Na sua palestra do Workshop Materno-Infantil e Fertilidade, a médica Carolina Meireles abordou o tema “Tireoide e Fertilidade: uma relação mais íntima do que imaginamos”.
A infertilidade é um problema global, afetando uma em cada seis pessoas, de acordo com a OMS. Para entender melhor as complexidades desse problema e sua relação com a tireoide, é importante explorar os processos hormonais e as condições de saúde envolvidas.
A produção dos hormônios tireoidianos é um processo intrincado que ocorre dentro da tireoide. Envolve a organização do iodo na tireoglobulina, formação de mono e diiodotirosinas, e a subsequente síntese dos hormônios T3 e T4. O T4 é o hormônio principal produzido pela glândula tireóide, enquanto o T3 é mais metabolicamente ativo.
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Deiodinases na Fertilidade
O papel das deiodinases é vital na regulação desses hormônios. Existem três tipos de deiodinases, cada uma desempenhando um papel específico na remoção de iodo dos hormônios tireoidianos. A deiodinase 1 (D1) atua no fígado, rins e tireóide, convertendo o T4 em T3 bioativo. A deiodinase 2 (D2) é expressa em vários tecidos, incluindo o sistema nervoso central, e é crucial para ativar o T4 celular. A deiodinase 3 (D3) é a principal enzima inativadora dos hormônios tireoidianos, convertendo o T3 em T4 reverso.
Funções dos Hormônios Tireoidianos na Fertilidade
Os hormônios tireoidianos desempenham diversas funções no corpo, incluindo aumento do consumo de oxigênio, controle da temperatura corporal, regulação do metabolismo, entre outros. Além disso, eles têm um impacto significativo na fertilidade e na gestação.
Neste contexto, temos o hipotireoidismo sendo um distúrbio da tireoide caracterizado pela baixa produção de T3 e T4. A Doença de Hashimoto, uma condição autoimune, é responsável por grande parte dos casos de hipotireoidismo em adultos. Dessa forma, a relação entre o hipotireoidismo e o sistema endócrino feminino é complexa. O hipotireoidismo pode afetar a liberação de hormônios FSH e LH, desregular a função reprodutiva e prejudicar o desenvolvimento folicular. Além disso, há evidências de que o hipotireoidismo influencia a função uterina, a espessura do endométrio e a resposta aos esteroides sexuais.
Portanto, a tireoide também desempenha um papel crítico na implantação do embrião e na manutenção da gravidez. Ficando claro que o hipotireoidismo atua prejudicando a decidualização durante a implantação e levar a resultados adversos na gravidez, como abortos espontâneos e partos prematuros.
Por fim, doenças autoimunes tireoidianas, como a Doença de Hashimoto, são comuns em mulheres em idade fértil. Essas condições podem causar infertilidade e envelhecimento ovariano precoce, afetando negativamente a reserva ovariana e a fertilidade.
Prática Clínica
Para evitar os sintomas e os problemas relacionados aos hormônios da tireoide, o nutricionista pode ofertar ao seu paciente, suplementos, como ácido alfa-lipóico, zinco, selênio, vitamina C, vitamina D, curcumina, vitaminas do complexo B, magnésio, NAC, melatonina e ômega-3, que apoiam a saúde da tireoide.
Matéria elaborada pela colunista Louise Mendonça Frota, com base na palestra da médica Caroline Meireles.
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