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  • Foto do escritorKcal da Science Play

O Zinco e o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) em Crianças e Adolescentes

O Transtorno do Espectro do Autismo é um distúrbio neurodesenvolvimental complexo que afeta a comunicação, a interação social e o comportamento repetitivo. Houve um aumento significativo na prevalência de TEA, que atualmente afeta 1 em cada 160 crianças em todo o mundo. Os fatores etiológicos envolvidos na fisiopatologia do TEA ainda não estão claros. No entanto, relatórios indicam que fatores ambientais, como o aumento da exposição a metais tóxicos e, consequentemente, um perfil alterado de oligoelementos, constituem fatores de risco no desenvolvimento de TEA. Uma revisão recente, publicada em agosto de 2023, avaliou


Na infância e adolescência, o zinco é um componente essencial dos processos que envolvem o crescimento e desenvolvimento, incluindo o desenvolvimento do sistema nervoso. Diante disso, a deficiência nesta fase causa atrasos no desenvolvimento físico e mental, incluindo déficits de aprendizagem, juntamente com diminuição da imunidade. Evidências sugerem uma relação entre os níveis de Zn e a fisiopatologia do TEA. Nesse sentido, alguns estudos têm procurado avaliar o status de Zn em indivíduos com TEA. Uma recente revisão, publicada em agosto de 2023 avaliou o status de zinco em crianças e adolescentes autistas.



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TEA e Zinco na Literatura 


Os estudos foram selecionados a partir de uma busca ativa nas bases de dados PubMed, Scopus, LILACS e Google para estudos observacionais. Foram incluídos 52 estudos de 22 países. O tamanho das amostras variou de 20 a 2635 indivíduos, com idades entre 2 e 18 anos. Os pesquisadores utilizaram nove tipos de matrizes biológicas, sendo cabelo, soro e plasma os mais frequentemente empregados para avaliar as concentrações de zinco. Observam-se diferenças significativas nas concentrações de zinco entre os grupos com TEA e os grupos de controle em 23 estudos, dos quais 19 (36%) indicaram concentrações mais baixas de zinco no grupo com TEA.


De maneira geral, não se observou uma diferença significativa nas concentrações de zinco entre crianças e adolescentes com TEA em comparação com os grupos controles. No entanto, os estudos indicam uma ocorrência de concentrações mais baixas de Zn em indivíduos com TEA. Esta revisão revela que estudos prospectivos com maior rigor metodológico devem ser conduzidos a fim de caracterizar melhor essa relação.


Deficiência de Zinco no TEA


Um aspecto que afeta profundamente a qualidade nutricional dos autistas é o comportamento alimentar rígido e repetitivo. Além disso, a seletividade alimentar muitas vezes resulta em uma dieta dominada por alimentos processados, carboidratos simples, gorduras saturadas e fibra dietética limitada. Que por sua vez, acarreta uma redução na ingestão de proteínas de origem animal e micronutrientes críticos, como o zinco.


Observa-se que baixas concentrações de zinco podem impactar os níveis de atividade na região pós-sináptica dependente de ProSAP1/Shank2 e ProSAP2/Shank3. O gene SHANK3, um componente genético crucial associado ao TEA, desempenha um papel fundamental na expressão de proteínas que estruturam as regiões pós-sinápticas de neurônios excitatórios.


Especula-se que a suplementação pode restaurar os níveis de Shank3 na região pós-sináptica, potencialmente modulando as sinapses excitatórias e, consequentemente, melhorando aspectos do fenótipo do TEA. Além disso, evidências também sugerem que baixas concentrações de Zn têm sido associadas a alterações no crescimento cerebral em indivíduos com TEA.


Alterações Gastrointestinais


O zinco está envolvido na manutenção da integridade da barreira intestinal, que atua como uma barreira protetora contra substâncias indesejadas. Ele contribui para a formação de junções entre as células do revestimento intestinal, reduzindo a permeabilidade e prevenindo a entrada de toxinas e patógenos no corpo. A deficiência de Zn resulta em redução da excreção fecal e aumento da absorção intestinal para manter os níveis plasmáticos e teciduais.


As alterações gastrointestinais são comumente observadas em indivíduos com TEA. Problemas gastrointestinais afetam oito em cada dez crianças com TEA, com sintomas que incluem diarreia, náuseas, vômitos, dor abdominal, distensão e refluxo gastroesofágico. Distúrbios gastrointestinais afetam diretamente o status de zinco, uma vez que desempenha um papel fundamental na homeostase do trato gastrointestinal.


Prática Clínica


Uma estratégia clínica eficaz começa com a avaliação regular do status de zinco, utilizando métodos como análises de cabelo, soro e plasma. Essa avaliação criteriosa permite a customização das intervenções de acordo com as necessidades específicas de cada paciente. Quando a avaliação revela deficiências, a consideração da suplementação de zinco pode se tornar um componente vital do plano terapêutico, proporcionando benefícios não apenas para a função cerebral e imunidade, mas também para a manutenção da saúde intestinal. Ao abordar as complexidades nutricionais inerentes ao TEA, como padrões alimentares seletivos e restritivos, os profissionais podem colaborar com planos alimentares que atendam às preferências individuais, ao mesmo tempo em que asseguram a adequada ingestão de zinco e outros nutrientes cruciais.


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Referências Bibliográficas


NASCIMENTO, Priscila Kelly da Silva Bezerra do; SILVA, David Franciole Oliveira; MORAIS, Tássia Louise Sousa Augusto de; REZENDE, Adriana Augusto de. Zinc Status and Autism Spectrum Disorder in Children and Adolescents: a systematic review. Nutrients, [S.L.], v. 15, n. 16, p. 3663, 21 ago. 2023. MDPI AG.

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