Microbiota Intestinal Infantil e os Impactos Na Saúde
Brunno Falcão
4 min
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17 de ago. de 2024
A microbiota intestinal desempenha um papel crucial no crescimento e desenvolvimento adequado dos seres humanos ao longo da infância e adolescência. Além disso, a composição microbiana do intestino pode fornecer informações valiosas sobre a formação das comunidades microbianas e as possíveis vulnerabilidades a distúrbios na ecologia microbiana, como infecções recorrentes por Clostridium difficile . Nesse sentido, pesquisas recentes sobre as características fundamentais do microbioma, especialmente em relação ao metabolismo de carboidratos e aminoácidos, estão oferecendo novos insights . Esses insights têm o potencial de contribuir para o desenvolvimento de novas terapias ou estratégias preventivas para condições como a doença inflamatória intestinal (DII) e a síndrome do intestino irritável (SII). Como se inicia o desenvolvimento do microbioma infantil Durante o primeiro ano de vida de um bebê, o microbioma neonatal passa por um processo de amadurecimento e evolução, transformando-se em um microbioma mais complexo e com uma composição mais próxima daquela encontrada em um trato gastrointestinal adulto. Esse processo de maturação inclui o enriquecimento das comunidades microbianas com os grupos bacterianos predominantes, como Bacteroidetes e Firmicutes . Desse modo, o microbioma do bebê se prepara para uma dieta mais complexa, típica da vida adulta, mesmo antes da introdução de alimentos sólidos. Com a introdução desses alimentos na dieta do bebê, ocorre uma alteração contínua na composição microbiana do intestino, resultando em um aumento significativo na abundância de Bacteroidetes . Além dessas mudanças, há também um aumento nos níveis de ácidos graxos de cadeia curta nas fezes e uma maior expressão de genes envolvidos no metabolismo de carboidratos e na biossíntese de vitaminas. Portanto, essas adaptações indicam que o microbioma está cada vez mais preparado para lidar com a dieta variada e complexa que será introduzida à medida que o bebê cresce. Impacto no Desenvolvimento do Cérebro O cérebro humano experimenta um crescimento acelerado durante o período perinatal, e esse crescimento está diretamente ligado a mudanças significativas na microbiota materna. À medida que as populações de Proteobactérias e Actinobactérias aumentam, juntamente com uma redução na diversidade microbiana, a gestação avança do primeiro para o terceiro trimestre. Essas mudanças na microbiota materna desempenham um papel crucial ao facilitar o armazenamento de energia e promover um desenvolvimento fetal saudável. Causas de ansiedade e Depressão O eixo cérebro-intestino-microbiota é uma via de comunicação complexa que conecta o sistema nervoso central (SNC), o sistema nervoso entérico e a microbiota intestinal. Essa interação pode influenciar significativamente a saúde mental, incluindo condições como ansiedade e depressão. De fato, as conexões entre esses sistemas permitem que sinais do cérebro afetem diretamente a motilidade, a função sensorial e a secreção do trato gastrointestinal. Da mesma forma, a sinalização do trato intestinal pode impactar a função cerebral. Por exemplo, alterações na composição da microbiota intestinal podem desencadear uma série de respostas neuroquímicas e inflamatórias que afetam o cérebro. Um exemplo disso são os desequilíbrios na microbiota intestinal, que levam a alterações na produção de neurotransmissores e nos níveis de hormônios do estresse. Portanto, esses fatores contribuem para sintomas de ansiedade e depressão. Outras doenças agravadas por um microbioma inadequado A doença inflamatória intestinal (DII), que abrange a doença de Crohn e a colite ulcerativa, está associada a um microbioma disbiótico (em desequilíbrio). Além disso, evidências do impacto do microbioma em várias condições de saúde são observadas na síndrome do intestino irritável, alergias, asma, obesidade, transtorno do espectro autista, entre outras. Prática Clínica Na prática clínica, para tratar doenças inflamatórias intestinais e promover uma microbiota saudável, é recomendável adotar estratégias que melhorem a saúde intestinal. A inclusão de fibras, prebióticos e probióticos na dieta dos pacientes pode ser muito benéfica. Esses nutrientes são essenciais para restaurar o equilíbrio microbiano e melhorar a saúde intestinal. Portanto, é importante orientar os pacientes a consumir alimentos ricos nesses componentes. Além disso, é fundamental reduzir o consumo de alimentos processados e açúcares. Limitar esses itens pode ajudar a minimizar inflamações e a manter um microbioma mais equilibrado. Desse modo, a saúde intestinal pode ser significativamente melhorada. Outro ponto crucial é personalizar a dieta de cada paciente, pois, ajustar a dieta às necessidades individuais garante uma abordagem mais eficaz e direcionada, promovendo melhores resultados para a saúde intestinal. Por fim, é essencial manter-se atualizado sobre novos tratamentos e terapias. Novas abordagens podem oferecer alternativas adicionais para melhorar a saúde intestinal, assim, é possível proporcionar opções mais avançadas e eficazes para os pacientes. Ao implementar essas práticas, contribui-se para um microbioma saudável e a redução de sintomas inflamatórios, promovendo uma saúde intestinal otimizada ao longo da vida. Continue estudando... Sugestão de estudo: O Papel do Microbioma e Fatores Ambientais no Desenvolvimento Infantil Sugestão de estudo: A Mãe Influencia na Microbiota da Criança? Sugestão de estudo: O Papel dos Simbióticos na Modulação da Microbiota Intestinal para o Tratamento da Obesidade Referências bibliográficas Ihekweazu, F. D., & Versalovic, J. (2018). Development of the Pediatric Gut Microbiome: Impact on Health and Disease . The American journal of the medical sciences , 356 (5), 413–423. https://doi.org/10.1016/j.amjms.2018.08.005