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Como a Microbiota Intestinal Pode Reduzir Impactos da Privação de Sono?

Brunno Falcão

3 min

25 de ago. de 2024

A privação de sono afeta milhões de pessoas, prejudicando a cognição e o desempenho físico. Além disso, está associada a doenças inflamatórias, metabólicas, neurológicas e psiquiátricas. Nesse contexto, a microbiota intestinal desempenha um papel crucial na resposta imunológica e na função cerebral. Alterações na microbiota estão ligadas a doenças como transtorno do espectro autista, depressão e esquizofrenia, e também influenciam a memória. Portanto, a privação de sono pode causar disbiose intestinal, modificando a microbiota e intensificando a inflamação, o que contribui para déficits cognitivos. Impacto da Privação de Sono na Cognição e Inflamação A privação de sono prejudica a função cognitiva e ativa intensamente vias inflamatórias no corpo. Especificamente, ela provoca uma desaceleração significativa nos tempos de reação e aumenta a ocorrência de lapsos em testes cognitivos. Além disso, os níveis de cortisol aumentam, ativando o fator NF-κB e elevando as respostas inflamatórias. Isso resulta em um aumento de citocinas pró-inflamatórias e redução de citocinas anti-inflamatórias. O aumento das concentrações de LPS sugere uma ativação da via LPS/TLR4, exacerbando a resposta inflamatória. Portanto, o microbioma intestinal tem um papel importante na modulação da resposta inflamatória e da função cognitiva durante a privação de sono. Disbiose Intestinal Causada pela Privação de Sono O intestino é composto por inúmeras bactérias. A disbiose, por outro lado, refere-se ao desequilíbrio entre bactérias benéficas e patogênicas. Assim, a privação de sono provoca alterações significativas na diversidade e composição do microbioma intestinal. Essas mudanças incluem uma redução em bactérias como Prevotella , Sutterella , Parasutterella , Alloprevotella , Anaeroplasma e Elusimicrobium , que produzem ácidos graxos de cadeia curta (AGCC). Como resultado, há uma diminuição nos níveis de acetato, propionato e butirato, importantes para a regulação da inflamação. Além disso, estudos mostram deterioração da integridade intestinal e aumento da permeabilidade da barreira hematoencefálica. Em suma, a privação de sono pode levar à disbiose intestinal e a alterações metabólicas que comprometem as barreiras fisiológicas. Efeitos da Microbiota da Privação de Sono em Modelos Animais Um estudo com camundongos germ-free (GF) revelou que o transplante de “microbioma de privação de sono” aumentou a ativação da via inflamatória TLR4/NF-κB e prejudicou a barreira epitelial intestinal. Consequentemente, os camundongos que receberam o microbioma de privação de sono apresentaram elevações nos níveis inflamatórios de IL-6, IL-1β e TNF-α, aumento da permeabilidade intestinal e diminuição na expressão de proteínas que mantêm a integridade da barreira intestinal. Esses resultados sugerem que o microbioma de privação de sono exacerba a inflamação e danifica a barreira intestinal. Além disso, a análise do microbioma em camundongos que receberam transplante fecal de indivíduos com privação de sono revelou diferenças significativas na composição microbiana, com redução nos níveis de ácidos graxos de cadeia curta. Isso sugere que a microbiota associada à privação de sono pode induzir disbiose e afetar negativamente a função intestinal. Impacto na Neuroinflamação e Cognição O mesmo estudo investigou o impacto da microbiota intestinal na neuroinflamação e função cognitiva. Transplantes de fezes de humanos após 40 horas de privação de sono para camundongos GF aumentaram os níveis de citocinas pró-inflamatórias (IL-1β e IL-6) e diminuíram as citocinas anti-inflamatórias (IL-10) no hipocampo dorsal e córtex pré-frontal medial dos camundongos. Houve também aumento na ativação microglial e na permeabilidade da barreira hematoencefálica, evidenciada pelo aumento de S100β no soro. Além disso, os camundongos apresentaram pior desempenho em testes cognitivos. Esses resultados sugerem que a microbiota alterada pela privação de sono pode desencadear neuroinflamação e deterioração cognitiva. Prática Clínica A privação de sono altera a microbiota intestinal, aumentando a inflamação e prejudicando a cognição. Para minimizar esses efeitos, recomenda-se uma dieta anti-inflamatória rica em alimentos integrais, frutas, vegetais, peixes gordurosos, nozes e sementes. Além disso, alimentos antioxidantes e ricos em ômega-3, como frutas vermelhas e salmão, também são benéficos. Por outro lado, ácidos graxos de cadeia curta (AGCCs) podem ser aumentados pelo consumo de fibras solúveis, fortalecendo a barreira intestinal e reduzindo a inflamação. Ademais, o uso de probióticos, como Lactobacillus e Bifidobacterium , ajuda a equilibrar a microbiota intestinal. Outras estratégias incluem hidratação adequada, redução de açúcares e alimentos processados, ingestão de prebióticos, atividade física regular e gerenciamento do estresse. Continue estudando…

Sugestão de estudo: Impactos da Alimentação na Microbiota Intestinal Sugestão de estudo: Microbiota e sono: como interagem? Sugestão de estudo: Qual a Relação da microbiota intestinal com as DIIs? Referências Bibliográficas Wang, Z., Chen, WH., Li, SX. et al.   Gut microbiota modulates the inflammatory response and cognitive impairment induced by sleep deprivation . Mol Psychiatry  26, 6277–6292 (2021). https://doi.org/10.1038/s41380-021-01113-1