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O uso de probióticos pode trazer melhora na performance?

Brunno Falcão

3 min

27 de dez. de 2021

A proposição do uso de probióticos começou a ser hipotetizada como possível recurso para melhorar a performance a partir da observação dos possíveis efeitos da microbiota sobre parâmetros de desempenho físico e sabendo-se também que a sua composição tem importante relação com a função de barreira do intestino. Esta última tem papel relevante na homeostase do sistema imune, característica fundamental para indivíduos engajados na prática de exercício físico. Por definição, probióticos são microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem um efeito benéfico à saúde do hospedeiro. Os argumentos para seu uso com fins de melhora de desempenho físico se baseiam na possibilidade das cepas utilizadas, a partir da interação com o sistema imune, reduzirem a incidência de desconfortos gastrointestinais e condições infecciosas muito comuns em atletas que têm um maior nível de atividade física, situações que estão principalmente associadas à maior permeabilidade intestinal. Ao modularem de maneira positiva a função de barreira, assim como a resposta imunológica, o uso dos probióticos poderia possibilitar melhor performance, aderência e intensidade aos treinos, devido à menor incidência das condições adversas que acabam afastando os atletas da rotina de treinamento. Além disso, a modulação do estresse oxidativo, da inflamação e o aumento da absorção de aminoácidos são mecanismos através dos quais cepas probióticas bem selecionadas podem auxiliar na recuperação dos danos musculares causados pelo exercício e na manutenção da integridade da barreira intestinal, com efeitos sistêmicos na melhora da performance. . Os resultados dos estudos nesse campo são mistos. No posicionamento da Sociedade Internacional de Esportes e Nutrição a respeito da suplementação de probióticos, após uma análise do que se tem publicado na área, obteve-se como conclusão que quando probióticos com uma única cepa foram utilizados, como por exemplo Streptococcus thermophilus e Lactobacillus delbrueckii ssp. bulgaricus o benefício para o desempenho foi observado de maneira mais restrita, principalmente a partir de melhora na performance aeróbica, e tal resultado foi visto em apenas um estudo. Já quando múltiplas cepas são suplementadas, os resultados são mais diversos, e incluem tanto modalidades de endurance quanto de treinamento resistido, com cargas: aumento do VO2 máximo e melhora do poder aeróbico, carga de treino e tempo para exaustão. Parâmetros relacionados ao dano muscular também foram objeto de análise em resposta ao uso de probióticos. Parece haver uma melhora na recuperação muscular e diminuição do desgaste após o exercício, porém esses resultados dependem de ingestão proteica adequada concomitante. De forma geral, os mecanismos moleculares específicos através dos quais a suplementação de probiótico pode melhorar o desempenho físico ainda precisam ser mais bem elucidados em humanos, visto que muito do que se sabe das vias propostas foram consolidadas em estudos com animais. Os benefícios da suplementação são propostos tanto para atletas quanto para indivíduos que praticam atividade física para fins de saúde. Mas o que parece ser mais importante é uma adequação da dieta, em termos de fibras e proteínas, principalmente, e da rotina de descanso. Os probióticos devem ser incluídos como um ajuste mais fino, após a base já estar bem estabelecida. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Jäger, R., Mohr, A. E., Carpenter, K. C., Kerksick, C. M., Purpura, M., Moussa, A., … Antonio, J. (2019). International Society of Sports Nutrition Position Stand: Probiotics. Journal of the International Society of Sports Nutrition, 16(1). doi:10.1186/s12970-019-0329-0 Son, J., Jang, L.-G., Kim, B.-Y., Lee, S., & Park, H. (2020). The Effect of Athletes’ Probiotic Intake May Depend on Protein and Dietary Fiber Intake. Nutrients, 12(10), 2947. doi:10.3390/nu12102947 Pane, M., Amoruso, A., Deidda, F., Graziano, T., Allesina, S., & Mogna, L. (2018). Gut Microbiota, Probiotics, and Sport. Journal of Clinical Gastroenterology, 1. doi:10.1097/mcg.0000000000001058 Guarner, F., Khan, A. G., Garisch, J., Eliakim, R., Gangl, A., Thomson, A., … Kim, N. (2012). World Gastroenterology Organisation Global Guidelines. Journal of Clinical Gastroenterology, 46(6), 468–481. doi:10.1097/mcg.0b013e3182549092