Canabinóides: Uso Terapêutico em Doenças Neurodegenerativas
Brunno Falcão
3 min
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18 de mai. de 2023
O potencial dos canabinoides como uma alternativa de tratamento para doenças neurodegenerativas como Parkinson e Alzheimer tem despertado interesse na comunidade científica. Dentre as causas da neurodegeneração, destacam-se os depósitos extracelulares de placas beta-amiloide e emaranhados neurofibrilares, disfunção mitocondrial, aumento do estresse oxidativo e neuroinflamação. Embora ainda não haja tratamento capaz de impedir o declínio cognitivo progressivo, estudos têm apontado que a modulação do sistema endocanabinoide pode retardar a progressão, impactando positivamente na qualidade de vida dos pacientes. Table of Contents Toggle Canabinóides e Alzheimer Canabinóides e Parkinson Prática Clínica Referências Bibliográficas Canabinóides e Alzheimer O Alzheimer é uma doença causada pela deposição extracelular de placas beta-amiloide e emaranhados neurofibrilares compostos de proteína tau hiperfosforilada. Assim também pelos, níveis reduzidos de colina acetiltransferase. Outras patologias incluem defeitos mitocondriais funcionais, aumento do estresse oxidativo, neuroinflamação e falha de enzimas envolvidas na produção de energia, causando exaustão das células nervosas. A ativação de microglia em regiões preenchidas por placas e morte celular devido à excitotoxicidade também ocorre. A modulação do sistema endocanabinoide por meio do uso de canabinóides pode proteger indivíduos com Alzheimer da excitotoxicidade e neuroinflamação. Estudos sugerem que a redução dos níveis de receptores neuronais CB1 ocorre em modelos animais. Além disso, a ativação do CB2 atenua a inflamação devido à liberação de mediadores neurotóxicos e pró-inflamatórios por astrócitos e células microgliais, modulando assim o processamento anormal de β-amiloide e estimulando a proliferação e migração microglial. Canabinóides e Parkinson A doença de Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa que leva a tremores e dificuldades para caminhar e manter o equilíbrio. A rigidez muscular pode causar dificuldades para iniciar e finalizar movimentos, sintomas que pioram com o tempo. Estudos pré-clínicos em modelos animais mostraram um efeito neuroprotetor de canabinoides sintéticos ou fitocanabinoides como inibidores de MAGL, como JZL184, e o bloqueio da atividade do receptor CB1. Em estudos clínicos, os canabinóides demonstraram potenciais benefícios nos sintomas motores como acinesia, tremor ou discinesia, bem como nos aspectos não-motores, como sono e dor. Um estudo em pacientes que tomaram brotos de cannabis por via oral relatou uma melhora geral dos sintomas, como a redução do tremor em repouso e rigidez muscular, e uma diminuição da bradicinesia. Os efeitos positivos do CBD sugerem que ele poderia complementar a terapia padrão para a doença de Parkinson. Os canabinóides mostraram potencial terapêutico no tratamento de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer e o Parkinson. A modulação do sistema endocanabinoide por meio do uso de canabinóides pode retardar a progressão da doença, proteger contra a excitotoxicidade e neuroinflamação, e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. No entanto, ainda são necessários mais estudos clínicos para avaliar a segurança e eficácia desses tratamentos. Prática Clínica Na prática clínica, o uso de canabinóides ainda é restrito em muitos países e requer uma prescrição médica especializada. A dosagem e o método de administração devem ser cuidadosamente avaliados para maximizar os benefícios terapêuticos. É importante lembrar que os canabinóides não são uma cura para essas doenças, mas sim uma alternativa de tratamento que pode ajudar a melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Referências Bibliográficas Sugestão de estudo: O papel do sistema endocanabinóide nos transtornos mentais Assista o vídeo na Science Play com Leandro Medeiros: Uso terapêutico dos canabinoides: Da base à prescrição Pagano C, Navarra G, Coppola L, Avilia G, Bifulco M, Laezza C. Cannabinoids: Therapeutic Use in Clinical Practice. International Journal of Molecular Sciences. 2022; 23(6):3344. https://doi.org/10.3390/ijms23063344 Classifique esse post #alzheimer #canabinoides #doencadeparkinson #doençasneurodegenerativas