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Casca de Romã para Promoção de Saúde

Brunno Falcão

4 min

16 de mar. de 2023

Atualmente a romã é cultivada em várias partes do mundo, apesar de ter se originado no Irã, Índia, China e região do Mediterrâneo em 3000 aC . Sua produção e o consumo continuam aumentando devido ao seu sabor e nutrição, sendo que estatísticas mostram que a produção global desse fruto foi de aproximadamente de 3,8 milhões de toneladas em 2017. Particularmente, a casca de romã é uma fonte de vários compostos bioativos como polifenóis, fibras alimentares, vitaminas e minerais, os quais apresentam uma variedade de atividades biológicas e benefícios à saúde, como antioxidantes, anti-inflamatórios, anticancerígenos.  Desde a antiguidade, as cascas de romã são utilizadas como remédios populares, devido aos vários compostos benéficos. No geral, as cascas apresentam maior quantidade de compostos bioativos quando comparados com o suco e as sementes. Dentre os principais compostos bioativos pode-se citar os polifenóis e a fibra alimentar.  Nesse contexto, a quantidade de compostos fenólicos totais está entre 18 e 510 mg/g de matéria seca na casca da romã, diferindo por espécie, solventes de extração e métodos de extração. As principais substâncias fenólicas entre elas são taninos, flavonoides e ácidos fenólicos. Para mais, a fibra alimentar é o componente mais abundante da casca de romã podendo abranger de 33 a 62% do total. Dessa forma, as cascas de romã são fontes valiosas de fibra dietética, que podem ser utilizadas como fonte natural, com boas propriedades físico-químicas e funcionais. Table of Contents Toggle Compostos Fenólicos Casca de Romã e Funções Antioxidantes Casca de Romã e Funções Anti-inflamatórias Casca de Romã e Funções Antibacteriana Prática Clínica Referências Bibliográficas Compostos Fenólicos Os taninos podem apresentar atividade antioxidante devido aos grupos hidroxila de polifenóis, os quais podem reduzir o conteúdo de radicais livres. Ademais, os grupos hidroxila do catecol em taninos complexos e condensados conferem a eles a capacidade de quelar ferro e metais de transição. A literatura mostra que os taninos também podem exercer uma atividade antibacteriana por meio de mecanismos que envolvem a inibição da atividade enzimática, precipitação de proteínas de membrana e depleção de íons metálicos. Por outro lado, os flavonoides também apresentam atividade antioxidante, a qual é determinada pelas suas características estruturais e propriedades de substituição. À vista disso, devido à sua alta capacidade antioxidante, os flavonóides são frequentemente chamados de fitoestrogênios, o que pode reduzir a incidência de cânceres envolvidos com hormônios. Outrossim, os ácidos fenólicos apresentam uma ação antibacteriana e seu mecanismo associa-se ao fato de que a difusão transmembrana desses ácidos fenólicos pode resultar em acidificação citoplasmática, podendo causar a morte celular em alguns casos.  Casca de Romã e Funções Antioxidantes Compostos antioxidantes adquiridos de alimentos podem reduzir de forma significativa os efeitos adversos das espécies reativas de oxigênio e nitrogênio nas funções fisiológicas normais em humanos. Com isso, estudos mostram a capacidade da romã agir como esse tipo de composto. Exemplificando, um estudo analisou a capacidade antioxidante de extratos aquosos de subprodutos de romã e observaram que este apresentava um conteúdo fenólico total de 134,79 mg equivalentes de ácido gálico (GAEs)/g de extratos. Assim, apresentando um potencial para se tornar matéria-prima para formulações farmacêuticas. Ademais, os extratos da casca de romã mostrou reduzir os níveis de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico, lipoproteína de baixa densidade oxidada peroxidação lipídica e biomarcadores oxidativos associados ao risco cardiovascular em indivíduos saudáveis, exibindo potencial atividade antioxidante.  Casca de Romã e Funções Anti-inflamatórias Na inflamação vários mediadores inflamatórios podem ser observados no local da lesão, dentre eles podemos citar as quimiocinas, citocinas, aminas vasoativas, eicosanóides e produtos da cascata da hidrólise de proteínas. Diante disso, em um modelo animal as propriedade anti-inflamatórias da romã foram observadas na artrite reumatoide após o tratamento com 13,6 mg/kg do extrato de romã, o qual se mostrou potencialmente benéfico para diminuir a interleucina-6 (IL-6) e a interleucina-1 beta (IL-β), diminuindo consequentemente a incidência de artrite. Da mesma forma, em um estudo em pacientes com artrite reumatoide, a atividade da doença foi significativamente reduzida após 8 semanas de suplementação com extratos de casca de romã. Além disso, a literatura também mostra que em voluntários obesos os extratos de cascas de romã exerceram efeitos anti-inflamatórios reduzindo significativamente os marcadores inflamatórios, como o malondialdeído (MDA), IL-6 e proteína C reativa hipersensível (hs-CRP).  Casca de Romã e Funções Antibacteriana O potencial antibacteriano da romã pode ser atribuído aos compostos fenólicos, com potencial para prevenir ou tratar infecções. Resumidamente, isso é resultado da  sua capacidade de precipitar proteínas de membrana e inibir a atividade enzimática, levando à morte bacteriana e exercendo os efeitos antibacterianos. Estudos mostram que a absorção de extratos de casca de romã efetivamente inibiu Listeria monocytogenes , Staphylococcus aureus , Escherichia coli e Yersinia pestis na colite do intestino delgado.  Prática Clínica Apesar das limitações de artigos associando a romã e suas possíveis funções fisiológicas, essa fruta apresenta um potencial uso terapêutico de efeitos potencialmente benéficos ao melhorar os biomarcadores de doenças específicas. Os efeitos reais da aplicação clínica requerem mais estudos na população geral por meio de ensaios controlados randomizados e bem delineados. Apesar disso, a romã pode ser uma fonte dietética natural de fibras alimentares e de vários compostos fenólicos.  Referências Bibliográficas Sugestão de leitura: Compostos bioativos Assista o vídeo na Science Play: Estratégias Nutricionais e Compostos Bioativos Associados a Recuperação Muscular Artigo Romã e compostos bioativos : Mo Y, Ma J, Gao W, et al. Pomegranate Peel as a Source of Bioactive Compounds: A Mini Review on Their Physiological Functions. Frontiers in Nutrition. 2022;9. doi:https://doi.org/10.3389/fnut.2022.887113 Classifique esse post #antiinflamatorio #antioxidante #nutricaofuncional #antibacteriano #roma #cascaderoma