Polifenóis: Protegem contra o envelhecimento?
Brunno Falcão
4 min
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7 de abr. de 2023
O envelhecimento é um grande fator de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas. As doenças relacionadas à idade são uma consequência do acúmulo de danos celulares e da redução da atividade de vias de resposta ao estresse protetoras, levando a uma inflamação sistêmica de baixo grau e estresse oxidativo. Tanto a inflamação quanto o estresse oxidativo são importantes contribuintes para a senescência celular, um processo em que as células param de proliferar e se tornam disfuncionais ao secretar moléculas inflamatórias, espécies reativas de oxigênio (ROS) e componentes da matriz extracelular que causam inflamação e senescência no tecido circundante. Esse processo é conhecido como fenótipo secretor associado à senescência (SASP). Table of Contents Toggle O que é Senescência? Polifenóis na Saúde Humana Polifenóis vs. Envelhecimento Polifenóis na Saúde Mitocondrial Prática Clínica Referências Bibliográficas O que é Senescência? A senescência é uma condição na qual as células param de se proliferar e se tornam disfuncionais. Ela pode ser classificada em duas categorias principais: senescência replicativa e senescência prematura induzida por estresse. A senescência replicativa está associada ao encurtamento dos telômeros, que são as extremidades dos cromossomos, o que ocorre após cada divisão celular. Esse tipo de senescência é ativado quando as células esgotam sua capacidade replicativa após vários ciclos de divisão celular e, portanto, leva tempo para se desenvolver. Já a senescência prematura induzida por estresse, se desenvolve mais rapidamente e ocorre em resposta a um estressor, como o estresse oxidativo, radiação, fumaça de cigarro e oncogenes. Polifenóis na Saúde Humana Existem muitas classes de polifenóis, mas todos têm a característica comum de possuir pelo menos um anel aromático com um grupo hidroxila ligado a ele. Nas plantas, os polifenóis promovem a sobrevivência, atuando como polinizadores, protegendo contra a radiação ultravioleta e eliminando as espécies reativas de oxigênio. Alguns desses benefícios protetores parecem ser transferidos também para a saúde humana, promovendo a longevidade ao diminuir a incidência de doenças crônicas. A inclusão de polifenóis na dieta pode retardar a progressão de doenças cardiovasculares, melhorando o perfil lipídico, reduzindo a geração de espécies reativas de oxigênio e aumentando a capacidade antioxidante do próprio corpo. Em termos de tipos específicos de frutas, algumas fontes incluem amoras, framboesas, framboesas pretas e mirtilos, uvas, frutas cítricas, romãs, morangos e maçãs. Essas frutas são ricas em polifenóis como flavonoides, flavonoides, antocianinas, procianidinas, esteróis, carotenóides e ácidos hidrocinâmicos. Polifenóis vs. Envelhecimento Os polifenóis ricos em frutas, vegetais e azeite regulam as principais vias de sinalização inflamatórias e dependentes de espécies reativas de oxigênio associadas à senescência. O que aponta para o papel protetor desses alimentos na prevenção de doenças cardiovasculares. Interessantemente, muitos desses compostos também têm como alvo o NF-κB, um dos principais impulsionadores do SASP, sugerindo seu possível papel como drogas anti-envelhecimento. A compreensão dos mecanismos moleculares envolvidos nesses efeitos protetores pode levar a melhores estratégias terapêuticas. Os polifenóis também foram associados à redução da inflamação vascular e da senescência celular. A inflamação crônica de baixo grau é um grande fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares em idosos. Eles têm o potencial de reduzir a inflamação vascular e a senescência celular, atuando em diferentes vias moleculares. Eles têm a capacidade de inibir a ativação do fator nuclear kappa B (NF-κB), uma importante proteína envolvida na regulação da inflamação, e também reduzem a expressão e a atividade da NADPH oxidase (Nox), uma enzima que produz espécies reativas de oxigênio. Além disso, os polifenóis também podem melhorar a função mitocondrial, aumentando a produção de energia celular, e aumentar a autofagia, um processo pelo qual as células se livram de componentes celulares danificados. A autofagia é importante para manter a integridade celular e reduzir a inflamação e a senescência. Polifenóis na Saúde Mitocondrial O papel protetor do resveratrol na função mitocondrial está bem estabelecido e é principalmente mediado pela ativação de Sirt1 e a subsequente desacetilação (ativação) de PGC-1α, levando a uma melhor biogênese e função mitocondrial e aumento da expressão de enzimas antioxidantes. Uma revisão recente sobre polifenóis na função mitocondrial resume estudos que analisam os efeitos do resveratrol, curcumina, quercetina e galato de epigalocatequina no eixo Sirt1/PGC-1α. O resveratrol demonstrou prolongar a expectativa de vida em camundongos com dietas de alto teor calórico, o que foi associado à melhora da sensibilidade à insulina e ao aumento da expressão de AMPK e PGC-1α. Da mesma forma, o resveratrol protegeu camundongos da obesidade induzida pela dieta e resistência à insulina e melhorou a capacidade aeróbica aumentando o consumo de oxigênio no músculo. Em indivíduos mais velhos, o resveratrol também demonstrou melhorar a função vascular e a massa mitocondrial. Outros polifenóis também demonstraram aumentar a via Sirt1, incluindo a rutina e o glicosídeo de quercetina, que regulam positivamente a Sirt1 no rim, aliviando a lesão renal. Prática Clínica É importante entender o potencial dos polifenóis como uma opção terapêutica na prática clínica. A incorporação de alimentos ricos em polifenóis, como frutas, legumes e azeite de oliva, em uma dieta equilibrada pode ajudar a reduzir a incidência de doenças cardiovasculares e outros problemas relacionados à idade. Além disso, suplementos de polifenóis podem ser recomendados em casos específicos, especialmente em pacientes que apresentam deficiências nutricionais ou não conseguem obter a quantidade necessária de polifenóis através de sua dieta. No entanto, é importante ressaltar que a dose e a duração do tratamento devem ser determinadas individualmente, levando em consideração fatores como idade, sexo, estado de saúde e uso concomitante de medicamentos. Como em qualquer tratamento, é importante avaliar os riscos e benefícios antes de prescrever suplementos de polifenóis para um paciente. Referências Bibliográficas Sugestão de estudo: Polifenóis Assista o vídeo na Science Play com: Polifenóis e recuperação muscular Artigo: Polifenóis e envelhecimento – Serino A, Salazar G. Protective Role of Polyphenols against Vascular Inflammation, Aging and Cardiovascular Disease. Nutrients. 2019; 11(1):53. https://doi.org/10.3390/nu11010053 Classifique esse post #envelhecimento #senessencia