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Ácidos Graxos Ômega-3 na Inflamação e Doenças Autoimunes

Brunno Falcão

3 min

10 de jul. de 2024

A descoberta inicial do papel crucial da ingestão dietética de ácidos graxos poli-insaturados ômega-3 (PUFAs) na modulação da inflamação surgiu de observações epidemiológicas, destacando a baixa incidência de doenças autoimunes e inflamatórias em populações como os esquimós da Groelândia em comparação com grupos semelhantes na Dinamarca.  Modulação das Respostas Inflamatórias pelo Ácido Eicosapentaenoico (EPA) dos Ômega-3 Os ácidos graxos ômega-6 são predominantes na dieta ocidental, enquanto os ácidos graxos ômega-3, encontrados em peixes e óleo de peixe, competem com os ômega-6 na formação de prostaglandinas . O ácido eicosapentaenóico (EPA) dos ômega-3 modula o metabolismo das prostaglandinas, reduzindo a inflamação e o risco de trombose. A pesquisa indica que suplementos dietéticos com ômega-3 melhoram condições inflamatórias como artrite reumatoide e asma, além de potencialmente atuarem em sinergia com medicamentos anti-inflamatórios. A incorporação rápida dos ômega-3 nas membranas celulares sugere impactos significativos na função celular e na saúde cardiovascular. Os ácidos graxos ômega-3 demonstraram suprimir a síntese de citocinas pró-inflamatórias, como interleucina-1 (IL-1) e fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), em estudos com voluntários saudáveis e pacientes com doenças inflamatórias. A suplementação de ômega-3 resulta na redução da capacidade dos monócitos de produzir IL-1β e TNF-α, sugerindo um efeito benéfico na modulação da resposta imune. Além disso, estudos indicam que os ômega-3 podem atuar sinergicamente com medicamentos anti-inflamatórios, oferecendo potencial terapêutico sem os efeitos colaterais associados aos tratamentos convencionais. Essas descobertas suportam o uso de ômega-3 como adjuvantes no tratamento de condições inflamatórias crônicas, incluindo artrite reumatoide, asma e doenças autoimunes. A relação entre inflamação e aterosclerose é fundamental para entender as doenças cardiovasculares. Mecanismos compartilhados, como a adesão de leucócitos ao endotélio vascular, são pontos chave nas fases iniciais dessas condições. Estudos mostram uma ligação causal entre inflamação sistêmica e doença arterial coronariana, indicando que a inflamação não apenas marca a presença de aterosclerose, mas aumenta significativamente o risco cardiovascular. Fatores de risco como obesidade, tabagismo e exercício físico intenso influenciam diretamente esses processos inflamatórios, enquanto o exercício moderado e ácidos graxos ômega-3 têm efeitos mitigadores sobre a inflamação e o risco cardiovascular. Mecanismos Compartilhados e Implicações Cardiovasculares Além disso, marcadores inflamatórios como IL-6 e proteína C reativa são elevados em pacientes com doenças arteriais crônicas, correlacionando-se com a gravidade dessas condições. IL-6 desempenha um papel central na resposta inflamatória, sendo produzida por várias células do corpo e associada ao aumento do risco cardiovascular em indivíduos com certos polimorfismos genéticos. A influência dos ácidos graxos ômega-3 na modulação da IL-6 e na resposta inflamatória demonstra potencial terapêutico em condições como artrite reumatoide e doença inflamatória intestinal, onde reduzem marcadores inflamatórios e melhoram sintomas clínicos. Por fim, o equilíbrio entre ácidos graxos ômega-6 e ômega-3 é crucial, não apenas para a saúde cardiovascular, mas também para condições como depressão e asma, onde a proporção adequada pode influenciar a inflamação e a gravidade dos sintomas. Estudos clínicos têm destacado os benefícios dos ácidos graxos ômega-3 na redução da resposta inflamatória em diversas doenças, proporcionando uma abordagem promissora para intervenções dietéticas e terapêuticas. Prática Clínica Com base nas evidências sobre os benefícios dos ácidos graxos poli-insaturados ômega-3 na modulação da inflamação e na redução do risco cardiovascular, recomenda-se considerar a inclusão desses nutrientes na dieta como uma estratégia complementar importante no manejo de condições inflamatórias crônicas, como artrite reumatoide e doenças autoimunes. A suplementação com ômega-3, especialmente o ácido eicosapentaenoico (EPA), pode não apenas ajudar a reduzir marcadores inflamatórios, como IL-6 e TNF-α, mas também potencializar os efeitos dos tratamentos convencionais, oferecendo uma abordagem integrativa para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.  Além disso, a manutenção de um equilíbrio adequado entre ácidos graxos ômega-6 e ômega-3 pode contribuir significativamente para a saúde cardiovascular e o bem-estar geral, ressaltando a importância de uma dieta equilibrada e rica em nutrientes essenciais como parte do cuidado preventivo e terapêutico. Continue estudando.. Sugestão de leitura: Qual a Importância da Proporção de Ácidos Graxos Ômega 6 e Ômega 3? Sugestão de leitura: Ácidos Graxos Sugestão de leitura: Ácidos Graxos Ômega-3 EPA e DHA: Benefícios para a Saúde ao Longo da Vida Referências Bibliográficas Simopoulos AP. Omega-3 fatty acids in inflammation and autoimmune diseases . J Am Coll Nutr. 2002 Dec;21(6):495-505. doi: 10.1080/07315724.2002.10719248. PMID: 12480795.