Neuromodulação e Healthspan: Flexibilidade Autonômica em Foco

O sistema nervoso entérico, frequentemente chamado de "segundo cérebro", controla diretamente o sistema digestivo, regulando, portanto, a fisiologia gastrointestinal. Além disso, o sistema imune interage com o sistema nervoso autônomo (SNA), modulando a resposta imune principalmente através da via neuroimune, onde, em particular, o nervo vago desempenha um papel crucial na modulação da inflamação sistêmica.   Da mesma forma, o sistema endócrino também interage com o SNA, influenciando a liberação de hormônios por meio de suas conexões com o hipotálamo e a hipófise, conhecidas como eixo HPA. Esse sistema, por conseguinte, regula processos fisiológicos importantes através da secreção hormonal, afetando o metabolismo, crescimento, reprodução e resposta ao estresse. Embora não seja possível controlar diretamente o sistema nervoso autônomo, é possível, entretanto, influenciá-lo por meio de diversas práticas e intervenções. Teoria Polivagal Os sistemas do corpo humano explicam muitas das coisas que falamos e sentimos hoje. O sistema vagal ventral é responsável pelos processos de sensação, principalmente de segurança e tranquilidade , representando o estado de calma.  Este sistema promove a conexão e a segurança, predominando as funções de descanso e digestão. Por outro lado,  o sistema simpático corresponde ao estado de luta ou fuga , ativando o sistema de defesa e mobilizando energia para alertar sobre perigos. Já o sistema vagal dorsal retrata o estado de imobilização ou colapso,  marcado por desconexão, paralisia e redução das funções vitais. O ideal é que a pessoa tenha os três sistemas à sua disposição e possa transitar livremente entre eles; caso contrário, é possível que ocorra alguma falha. O sistema vagal ventral , associado à vulnerabilidade, pertencimento, alegria, presença e aterramento, aumenta a digestão, a motilidade intestinal, a resposta imunológica, o descanso e a recuperação , ao mesmo tempo que diminui as respostas de defesa .  Em contraste, o sistema simpático  está ligado ao pânico , medo, ansiedade e irritação, aumentando a pressão arterial, a frequência cardíaca, a disponibilidade de adrenalina  e diminuindo o armazenamento de combustível, a atividade de insulina, a digestão e a salivação. O sistema vagal dorsal , por sua vez, está associado à dissociação, dormência e desamparo, aumentando o armazenamento de combustível, a atividade de insulina e a liberação de endorfinas  que ajudam a anestesiar a dor, enquanto diminui a frequência cardíaca e a pressão arterial. Teoria Polivagal vs. Intestino A ansiedade, a depressão e os transtornos de estresse pós-traumático frequentemente co-ocorrem com distúrbios gastrointestinais funcionais.   Portanto, é importante considerar princípios organizadores para modular os três tipos de sistema: o sistema vagal ventral, que promove segurança e tranquilidade; o sistema simpático, que ativa o estado de luta ou fuga; e o sistema vagal dorsal, que está associado à imobilização e desconexão. Como Avaliar? A variabilidade da frequência cardíaca , analisada através da coleta de dados por wearables, pode indicar o nível de saúde de uma pessoa, sendo que uma maior variabilidade sugere melhor saúde . O objetivo dessa análise é entender o funcionamento do sistema nervoso autônomo e determinar em qual dos 81 tipos ele se encaixa.  Além disso, alterações no nervo vago também são evidenciadas em exames de distúrbios gastrointestinais , pois a modulação exercida pelo nervo vago afeta diretamente o intestino. Tolerância Existe uma janela de tolerância denominada "zona ideal de excitação" . Quando esta zona é ultrapassada para cima, ocorre um estado de hiperexcitação , onde o indivíduo pode se sentir irritado, caótico e hipervigilante devido à desativação do córtex pré-frontal. Por outro lado, se a janela for ultrapassada para baixo, ocorre um estado de hipoexcitação , caracterizado por congelamento ou colapso, onde a pessoa se sente sobrecarregada, emocionalmente entorpecida e anestesiada. Interocepção e Neurocepção Dentro do sistema nervoso autônomo (SNA), existem dois sistemas complementares — a interocepção e a neurocepção  — que trabalham em conjunto para manter o