Atletas, Distúrbios Gastrointestinais e Performance Esportiva
Brunno Falcão
4 min
•
2 de mai. de 2023
É importante pensar nos nutrientes como algo valioso, visto que eles possuem capacidade de potencializar a performance esportiva. No entanto, os atletas estão entre os grupos de pacientes que apresentam dificuldade em relação à digestão e melhor aproveitamento dos nutrientes. Sendo assim, nesses indivíduos são frequentes os distúrbios digestivos, atingindo em torno de 30 a 70% deles. Sendo que, os principais atletas acometidos são corredores e ciclistas, que podem ter alterações e ainda assim se mostrar assintomático. Table of Contents Toggle Distúrbios Gastrointestinais em Atletas Sintomas Relacionados ao Trato Gastrointestinal em Atletas Efeitos do Estresse Crônico em Atletas Padrão da Dieta de Atletas Suplementação em Atletas Prática Clínica Referências Bibliográficas Distúrbios Gastrointestinais em Atletas O movimento “pra cima e pra baixo” que os ciclistas fazem pode levar a diarréia , assim como a desidratação que, por sua vez, torna propício o desenvolvimento de isquemia esplênica devido a menor quantidade de sangue circulante na região abdominal durante o exercício. Ainda, atletas podem apresentar s índrome da reperfusão , visto que após o treinamento eles ingerem água e eletrólitos, que serão rapidamente absorvidos devido a falta de perfusão que ocorreu anteriormente. Além disso, diante o uso de esteroides anabolizantes pelos praticantes de atividade física, induz alteração do padrão de funcionamento hepático, assim como a alteração da microbiota intestinal de modo prejudicial. Outro aspecto a se considerar é o padrão alimentar de carboidratos e proteínas, que em excesso na rotina dos atletas, pode levar a diversos malefícios para saúde intestinal. Sintomas Relacionados ao Trato Gastrointestinal em Atletas Dentre os principais sintomas desses pacientes estão a diarreia do corredor , que tem como o principal causador o movimento “pra cima e pra baixo” que promovem a liberação dos hormônios gastrina e motilina, que levam ao maior funcionamento gástrico . Ainda nesse contexto, os géis de carboidrato podem promover diarreia e vômitos . Outros sintomas presentes são dores abdominais e sangramento digestivo , que pode ser baixo ou alto devido a hemorróidas ou melena. Sendo assim, todos esses fatores podem prejudicar a performance do paciente atleta. Uma vez que 30% do metabolismo basal está associado ao funcionamento do sistema digestivo e ⅓ de tudo que o atleta consome, o estresse crônico por falta de recuperação inadequada e dieta desajustada faz o organismo se adaptar para gastar o mínimo de energia neste sistema , podendo causar fadiga, distúrbios do sono e humor, irritabilidade, diminuição da progressão de ganhos musculares, baixa libido , entre outros. Efeitos do Estresse Crônico em Atletas A resposta ao estresse crônico é adaptativa e ocorre da seguinte forma: primeiramente, os hormônios do estresse são liberados para que as reservas de energia do corpo sejam direcionadas para uso imediato, depois disso um novo padrão de distribuição de energia aparece, desviando a energia para os órgãos que serão mais exigidos e ativos nesse momento, principalmente cérebro e musculatura esquelética. Ou seja, as atividades menos imediatas são suspensas, como o processo digestório e a secreção de hormônios sexuais . Com isso, temos que todo atleta de alta performance tem um sistema digestivo inibido e mais permeável do que normal, além disso se somar a outras questões, como a dieta, hidratação e o descanso. Padrão da Dieta de Atletas Geralmente, a alimentação dos atletas é baixa em fibras e rica em carboidratos simples que corroboram para um quadro disbiose intestinal. Dessa forma, é possível observar aumento da permeabilidade intestinal ao passo que se cai o rendimento esportivo . Nesse sentido, é importante ressaltar que a microbiota saudável produz vitaminas, incluindo folato, vitamina B12 e vitamina B2 , as quais exercem vários efeitos positivos e pró-anabólicos sobre os músculos esqueléticos, como aumento da síntese de aminoácidos e redução do estresse oxidativo local pós-exercício . Suplementação em Atletas Com o objetivo de melhorar o aproveitamento da dieta, as enzimas digestivas antes das refeições podem ajudar. No entanto, a dose deve ser ajustada conforme a necessidade de ingestão do atleta e do resultado do exame coprológico. Além disso, deve-se verificar a necessidade de amilase, protease hidrofílica, alfa galactosidase, pois cada paciente deve ser avaliado individualmente . Para auxiliar na recuperação da barreira intestinal, a glutamina (20g) duas horas antes da atividade física pode ajudar. Ainda, para auxiliar na atividade microbiana algumas opções são o consumo de chá verde (se extrato até 200mg), ingestão de frutas vermelhas (se extrato 150mg), gengibre em extrato seco (200mg) e fibras probióticas através da alimentação, sendo que quando longe dos treinos e provas é válido atingir 25 g/dia em mulheres e 35 gdia em homens. Prática Clínica Para atletas que treinam mais de 2 horas por dia, devem consumir de 7 a 12 g por quilo ao dia de carboidratos, pois eles atenuam a resposta ao estresse e restauram o glicogênio. Por isso, durante os períodos de treino e descanso, deve-se priorizar os carboidratos complexos para manter a ingestão de fibras e o equilíbrio da microbiota. Em relação às proteínas, para atletas que treinam mais de 2 horas por dia, a recomendação é de 1.2 a 1.6 g/kg por dia, visto que reduzem os efeitos sobre a imunidade e a resposta das células T e sobre o aumento da permeabilidade intestinal, sendo que nestes casos cabe a utilização de glutamina. Por fim, quanto aos lipídios, os poli-insaturados devem ser consumidos, em especial o azeite, pois melhoram o fluxo sanguíneo esplênico, reduzem a permeabilidade da barreira intestinal após o exercício e diminuem a produção de espécies reativas de oxigênio (ROS) e a inflamação. Referências Bibliográficas Sugestão de Leitura: Compostos Nutricionais na Recuperação Muscular Assista ao vídeo na plataforma Science Play – Fisiopatologia do Leaky Gut no Atleta de Endurance Smith EA, Macfarlane GT. Dissimilatory amino Acid metabolism in human colonic bacteria . Anaerobe. 1997 Oct;3(5):327-37. Classifique esse post #dieta #estressecronico #leakygut #atletas #suplementaçãoematletas #permeabilidadeintestinal #nutriçãoesportiva