Modelos de Regulação Emocional em Pacientes com Comer Emocional
Brunno Falcão
2 min
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14 de jun. de 2024
O Comer Emocional foi um termo definido por Bruch em 1964, referindo-se ao hábito de comer excessivamente em resposta a afetos negativos sem especificidade, como estados de espírito ou emoções particulares . Essa fome emocional difere da fome física por surgir abruptamente, com um desejo específico por certos alimentos, geralmente hiperpalatáveis. O indivíduo come em grande quantidade, não se sente satisfeito e, logo após a ingestão, sente culpa e/ou vergonha por ter comido. Independentemente de uma dieta ou restrição calórica, o Comer Emocional resulta de uma consciência deficitária dos estados internos de fome, saciedade e humor, além de estar associado à alexitimia (dificuldade em identificar e descrever sentimentos) e a estra tégias deficientes de regulação emocional. Estratégias de Regulação Emocional Existem dois tipos de regulação emocional: Reavaliação – focada no antecedente: A reavaliação ocorre no início do processo emocional e tem o potencial de modificar toda a sequência emocional antes que as tendências de resposta emocional estejam totalmente formadas. Isso sugere que a reavaliação pode demandar menos recursos cognitivos adicionais para ser implementada, tornando-a uma estratégia mais eficiente para a gestão das emoções. Supressão – focada na resposta: A supressão acontece mais tarde no processo de geração de emoções e modifica principalmente o aspecto comportamental das tendências de resposta emocional, sem diminuir diretamente a experiência de emoção negativa. Isso permite que a emoção persista e se acumule sem resolução. Por ser uma etapa tardia no processo emocional, a supressão exige que o indivíduo gerencie ativamente as tendências de resposta emocional à medida que surgem continuamente. Esses esforços repetidos consomem recursos cognitivos que poderiam ser utilizados de forma mais eficaz em outros aspectos do desempenho social. Ademais, é importante notar que a reavaliação não apenas modifica a resposta emocional, mas também pode envolver uma reconstrução cognitiva da situação, oferecendo uma perspectiva diferente sobre o evento emocional. Por outro lado, a supressão emocional não aborda diretamente as cognições subjacentes à emoção, focando-se principalmente na expressão comportamental. Isso pode resultar em uma discrepância entre a experiência interna e a expressão externa, levando a sentimentos de inautenticidade e alienação, o que pode prejudicar ainda mais os relacionamentos interpessoais e o bem-estar emocional. Em indivíduos com comer emocional, a estratégia de supressão está positivamente associada ao desenvolvimento e perpetuação desse comportamento. Prática Clínica O tratamento para pacientes com Comer Emocional deve se concentrar em uma resposta mais adequada às emoções, capacitando-os em habilidades de regulação emocional, como a reavaliação. Além disso, consistente com os princípios da teoria cognitiva social, o tratamento enfatiza o apoio no uso de habilidades de autorregulação para superar barreiras como progresso lento, desconforto físico e pressões sociais. É essencial a conscientização do progresso por meio de registros diligentes e o reconhecimento da necessidade de consistência nas mudanças comportamentais básicas. Continue Estudando... Sugestão de Estudo: Qual a Relação Entre Obesidade e Depressão? Sugestão de Estudo: Ferramentas de Coaching para a Verdadeira Adesão do Paciente Sugestão de Estudo: Sono e Obesidade: É possível Correlacionar? Referências Bibliográficas JOHN, Oliver P.; GROSS, James J.. Healthy and Unhealthy Emotion Regulation: personality processes, individual differences, and life span development . Journal Of Personality , [S.L.], v. 72, n. 6, p. 1301-1334, 28 out. 2004. Wiley.