Dieta e Nutrição nas Doenças Alérgicas — Qual é a Relação?
Brunno Falcão
3 min
•
13 de dez. de 2023
Nas últimas décadas, a prevalência de alergias, incluindo asma, rinite alérgica e dermatite atópica, aumentou significativamente em todo o mundo. Tal contexto vem levantando preocupações sobre os fatores que impulsionam essa tendência alarmante. Em meio a esse cenário, um corpo crescente de evidências aponta para a influência da microbiota intestinal, dieta e nutrição nas doenças alérgicas. Essas conexões complexas inauguraram uma nova era de pesquisa na ciência nutricional com o objetivo de compreender o impacto das escolhas dietéticas nos resultados alérgicos. Continue a leitura entenda mais sobre: o que são alergias ; qual é o papel da microbiota intestinal nas alergias ; como implementar uma terapia nutricional para enfrentar alergias .
O que são alergias? As doenças alérgicas são distúrbios inflamatórios crônicos do epitélio pulmonar, cutâneo e nasal caracterizados por respostas imunes anormais mediadas por IgE e citocinas Th2 em reação à exposição a alérgenos. Existe alguma influência da dieta e da nutrição nas doenças alérgicas? O aumento expressivo nos casos de doenças alérgicas nos últimos anos destaca a necessidade de explorar sua relação com os hábitos alimentares. É nesse cenário que estudos recentes revelaram uma conexão entre a dieta e o desenvolvimento, a gravidade e o curso das doenças alérgicas. Qual é o papel da microbiota intestinal nas doenças alérgicas? No contexto das doenças alérgicas, a microbiota intestinal atua como um agente fundamental. Tanto a dieta quanto os componentes alimentares moldam significativamente a complexa rede de microrganismos do intestino, que é fundamental para manter a integridade da barreira epitelial do órgão e o equilíbrio imunológico. Assim, nutrientes e metabólitos produzidos pela microbiota intestinal podem afetar a inflamação alérgica, mesmo quando esta ocorre em um órgão distante, como pulmão e pele, por meio de eixos interconectados. Entre os metabólitos bacterianos mais estudados estão os ácidos graxos de cadeia curta (AGCCs), conjugados de ácidos biliares e metabólitos de triptófano. Esses compostos têm a capacidade de modificar reações alérgicas, reforçando a intrincada teia de conexões entre dieta, microbiota intestinal e respostas alérgicas. Dietas específicas podem beneficiar pessoas com doenças alérgicas? Diferentes componentes dietéticos estão associados a diferentes resultados alérgicos. Dietas ricas em energia, gorduras saturadas e proteínas, mas pobres em fibras, por exemplo, foram relacionadas a um aumento do risco de asma e rinite alérgica. Por outro lado, dietas ricas em vegetais, frutas, azeite de oliva e peixes, reminiscentes da dieta mediterrânea, mostraram correlação com menores riscos dessas doenças alérgicas. Pesquisas recentes também sugerem que maior ingestão de fibras dietéticas pode se traduzir em menos sintomas de asma. Como implementar uma terapia nutricional para enfrentar alergias? A influência da dieta e da nutrição nas doenças alérgicas não se restringe apenas ao desenvolvimento delas, mas também ao curso e à gravidade do distúrbio. A ingestão de nutrientes e micronutrientes tem um impacto direto nos sintomas alérgicos e na carga geral da doença. Além disso, o equilíbrio entre calorias, macronutrientes e micronutrientes é vital para manter a tolerância imunológica aos alérgenos. Nesse cenário, a terapia nutricional tem um potencial de alívio dos sintomas alérgicos significativo. A restrição calórica, aliada à ingestão adequada de macronutrientes e fibras alimentares, pode desempenhar um papel fundamental na tolerância imunológica. Além disso, uma alimentação baseadas em vegetais, com abundância de frutas, verduras, grãos e leguminosas, caracterizam uma dieta com propriedades anti-inflamatórias e potencial para perda de peso, apresentando-se como uma estratégia de intervenção nutricional promissora. No entanto, mais pesquisas são necessárias. Ensaios clínicos randomizados controlados por placebo são imprescindíveis para validar a eficácia de vários componentes dietéticos em pacientes humanos. À medida que a compreensão de elementos dietéticos novos com potencial anti-alérgico cresce, ensaios clínicos abrangentes se revelam essenciais para ilustrar os mecanismos que conectam nutrição e alergias. Prática clínica O reconhecimento do impacto da microbiota intestinal, dieta e nutrição nas doenças alérgicas é crucial. Uma prescrição personalizada pode ser capaz de reduzir a inflamação associada às doenças alérgicas. Além disso, é preciso garantir a inclusão de alimentos ricos em fibras, antioxidantes e nutrientes anti-inflamatórios na dieta do paciente. Considerando a importância da nutrição na alergia, a adoção de dietas específicas, suplementação adequada de nutrientes quando necessário e o monitoramento contínuo dos resultados se mostra fundamental. Uma vez que essas condutas contribuem para um manejo abrangente das doenças alérgicas, objetivando melhorias de longo prazo na qualidade de vida dos pacientes. Gostou do conteúdo? Continue aprendendo no blog Science Play e conheça o impacto dos carboidratos na microbiota intestinal . Além disso, não perca a oportunidade de se conectar com os líderes da área médica! Inscreva-se já no congresso MedBrasil SP e junte-se a uma comunidade de profissionais de saúde em busca de conhecimento, inovação e excelência. Referências bibliográficas Assista ao vídeo na Science Play com Gabriel de Carvalho: Alergias alimentares e nutrição ZHANG, Ping. The Role of Diet and Nutrition in Allergic Diseases . Nutrients, [S.L.], v. 15, n. 17, p. 3683, 22 ago. 2023. MDPI AG. Classifique este post #alergia #dieta #nutrição