Sabe-se que além do conteúdo dietético (ingestão de energia e nutrientes), várias linhas de evidência agora sugerem que a crononutrição (interação entre nutrição e ritmo circadiano) também pode ter um grande impacto na gravidez.
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Ritmo Circadiano
O ritmo circadiano humano refere-se a alterações fisiológicas, moleculares e comportamentais com duração de ciclo de aproximadamente 24 horas. Nos humanos, o “relógio mestre” do ritmo circadiano está localizado no núcleo supraquiasmático (SCN) do hipotálamo anterior, que é regulado principalmente pelos ciclos de luz/escuridão para sincronizar o corpo com o ciclo de luz.
Além disso, existem “relógios periféricos” no intestino, fígado, órgãos endócrinos, tecido adiposo e músculo esquelético, que têm seus próprios relógios biológicos, mas também são regulados pelo núcleo supraquiasmático. O tempo, a frequência e a regularidade da alimentação são fatores importantes na determinação da fase dos relógios periféricos.
Qual o Risco de Pular Refeições?
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição de 2007-2016, as pessoas que pularam o café da manhã, almoço ou jantar tiveram uma dieta de menor qualidade e uma maior ingestão de energia nas refeições subsequentes.
Dois estudos descobriram que pular refeições durante a gravidez pode levar ao aumento da produção de cortisol. À medida que os níveis de cortisol materno aumentam, a produção placentária de CRH também aumenta, o que, por sua vez, aumenta o risco de parto prematuro.
Além disso, a perda de apetite pode ser um sinal potencial de que o trabalho de parto está se aproximando. Portanto, a relação causal entre pular refeições e parto espontâneo requer uma investigação mais aprofundada.
Comer Noturno na Crononutrição
O comer à noite pode levar a uma diminuição na secreção de melatonina, que pode resultar em má qualidade do sono. Durante a gravidez, o pico dos níveis de melatonina materna aumenta gradualmente cerca de quatro vezes a partir de 24 semanas de gestação até o nascimento. A melatonina protege o crescimento e o desenvolvimento fetal por meio de seus efeitos antioxidantes e homeostáticos da placenta.
Portanto, a secreção reduzida de melatonina devido à interrupção dos ritmos circadianos pelo comportamento alimentar noturno também pode aumentar o risco de parto prematuro. Além disso, comer em um horário que não esteja alinhado com o ritmo circadiano natural pode resultar em maior risco de obesidade e distúrbios metabólicos.
Frequência das Refeições na Crononutrição
Globalmente, cerca de 32,4 milhões de mulheres grávidas são anêmicas, e as taxas são mais altas em países de baixa renda. Estudos relacionam que a menor frequência de refeições em mulheres grávidas estava associada a um risco aumentado de anemia e parto prematuro, respectivamente. Além disso, entre os pacientes com diabetes mellitus gestacional, seis refeições por dia levaram a um melhor controle glicêmico do que três refeições por dia.
Prática Clínica
O artigo mostra que pular refeições, comer à noite e a quantidade de refeições ao longo do dia durante a gravidez geralmente estava relacionado a resultados maternos e de nascimento adversos, como risco de parto prematuro espontâneo, insônia, estado nutricional materna prejudicada e metabolismo da glicose prejudicado.
Referências Bibliográficas
Sugestão de estudo: Será que a alimentação pode impactar num sono ruim em indivíduos atletas? – Science Play
Assista o vídeo na Science Play com Fabrício de Paula: Crononutrição
Artigo: Chen Y-E, Loy SL, Chen L-W. Chrononutrition during Pregnancy and Its Association with Maternal and Offspring Outcomes: A Systematic Review and Meta-Analysis of Ramadan and Non-Ramadan Studies. Nutrients. 2023; 15(3):756. https://doi.org/10.3390/nu15030756
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