equilíbrio homeostático do organismo . A interocepção , responsável pela ligação do corpo com a mente, é o sistema que recebe e interpreta informações sobre o estado interno do corpo , incluindo a atividade dos órgãos, músculos e sistemas corporais. Ela desempenha um papel crucial na homeostase ao realizar ajustes automáticos nos processos fisiológicos. Alguns exemplos de sinais interoceptivos são as sensações que temos no nosso corpo, como frequência cardíaca, temperatura, fome e sede. Por outro lado, a neurocepção  está relacionada com a percepção do ambiente. Ela é o processo pelo qual o sistema nervoso recebe e interpreta informações sobre o ambiente externo , incluindo sinais sociais e emocionais. Além disso, o papel da neurocepção na regulação emocional permite que o organismo responda adequadamente a estímulos potencialmente ameaçadores ou de recompensa no ambiente.  Alguns exemplos de sinais neuroceptivos incluem expressões faciais, tom de voz, linguagem corporal e pistas ambientais, como sons, cheiros e iluminação. A simbiose entre o meio interno e o meio externo , ou seja, entre a interocepção e a neurocepção, ocorre através da integração de informações e da regulação mútua , gerando, assim, um equilíbrio homeostático saudável. Tratamento A hierarquia autonômica é composta por três estados principais: vagal ventral, simpático e vagal dorsal, cada um com suas características específicas de regulação fisiológica e emocional. A neurocepção e interocepção referem-se à capacidade do sistema nervoso em detectar sinais de segurança, perigo e ameaça, influenciando diretamente a regulação emocional através de técnicas como neuromodulação, fotobiomodulação e terapias de toque sutil.  Além disso, a co-regulação envolve a necessidade de um outro organizador para auxiliar na conquista de estados de segurança e conexão.  Para isso, é crucial determinar em que ponto e classificação a pessoa se encontra, adaptando as abordagens para colocá-la em uma emoção adequada.   Recomenda-se registrar em papel quais atividades e situações geram bem-estar ou desconforto, facilitando uma análise periódica para identificar práticas que contribuam para o equilíbrio emocional. Adicionalmente, além das terapias tradicionais, como a fotobiomodulação  que utiliza o espectro de luz para energizar o corpo em momentos de baixa motivação para outras atividades, existem abordagens como microfisioterapia, terapia manual evolutiva, dermoneuromodulação, prática neuro sensorial e terapia crânio-sacral.  Todas essas terapias são voltadas para promover o equilíbrio e bem-estar emocional através de intervenções físicas sutis e específicas. Fotobiomodulação Os mecanismos de ação da fotobiomodulação incluem o aumento da produção de ATP, a redução da inflamação, a estimulação da cicatrização e a melhora da circulação sanguínea.  Isso ocorre porque a exposição à luz vermelha e infravermelha estimula as mitocôndrias a produzirem mais ATP, a principal molécula de energia das células, melhorando assim a função celular e promovendo a reparação tecidual. Além disso, a fotobiomodulação possui efeitos anti-inflamatórios  ao modular a liberação de mediadores inflamatórios e aumentar a produção de substâncias antioxidantes.  Adicionalmente, a luz vermelha e infravermelha acelera a regeneração dos tecidos , estimulando a proliferação de fibroblastos, a síntese de colágeno e a angiogênese. Por fim, a fotobiomodulação pode aumentar o fluxo sanguíneo local, melhorando a oxigenação e a nutrição dos tecidos. Mecanismos da fotobiomodulação já que cada luz tem um objetivo diferente: Metabolismo Fluxo sanguíneo Neuroproteção  Estresse oxidativo Anti-inflamatório Neurogênese Sinaptogênese Células tronco Ritmos gamma

Prática Clínica Vale ressaltar que tudo depende da própria vontade do paciente em querer mudar e cuidar da saúde futura . Além disso, é importante realizar os tratamentos de maneira multidisciplinar para garantir melhores resultados na melhoria do quadro do paciente. “Healthspan em todas as idades, independente da saúde ou da doença” Continue estudando.. Sugestão de leitura: Biomarcadores Clínicos da Longevidade: O Desafio da Atualidade Sugestão de leitura: Otimizando os nutrientes para promoção de saúde mental