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O aspartame deverá ser declarado como cancerígeno pela Organização Mundial de Saúde

Brunno Falcão

4 min

4 de jul. de 2023

E mais uma vez o assunto do momento será o aspartame nos próximos dias. Pois ele possivelmente deverá entrar ainda neste mês de julho para a lista da OMS (Organização Mundial da Saúde) dos possíveis causadores do câncer, é o que disseram fontes exclusivas da IARC à Reuters.  Table of Contents Toggle Aspartame: O que é? O que o estudo trás sobre o aspartame? Como funciona a lista da IARC? Prática Clínica Educação e Conscientização Opções Naturais de Adoçantes Moderação no Consumo Referências Bibliográficas Aspartame: O que é? O aspartame é um composto orgânico de função mista que foi descoberto em 1965 e possui a estrutura mostrada abaixo, sendo composto por dois aminoácidos (L-fenilalanina e L-aspártico) ligados por um éster de metila (metanol). Ele é um dos adoçantes sintéticos mais utilizados na indústria pois é bem aceito pelos usuários não possuindo retrogosto, sendo um substituto para o açúcar. Classifica-se como edulcorante, ou seja, é toda substância que confere sabor doce ao alimento e/ou ressalta ou realça o sabor/aroma de um alimento. Em valores calóricos ele tem calorias similares ao do açúcar de mesa, porém como ele adoça em torno de 180-200x mais que açúcar comum, a proporção utilizada nos alimentos acaba sendo consideravelmente menor. Ele é muito conhecido entre a população por compor a lista de ingredientes da ‘’Coca Cola’’ e outros diversos produtos sendo mais comum em bebidas. O que o estudo trás sobre o aspartame? Após a revisão de 1.300 estudos, os especialistas classificaram o aspartame como um possível risco, mas não estabeleceram uma quantidade segura para seu consumo. Existem evidências limitadas de que o adoçante pode ser carcinogênico em humanos, baseadas em estudos com animais e fortes indícios sobre suas características. Essa decisão da IARC buscou avaliar se determinados produtos alimentícios possuem perigo potencial ou não, sendo baseado em todas as evidências científicas publicadas. Essa decisão será benéfica para a população, indústria e ciência, pois como aconteceu anteriormente, levou a indústria a recriar novas receitas, alterando os ingredientes de seus rótulos e também fomentou as pesquisas relacionadas ao tema. Um representante da IARC afirmou que as conclusões dos comitês IARC e JECFA eram sigilosas até julho. No entanto, ele enfatizou que essas conclusões eram “complementares”, sendo que a IARC representava “o primeiro passo crucial na compreensão da capacidade carcinogênica”. O comitê de aditivos realiza uma análise de risco, a qual determina a possibilidade de ocorrência de um tipo específico de dano (como o câncer) em determinadas condições e níveis de exposição. Ao longo de muitos anos, o aspartame tem sido objeto de extensas pesquisas. Recentemente, um estudo observacional realizado na França, envolvendo 100.000 adultos, revelou que aqueles que consumiam quantidades consideráveis de adoçantes artificiais, incluindo o aspartame, apresentavam um leve aumento no risco de desenvolver câncer. Em seguida, um estudo conduzido pelo Instituto Ramazzini, na Itália, nos primeiros anos 2000, sugeriu uma associação entre o aspartame e certos tipos de câncer em camundongos e ratos. No entanto, o primeiro estudo não conseguiu estabelecer de forma conclusiva que o aspartame é a causa desse aumento no risco de câncer, e surgiram questionamentos sobre a metodologia empregada no segundo estudo, inclusive por parte da EFSA (Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar), que o avaliou.

Os anúncios oficiais devem ser feitos pela Iarc e por um comitê separado de especialistas em aditivos alimentares juntamente com uma publicação na revista médica Lancet Oncology em 14 de julho. Como funciona a lista da IARC? A lista da IARC (International Agency for Research on Cancer) divide as substâncias em diferentes categorias com base em sua capacidade de causar câncer em seres humanos. A classificação é realizada por um grupo de especialistas em câncer que revisam evidências científicas disponíveis sobre cada substância. A lista é dividida da seguinte forma: Grupo 1: Agentes carcinogênicos para humanos: Essa categoria inclui substâncias para as quais existe evidência convincente de que são carcinogênicas para os seres humanos. Essas substâncias são consideradas como causadoras de câncer. Grupo 2A: Agentes provavelmente carcinogênicos para humanos: Nessa categoria estão incluídas substâncias que provavelmente possuem capacidade carcinogênica em humanos, embora as evidências sejam menos conclusivas do que no Grupo 1. Grupo 2B: Agentes possivelmente carcinogênicos para humanos: Essa categoria abrange substâncias que têm uma possibilidade de serem carcinogênicas em humanos, mas as evidências são limitadas ou inconclusivas. Grupo 3: Agentes não classificáveis quanto à carcinogenicidade para humanos: Essa categoria inclui substâncias para as quais as evidências disponíveis são insuficientes para determinar se são carcinogênicas em humanos. Grupo 4: Agentes provavelmente não carcinogênicos para humanos: Nessa categoria estão incluídas substâncias que provavelmente não têm capacidade carcinogênica em humanos, com base nas evidências disponíveis. A classificação na lista da IARC é um processo contínuo, e as substâncias são revisadas e atualizadas conforme novas evidências científicas surgem. É importante ressaltar que a presença de uma substância em uma determinada categoria não significa necessariamente que ela seja segura ou livre de riscos, mas indica o nível de evidência atualmente disponível sobre sua capacidade carcinogênica em humanos. Prática Clínica Aqui estão algumas dicas do que você nutricionista pode fazer em sua prática clínica para substituir o uso de adoçantes artificiais: Educação e Conscientização O primeiro passo é educar e conscientizar os pacientes sobre os riscos associados ao consumo excessivo de adoçantes artificiais. Explique os efeitos negativos desses adoçantes na saúde e incentive a redução gradual do consumo.  Opções Naturais de Adoçantes Ajude os pacientes a identificar e incorporar alternativas naturais aos adoçantes artificiais. Por exemplo, sugira o uso de frutas maduras, como bananas amassadas ou purê de maçã, para adoçar alimentos e bebidas naturalmente. Stévia, taumatina e MoonSugar® são adoçantes naturais com baixo teor calórico que podem ser considerados. Moderação no Consumo Ao invés de eliminar completamente os adoçantes, oriente seus pacientes a utilizá-los com moderação. Em alguns casos, o uso moderado de adoçantes artificiais pode ser uma alternativa melhor do que o consumo excessivo de açúcar refinado. Ajude seus pacientes a estabelecer limites saudáveis e a controlar a quantidade de adoçante utilizado até que consigam remover completamente, sentindo o sabor natural dos alimentos. Referências Bibliográficas Artificial sweeteners and cancer risk: Results from the NutriNet-Santé population-based cohort study. doi.org/10.1371/journal.pmed.1003950

https://www.reuters.com/business/healthcare-pharmaceuticals/whos-cancer-research-agency-say-aspartame-sweetener-possible-carcinogen-sources-2023-06-29/ Acesso em 04 de julho de 2023

https://gizmodo.uol.com.br/aspartame-linguica-bacon-e-presunto-devem-constar-na-lista-proibida-da-oms/ Acesso em 04 de julho de 2023

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