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Brunno Falcão

2 min

31 de dez. de 2023

Atualmente, é comum ouvirmos pessoas declararem que são viciadas em um alimento específico, como chocolate. No entanto, surge a questão: será que alimentos podem realmente causar vício? Assim, para responder a essa pergunta, é importante examinar várias considerações. Tabela de conteúdos: Alimentos causam vício? Visão sobre os alimentos Prática clínica Referências Alimentos causam vício? É verdade que existem alimentos altamente palatáveis, frequentemente ultraprocessados, que têm um forte apelo de sabor devido à combinação de ingredientes como açúcar, gordura e sal. Dessa forma, esses alimentos podem desencadear respostas de recompensa no cérebro e levar algumas pessoas a consumi-los em excesso. No entanto, esses fatores não causam vício. Visão sobre os alimentos: vício por comidas existe? Além disso, é importante considerar que muitas vezes, esses alimentos são rotulados como “proibidos” em dietas rigorosas. A própria restrição alimentar excessiva pode aumentar o desejo por esses alimentos. Assim, a fome e a privação podem aumentar o valor de compensação associado à comida. Um estudo exemplar, intitulado “ The effect of deprivation on food cravings and eating behavior in restrained and unrestrained eaters “, revelou que não é necessário restringir calorias para aumentar o desejo por um determinado alimento; simplesmente proibi-lo pode tornar as pessoas mais suscetíveis a desejá-lo. Pode-se concluir que alguns alimentos altamente palatáveis estimulam o sistema de recompensa no cérebro, isso não equivale a um verdadeiro vício. Não existe vício em um alimento específico, mas sim um comportamento alimentar descontrolado, frequentemente desencadeado por ciclos de dietas restritivas e proibições de grupos alimentares, juntamente com fatores biopsicossociais. Prática clínica Portanto, o descontrole alimentar tem maior relação com a pessoa que está ingerindo o alimento e a mentalidade da mesma sobre ele, do que com o alimento em si . Por isso, em vez de proibir alguns alimentos, a abordagem mais eficaz pode ser estabelecer uma comunicação clara sobre a relação com a comida e a importância da moderação. É fundamental reconhecer que os “vícios alimentares específicos” não são uma realidade respaldada pela literatura científica, e promover uma relação saudável com a comida deve ser o objetivo principal. Referências POLIVY, Janet; COLEMAN, Julie; HERMAN, C. Peter. The effect of deprivation on food cravings and eating behavior in restrained and unrestrained eaters. International Journal Of Eating Disorders , [S.L.], v. 38, n. 4, p. 301-309, dez. 2005. Wiley. Sugestão de leitura: Comportamento Alimentar