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Reposição Hormonal Masculina

Brunno Falcão

4 min

7 de jun. de 2024

O Envelhecimento Populacional e a Importância da Testosterona À medida que a população mundial envelhece, os desafios associados ao envelhecimento tornam-se mais evidentes. Nos Estados Unidos, por exemplo, espera-se que a população idosa mais do que dobre nos próximos 26 anos. Este fenômeno não é isolado, afetando todo o mundo e requerendo uma resposta abrangente, especialmente no âmbito profissional, onde precisamos estar preparados para lidar com as complexidades desse cenário. Desde a Grécia Antiga, há cerca de 25 séculos, é conhecida a diminuição da libido associada ao envelhecimento. Mitos e lendas, como a representação de Zeus como o símbolo da virilidade, refletem a importância atribuída à questão da sexualidade masculina ao longo da história. O papel da testosterona, o principal hormônio masculino, tornou-se objeto de estudo e debate ao longo dos anos. O fisiologista francês Charles, por exemplo, experimentou a injeção de testosterona em si mesmo, relatando uma melhora significativa em seu bem-estar. Estudos subsequentes, incluindo transplantes de testículos de macacos, destacaram a relação entre a testosterona e questões de saúde, como a síndrome metabólica e a obesidade. Produção e Diminuição da Testosterona A produção diária de testosterona, que varia de 3 a 10mg/dia, está sujeita a uma queda anual de 1 a 2%, influenciada pelo estilo de vida e pelo ciclo circadiano.  A importância do sono nesse processo é enfatizada, já que é durante o sono que ocorrem os picos de LH que estimulam a produção do hormônio. No entanto, com o tempo, esses picos se tornam menos frequentes, dependendo do contexto de vida de cada indivíduo. A diminuição da testosterona está associada à obesidade e outros problemas de saúde.  Estudos demonstraram que a testosterona favorece a queima de gordura, a formação de células musculares e a melhoria da disposição e da força de vontade. Experiências clínicas confirmam que a reposição de testosterona pode resultar em ganho de massa muscular e aumento do ânimo e da motivação em pacientes com baixos níveis hormonais. Testosterona e Envelhecimento Masculino O envelhecimento masculino, muitas vezes marcado pela andropausa ou hipogonadismo relacionado à idade, apresenta desafios únicos em um contexto de aumento da expectativa de vida e mudanças nos padrões de estilo de vida. Enquanto antigamente os indivíduos se preparavam para a aposentadoria aos 60 anos, hoje em dia essa idade é vista como uma fase de atividade e vitalidade, com demandas por viagens, relacionamentos e vida sexual ativa. O Late-Onset Hipogonadism (LOH), caracterizado por baixos níveis de testosterona e sintomas como diminuição do desejo sexual, disfunção erétil e perda de energia, é um fenômeno observado em homens mais velhos. O diagnóstico é baseado em uma combinação de sinais clínicos e níveis hormonais abaixo do normal. O questionário ADAM (Androgen Deficiency of the Aging Male) é uma ferramenta útil para identificar possíveis casos de LOH, avaliando os seguintes fatores:  Tem observado diminuição de libido Tem observado falta de energia Percebe redução de força muscular Perdeu altura Diminuiu “alegria de viver” Fica triste ou rabugento com frequência Percebe que as ereções são menos vigorosas Tem diminuído a capacidade para atividades esportivas Sente sonolência após o jantar Tem percebido piora no desempenho profissional Reposição de Testosterona A reposição de testosterona tem sido explorada como uma forma de tratar os sintomas do hipogonadismo relacionado à idade. Estudos destacam os efeitos positivos da reposição hormonal, incluindo aumento da massa muscular, melhora da função metabólica e redução do risco de mortalidade  e eventos cardiovasculares, ativação de fatores de transcrição nucleares, estímulo da via mTOR, aumento da expressão de IGF-1, diferenciação das células mesenquimais em linhagem miogênica e não adipogênica, entre outros. Contrariamente às preocupações sobre os riscos associados à terapia de reposição de testosterona, evidências recentes sugerem que ela não aumenta o risco de complicações como câncer de próstata ou eventos cardiovasculares graves.   Ou seja, a TRT não causa mudanças significativas na histologia prostática ou na concentração de T ou DHT intraprostática. Existem várias opções para a reposição de testosterona, cada uma com seus próprios benefícios e limitações. Estas incluem: Administração intramuscular , que oferece concentrações mais altas de testosterona, mas pode resultar em variações nos níveis hormonais. Administração oral , que é conveniente, mas pode ser hepatotóxica e requer doses diárias. Administração transdérmica , que é estável e não invasiva, mas pode causar irritação na pele. Administração subcutânea , que oferece níveis mais estáveis de testosterona e reduz a frequência de administração. Práticas Clínicas Ao considerar a reposição de testosterona, é importante avaliar cuidadosamente os benefícios e os riscos associados a cada método de administração. Além disso, as doses devem ser ajustadas individualmente para garantir uma resposta terapêutica adequada. A secreção normal é entre 3-10mg/d, porém, não deve-se trabalhar com o mínimo. Geralmente, utiliza-se de 6 a 8 implantes de 150mg ou 6 implantes de 200mg. Em última análise, a decisão de iniciar a terapia de reposição de testosterona deve ser tomada com base em uma avaliação completa dos riscos e benefícios, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida e o bem-estar dos pacientes. Continue Estudando... Sugestão de estudo: Avanços na Terapia de Reposição Hormonal Sugestão de estudo: Uso clínico de esteroides anabolizantes na abordagem de osteoporose, sarcopenia e fragilidade em mulheres Sugestão de estudo: Terapia de Reposição Hormonal com Testosterona: Risco Cardiovascular em Homens Referências Bibliográficas WANG, Christina; CUNNINGHAM, Glenn; DOBS, Adrian; IRANMANESH, Ali; MATSUMOTO, Alvin M.; SNYDER, Peter J.; WEBER, Thomas; BERMAN, Nancy; HULL, Laura; SWERDLOFF, Ronald S.. Long-Term Testosterone Gel (AndroGel) Treatment Maintains Beneficial Effects on Sexual Function and Mood, Lean and Fat Mass, and Bone Mineral Density in Hypogonadal Men. The Journal Of Clinical Endocrinology & Metabolism , [S.L.], v. 89, n. 5, p. 2085-2098, maio 2004. The Endocrine Society.