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Resistência À Insulina — Entenda O Desafio Metabólico Rumo À Perda De Peso

Brunno Falcão

7 min

21 de fev. de 2024

A resistência à insulina é um fenômeno metabólico complexo que representa um desafio significativo na jornada da saúde e da perda de peso. O tema se torna ainda mais relevante diante da luta contra o sobrepeso e a obesidade, um desafio constante para muitas pessoas. Médicos e nutricionistas desempenham um papel fundamental nessa jornada e a investigação da resistência à insulina pode revelar-se um fator crucial neste cenário. Para saber mais sobre o assunto, continue a leitura deste artigo e confira: o que é resistência à insulina ; qual é a relação entre resistência à insulina, hiperinsulinemia e perda de peso ; como é o diagnóstico da resistência à insulina ; qual é a relação entre o exame de insulina de jejum e a resistência insulínica .

O que é resistência à insulina? De maneira geral, a resistência à insulina  ocorre quando as células do corpo começam a responder de maneira menos eficaz ao hormônio, produzido pelo pâncreas e responsável por regular o nível de glicose no sangue. Esse fenômeno obriga o órgão a produzir mais insulina a fim de manter a glicose em níveis saudáveis, podendo levar ao esgotamento do pâncreas e, eventualmente, ao desenvolvimento de diabetes , especificamente a de tipo 2. Quais são os perigos da insulina em excesso no organismo? A pesquisa "Insulin: too much of a good thing is bad", divulgada pela BMC Medicine, aborda um paradoxo intrigante: enquanto a insulina é vital para equilibrar os níveis de glicose no sangue, seu excesso pode ser prejudicial. Este estudo também ressalta a importância de compreender como níveis elevados de insulina podem afetar negativamente o organismo, potencializando o risco de desenvolver obesidade e diabetes tipo 2. Além disso, contrariando a crença comum de que a resistência à insulina e o excesso do hormônio no organismo são a mesma coisa, este estudo propõe uma revisão dessa ideia. Embora ambos os estados compartilhem a característica de redução na eficácia da insulina em regular a glicose, é a hiperinsulinemia crônica que desencadeia a resistência à insulina. Dessa forma, a resistência à insulina vai além da simples falha na sinalização hormonal. Enquanto a eficiência da substância em promover a síntese de proteínas, a lipogênese no fígado e a proliferação celular permanece alta, processos como a inibição da lipólise e da gliconeogênese são ativados para preservar as reservas energéticas. Isso revela que a resistência à insulina é um fenômeno seletivo, não afetando todas as funções do hormônio de maneira uniforme. Leia também: O impacto da ansiedade na diabetes tipo 2 e suas complicações Qual é a relação entre resistência à insulina, hiperinsulinemia e perda de peso? A resistência à insulina  não se manifesta de forma uniforme em todo o organismo, mas sim através de um impacto seletivo sobre determinadas funções hormonais. Além disso, ela pode dificultar a perda de peso por várias razões: metabolismo ineficiente: com a resistência à insulina, o metabolismo da glicose é prejudicado, o que pode levar a um armazenamento de gordura mais eficiente e dificultar a queima de gordura como energia; apetite aumentado: níveis elevados de insulina podem afetar os sinais de fome e saciedade, potencialmente aumentando o apetite e a ingestão calórica; armazenamento de gordura: a insulina é um hormônio anabólico que promove este processo. Com a hiperinsulinemia, o corpo pode ser mais propenso a armazenar gordura, especialmente na região abdominal. Diante disso, pacientes com diabetes tipo 2 que não respondem adequadamente a dietas e medicamentos orais para reduzir a glicose podem necessitar de terapia com insulina. No entanto, essa estratégia, embora pareça lógica, pode inadvertidamente intensificar o problema devido à complexa relação entre a resistência à insulina, a hiperinsulinemia e o aumento do risco de doenças cardiovasculares. Este cenário desencadeia uma série de reações adversas no corpo, incluindo disfunção endotelial, que compromete a produção de óxido nítrico, um vasodilatador crucial, e estimula o influxo de íons cálcio nas células musculares lisas. Como consequência, há aumento do tônus vascular e da reabsorção de sódio pelos rins, além da adesão de macrófagos às paredes vasculares. Esses processos não só favorecem o desenvolvimento de lesões arteriais, mas também potencializam a atividade da lipoproteína lipase, pavimentando o caminho para a progressão das doenças cardiovasculares. O acúmulo de gordura segue um padrão preocupante, começando no tecido subcutâneo, avançando para o espaço visceral e, eventualmente, depositando-se nos vasos sanguíneos. Isso destaca a importância de abordagens cuidadosas no manejo da resistência à insulina, visando não apenas controlar os níveis de glicose, mas também combater os riscos associados à saúde cardiovascular. Como é o diagnóstico da resistência à insulina? De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes e a International Diabetes Federation (IDF), a técnica mais avançada para diagnosticar a resistência à insulina é o método clamp euglicêmico-hiperinsulinêmico, complementado pelo Teste Oral de Tolerância à Glicose. No entanto, existe uma ferramenta simples e imediatamente aplicável em consultório que pode indicar se um paciente apresenta resistência à insulina: a medição da circunferência abdominal. Este método não só é econômico e amplamente acessível, mas também extremamente revelador. O estudo "Waist Circumference Is an Essential Factor in Predicting Insulin