Jejum Intermitente e Marcadores Inflamatórios: Existe relação?

A obesidade é frequentemente associada à inflamação crônica de baixo grau . Portanto, r eduzir o peso através da restrição alimentar em cerca de 5-10% do peso inicial desempenha um papel importante na diminuição da inflamação crônica e na expressão de genes pró-inflamatórios . Por esse motivo, o jejum intermitente tem sido amplamente adotado como um regime alimentar para perda de peso nos últimos anos. Table of Contents Toggle Inflamação e Obesidade Jejum Intermitente nas Concentrações Circulantes de PCR Jejum Intermitente nas Concentrações Circulantes de TNF-alfa Jejum Intermitente nas Concentrações Circulantes de IL-6 Prática Clínica Referências Bibliográficas Inflamação e Obesidade Pessoas com obesidade têm níveis circulantes de proteína C reativa (PCR), fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa) e interleucina-6 (IL-6) duas a três vezes maiores do que aqueles com peso normal. Sendo o tecido adiposo branco a principal fonte de inflamação associada à obesidade, os quais sob estresse metabólico, aumentam a produção de muitas citocinas inflamatórias e moléculas quimioatraentes que ativam e recrutam células imunológicas residentes e não residentes. As células imunológicas residentes e não residentes, como linfócitos T e macrófagos, mantêm o estado inflamatório no tecido adiposo branco. Se não forem controladas, as citocinas pró-inflamatórias produzidas pelo tecido adiposo interrompem a sinalização da insulina, o que pode levar ao desenvolvimento de resistência à insulina e, eventualmente, ao diabetes tipo 2. Jejum Intermitente nas Concentrações Circulantes de PCR O PCR é uma proteína produzida pelo fígado em resposta a fatores liberados por macrófagos e adipócitos, e sua principal função é marcar células mortas ou moribundas e ativar a resposta imune. Isso inclui a ativação da expressão de citocinas pró-inflamatórias. Embora esse processo seja importante, elevações crônicas de PCR estão associadas à resistência à insulina e ao risco de diabetes tipo 2. Assim sendo, a medição da inflamação decorrente de enfermidades crônicas, infecções ou traumas é uma prática habitual nos meios médicos por meio do teste da PCR. A versão de alta sensibilidade desse teste (hs-PCR) é mais apurada do que a PCR convencional, permitindo a identificação de variações mais sutis na PCR. Com isso, foi demonstrado que em adultos com obesidade, a redução de peso tem um efeito benéfico na diminuição das concentrações de PCR e hs-PCR. De acordo com uma meta-análise, a cada 1 kg de perda de peso, a concentração média de PCR diminui em 0,13 mg/L. Como resultado, a perda de peso pode ser uma medida não medicamentosa eficiente para diminuir os níveis dessa substância inflamatória. Jejum Intermitente nas Concentrações Circulantes de TNF-alfa O TNF-alfa é uma citocina pró-inflamatória que é produzida em resposta ao recrutamento e ativação de células imunes no tecido adiposo branco. Concentrações mais elevadas de TNF-alfa no plasma têm sido associadas ao desenvolvimento de resistência à insulina. Em particular, o excesso de TNF-alfa interfere na transdução do sinal de insulina para a captação de glicose no músculo esquelético, levando à resistência à insulina. Estudos mostraram que a perda de peso corporal reduz os níveis circulantes de TNF-alfa em adultos com obesidade. No entanto, há evidências acumuladas sugerindo que é necessário uma perda de peso de pelo menos 10% para observar reduções benéficas nesse marcador inflamatório. Jejum Intermitente nas Concentrações Circulantes de IL-6 A interleucina-6 (IL-6) é uma citocina pró-inflamatória que contribui para o desenvolvimento de resistência à insulina. Além disso, a gordura visceral produz e secreta quase três vezes mais IL-6 do que a gordura subcutânea. Esta, por sua vez, prejudica a fosforilação do receptor de insulina, o que resulta em resistência à insulina. Estudos têm demonstrado que a redução de peso corporal e de gordura visceral pode diminuir os níveis de IL-6 em indivíduos com obesidade, embora os resultados variem. Até o momento, não foi estabelecido um limite de perda de peso que resulte em reduções significativas nos níveis de IL-6. Prática Clínica Os resultados indicam que o jejum intermitente tem pouco ou nenhum efeito sobre as principais citocinas pró-inflamatórias circulantes. Embora o jejum em dias alternados tenha mostrado uma diminuição na proteína C reativa plasmática quando a perda de peso foi superior a 6%, não houve efeito sobre o TNF-alfa ou a IL-6. No caso do jejum com restrição de tempo de alimentação, não foram observadas alterações em nenhum parâmetro inflamatório (PCR, TNF-alfa ou IL-6), mesmo com uma perda de peso de 5%. Com isso, é importante ressaltar que os dados nesta área ainda são limitados, o que torna necessária a realização de mais pesquisas. Referências Bibliográficas Sugestão de leitura: Jejum Intermitente: Bom pra quem? Assista o vídeo na Science Play: Jejum intermitente e Low Carb na Hipertrofia Artigo Jejum intermitente : Mulas A, Cienfuegos S, Ezpeleta M, Lin S, Pavlou V, Varady KA. Effect of intermittent fasting on circulating inflammatory markers in obesity: A review of human trials. Frontiers in Nutrition. 2023;10. doi:https://doi.org/10.3389/fnut.2023.1146924 Classifique esse post #inflamção #jejumintermitente #obesidade