundamental para entender como variações genéticas influenciam a regulação emocional e, por conseguinte, o risco de desenvolver doenças neuropsiquiátricas, como o Comer Emocional. Os genes têm influência em todos os aspectos da biologia e, no contexto das patologias comportamentais, vão além do diagnóstico fenomenológico, sendo os mecanismos fundamentais da doença. No entanto, é importante notar que a maioria dos comportamentos humanos não é completamente determinada pelos genes. Em muitos casos, fatores genéticos podem desempenhar um papel menos importante, especialmente na ausência de condições ambientais adequadas. As técnicas avançadas, como a imagem in vivo da função cerebral em humanos e a engenharia genética em roedores, representam uma revolução na forma como se investiga o impacto da serotonina na regulação emocional. Ao permitir a observação direta da atividade cerebral em tempo real e a manipulação genética precisa em modelos animais, essas abordagens oferecem uma janela única para os processos neurais subjacentes à emoção. Variação Genética no Transportador 5-HTT e sua Influência em Traços Emocionais A serotonina (5-HT) desempenha um papel fundamental na regulação dos estados emocionais, sendo encontradas disfunções em sua função em pacientes com transtornos de humor e ansiedade. Por isso, esse sistema é um alvo principal para medicamentos eficazes no tratamento desses transtornos. Tanto em seres humanos quanto em roedores, os circuitos neurais que controlam os comportamentos emocionais e estão implicados na fisiopatologia dos distúrbios emocionais são densamente conectados com neurônios que produzem serotonina e expressam uma variedade de receptores para essa substância. Vários estudos mostram que alterações experimentais nessas vias da serotonina resultam em mudanças nos comportamentos relacionados à emoção. Além disso, há indícios de que disfunções no 5-HTT (transportador de serotonina) podem estar relacionadas a problemas na regulação emocional , como evidenciado por reduções significativas no cérebro de pacientes com transtornos de humor e ansiedade que não estão sob efeito de medicamentos. Dessa forma, indivíduos que possuem um alelo “mais curto” no gene transportador de serotonina, apresentam níveis mais altos de ansiedade e, especialmente, de evitação de danos, mas não é o único fator determinante para distúrbios emocionais graves. Além disso, também é possível fazer uma associação entre esse polimorfismo do gene 5-HTT e diferentes medidas de medo e ansiedade. No entanto, é possível observar que a diminuição relativa da função do 5-HTT não só está associada a um aumento da ansiedade, mas também tem um impacto negativo na capacidade de enfrentar o estresse. Em conjunto, esses estudos têm mostrado que mudanças na função do 5-HTT, mediadas geneticamente, afetam tanto a estrutura quanto a função de importantes vias corticolímbicas responsáveis pela capacidade do cérebro de lidar eficientemente com o estresse, ansiedade e depressão. Com uma quantidade suficiente de estresse no sistema, essas diferenças hereditárias podem ter um impacto significativo na vulnerabilidade a doenças afetivas. Ademais, essa maior sensibilidade ao estresse pode fazer com que o indivíduo coma excessivamente em resposta à esse sentimento, sem diminuir diretamente a experiência de emoção negativa, permitindo que ela persista e se acumule sem resolução, perpetuando o comportamento do Comer Emocional. Prática Clínica Por fim, torna-se claro a importância dos genes na formação do comportamento e sua capacidade de influenciar o risco de desenvolvimentos de outras doenças. Com isso, ao integrar conhecimentos da psicologia, genética e nutrição, o nutricionista pode desenvolver estratégias mais eficazes para promover hábitos alimentares saudáveis e prevenir problemas relacionados à alimentação, com destaque para a importância de uma abordagem multidisciplinar e personalizada no cuidado com a saúde mental e nutricional, visando não apenas a prevenção, mas também o tratamento adequado de questões relacionadas ao comer emocional. Continue Estudando... Sugestão de Estudo: Transtornos Alimentares: O que você precisa saber para a prática clínica? Sugestão de Estudo: Psicologia do Esporte: Manejo de Ansiedade e Depressão em Atletas Sugestão de Estudo: Integrando Nutrição e Espiritualidade: Abordagens para a Prática Clínica Referências Bibliográficas HARIRI, Ahmad R.; HOLMES, Andrew. Genetics of emotional regulation: the role of the serotonin transporter in neural function. Trends In Cognitive Sciences , [S.L.], v. 10, n. 4, p. 182-191, abr. 2006. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.tics.2006.02.011 .