Resistance and Early Detection of Metabolic Syndrome in Adults", publicado na revista Nutrients, reforça a importância da circunferência abdominal como um indicador chave para o diagnóstico precoce da resistência à insulina e da síndrome metabólica em adultos. Vale ressaltar que os padrões para a circunferência abdominal são específicos para cada etnia, sendo que, para a população brasileira, os valores de referência são: 80cm para mulheres; 94cm para homens. Este método destaca-se não apenas pela sua praticidade e baixo custo, mas também por sua capacidade de fornecer insights valiosos sobre o risco de resistência à insulina com uma simples fita métrica. Assim, a medição da circunferência abdominal é uma ferramenta fundamental na identificação precoce de indivíduos em risco, permitindo intervenções oportunas para prevenir complicações associadas à resistência à insulina. Qual é a relação entre o exame de insulina de jejum e a resistência insulínica? O exame de insulina de jejum, ou mesmo a glicemia de jejum, é um teste laboratorial que mede a quantidade de insulina no sangue após um período de jejum, geralmente de 8 a 12 horas. Ambos refletem o que foi ingerido nas últimas 24h, o que faz com que eles não sejam tão úteis na prática clínica. Além disso, é possível que os resultados apresentem alteração diante de um paciente obeso, por exemplo. O estudo “Association of the triglyceride glucose index as a measure of insulin resistance with mortality and cardiovascular disease in populations from five continents (PURE study): a prospective cohort study”, publicado na revista The Lancet, traz uma perspectiva revolucionária neste sentido. Segundo a pesquisa, o Índice Triglicérides-Glicose (TyG index) emerge como um marcador inovador e eficaz para detectar a resistência à insulina, ganhando destaque e aplicabilidade na prática clínica global. O estudo também explorou sua relação com a mortalidade e doenças cardiovasculares em uma escala verdadeiramente global, abrangendo mais de 140 mil indivíduos de variados contextos econômicos, tanto de áreas urbanas quanto rurais, espalhados pelos cinco continentes. Saiba mais sobre a prática clínica: O Índice Triglicérides-Glicose (TyG) é calculado através de uma fórmula simples, que elimina a necessidade de medir a insulina de jejum, simplificando significativamente o processo de avaliação da resistência ao hormônio: Ln (triglicerídeos em jejum (mg/dl) × glicemia de jejum (mg/dl) / 2). Na Science Play, valorizamos a praticidade para nossos leitores e, por isso, oferecemos um aplicativo que realiza esse cálculo automaticamente para você . Para identificar a resistência à insulina, o valor de corte recomendado para o índice TyG é de 4,49, apresentando uma sensibilidade de 82,6% e especificidade de 82,1%. Assim, você pode deixar de lado a preocupação com os níveis de insulina de jejum do seu paciente e focar em marcadores clínicos mais diretos e eficazes na investigação dessa condição. Quais são as possíveis estratégias para gerenciamento e prevenção da resistência à insulina? O gerenciamento eficaz da resistência à insulina envolve uma combinação de mudanças no estilo de vida. Cada um deles pode ser avaliado pelo profissional de saúde e proposto após a análise clínica. Essas estratégias incluem: promoção de uma dieta balanceada, rica em fibras, proteínas magras e gorduras saudáveis, com redução no consumo de açúcares e carboidratos refinados; realização de atividade física regular, uma vez que os exercícios ajudam a melhorar a sensibilidade à insulina e a controlar o peso; monitoramento por meio do acompanhamento com profissionais de saúde para ajustes na dieta, nos exercícios e, se necessário, na medicação. Leia também: Você sabe qual a melhor dieta para diabetes? Como vimos até aqui, a resistência à insulina é um desafio metabólico com implicações significativas na saúde e na perda de peso. Por isso, é essencial que profissionais da saúde entendam suas causas, seus sinais e suas estratégias. Se você atua na área da saúde e deseja aprofundar seus conhecimentos sobre resistência à insulina, conheça a Certificação Internacional de Nutrição Integrativa e Personalizada  e comece a transformar sua carreira e a vida dos seus pacientes agora mesmo! Referencias Bibliográficas Sugestão de Leitura: Resistência à Insulina KOLB, Hubert; KEMPF, Kerstin; RÖHLING, Martin; MARTIN, Stephan. Insulin: too much of a good thing is bad . Bmc Medicine, [S.L.], v. 18, n. 1, p. 1, 21 ago. 2020. Springer Science and Business Media LLC.  NOCE, Annalisa; LAURO, Manuela di; DANIELE, Francesca di; ZAITSEVA, Anna Pietroboni; MARRONE, Giulia; BORBONI, Patrizia; DANIELE, Nicola di. Natural Bioactive Compounds Useful in Clinical Management of Metabolic Syndrome . Nutrients, [S.L.], v. 13, n. 2, p. 630, 16 fev. 2021. MDPI AG. ALIZARGAR, Javad; BAI, Chyi-Huey; HSIEH, Nan-Chen; WU, Shu-Fang Vivienne. Use of the triglyceride-glucose index (TyG) in cardiovascular disease patients . Cardiovascular Diabetology, [S.L.], v. 19, n. 1, p. 1, 15 jan. 2020. Springer Science and Business Media LLC. LOPEZ-JARAMILLO, Patricio; GOMEZ-ARBELAEZ, Diego; MARTINEZ-BELLO, Daniel; ABAT, Marc Evans M; ALHABIB, Khalid F; AVEZUM, Álvaro; BARBARASH, Olga; CHIFAMBA, Jephat; DIAZ, Maria L; GULEC, Sadi. Association of the triglyceride glucose index as a measure of insulin resistance with mortality and cardiovascular disease in populations from five continents (PURE study): a prospective cohort study. The Lancet Healthy Longevity, [S.L.], v. 4, n. 1, p. 23-33, jan. 2023. Elsevier BV.  Classifique esse post #hiperinsulinemia #insulina #perdadepeso #resistênciaàinsulina