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O Zinco e o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) em Crianças e Adolescentes

Brunno Falcão

4 min

13 de dez. de 2023

O Transtorno do Espectro do Autismo é um distúrbio neurodesenvolvimental complexo que afeta a comunicação, a interação social e o comportamento repetitivo. Houve um aumento significativo na prevalência de TEA, que atualmente afeta 1 em cada 160 crianças em todo o mundo. Os fatores etiológicos envolvidos na fisiopatologia do TEA ainda não estão claros. No entanto, relatórios indicam que fatores ambientais, como o aumento da exposição a metais tóxicos e, consequentemente, um perfil alterado de oligoelementos, constituem fatores de risco no desenvolvimento de TEA. Uma revisão recente, publicada em agosto de 2023, avaliou Na infância e adolescência, o zinco é um componente essencial dos processos que envolvem o crescimento e desenvolvimento, incluindo o desenvolvimento do sistema nervoso. Diante disso, a deficiência nesta fase causa atrasos no desenvolvimento físico e mental, incluindo déficits de aprendizagem, juntamente com diminuição da imunidade. Evidências sugerem uma relação entre os níveis de Zn e a fisiopatologia do TEA. Nesse sentido, alguns estudos têm procurado avaliar o status de Zn em indivíduos com TEA. Uma recente revisão, publicada em agosto de 2023 avaliou o status de zinco em crianças e adolescentes autistas. Table of Contents TEA e zinco na Literatura  Deficiência de zinco no TEA Alterações gastrointestinais Prática Clínica Referências Bibliográficas TEA e Zinco na Literatura  Os estudos foram selecionados a partir de uma busca ativa nas bases de dados PubMed, Scopus, LILACS e Google para estudos observacionais. Foram incluídos 52 estudos de 22 países. O tamanho das amostras variou de 20 a 2635 indivíduos, com idades entre 2 e 18 anos. Os pesquisadores utilizaram nove tipos de matrizes biológicas, sendo cabelo, soro e plasma os mais frequentemente empregados para avaliar as concentrações de zinco. Observam-se diferenças significativas nas concentrações de zinco entre os grupos com TEA e os grupos de controle em 23 estudos, dos quais 19 (36%) indicaram concentrações mais baixas de zinco no grupo com TEA. De maneira geral, não se observou uma diferença significativa nas concentrações de zinco entre crianças e adolescentes com TEA em comparação com os grupos controles. No entanto, os estudos indicam uma ocorrência de concentrações mais baixas de Zn em indivíduos com TEA . Esta revisão revela que estudos prospectivos com maior rigor metodológico devem ser conduzidos a fim de caracterizar melhor essa relação. Deficiência de Zinco no TEA Um aspecto que afeta profundamente a qualidade nutricional dos autistas é o comportamento alimentar rígido e repetitivo. Além disso, a seletividade alimentar muitas vezes resulta em uma dieta dominada por alimentos processados, carboidratos simples, gorduras saturadas e fibra dietética limitada. Que por sua vez, acarreta uma redução na ingestão de proteínas de origem animal e micronutrientes críticos, como o zinco. Observa-se que baixas concentrações de zinco podem impactar os níveis de atividade na região pós-sináptica dependente de ProSAP1/Shank2 e ProSAP2/Shank3. O gene SHANK3, um componente genético crucial associado ao TEA, desempenha um papel fundamental na expressão de proteínas que estruturam as regiões pós-sinápticas de neurônios excitatórios. Especula-se que a suplementação pode restaurar os níveis de Shank3 na região pós-sináptica, potencialmente modulando as sinapses excitatórias e, consequentemente, melhorando aspectos do fenótipo do TEA. Além disso, evidências também sugerem que baixas concentrações de Zn têm sido associadas a alterações no crescimento cerebral em indivíduos com TEA. Alterações Gastrointestinais O zinco está envolvido na manutenção da integridade da barreira intestinal, que atua como uma barreira protetora contra substâncias indesejadas. Ele contribui para a formação de junções entre as células do revestimento intestinal, reduzindo a permeabilidade e prevenindo a entrada de toxinas e patógenos no corpo. A deficiência de Zn resulta em redução da excreção fecal e aumento da absorção intestinal para manter os níveis plasmáticos e teciduais. As alterações gastrointestinais são comumente observadas em indivíduos com TEA. Problemas gastrointestinais afetam oito em cada dez crianças com TEA, com sintomas que incluem diarreia, náuseas, vômitos, dor abdominal, distensão e refluxo gastroesofágico. Distúrbios gastrointestinais afetam diretamente o status de zinco, uma vez que desempenha um papel fundamental na homeostase do trato gastrointestinal. Prática Clínica Uma estratégia clínica eficaz começa com a avaliação regular do status de zinco, utilizando métodos como análises de cabelo, soro e plasma. Essa avaliação criteriosa permite a customização das intervenções de acordo com as necessidades específicas de cada paciente. Quando a avaliação revela deficiências, a consideração da suplementação de zinco pode se tornar um componente vital do plano terapêutico, proporcionando benefícios não apenas para a função cerebral e imunidade, mas também para a manutenção da saúde intestinal. Ao abordar as complexidades nutricionais inerentes ao TEA, como padrões alimentares seletivos e restritivos, os profissionais podem colaborar com planos alimentares que atendam às preferências individuais, ao mesmo tempo em que asseguram a adequada ingestão de zinco e outros nutrientes cruciais. Continue Estudando... Sugestão de Estudo:   Seletividade Alimentar e Distúrbios Gastrointestinais em Crianças com Autismo

Sugestão de Estudo:   Por que suplementar vitamina D para crianças? Sugestão de Estudo:   Vitamina D na Saúde de Crianças com Doenças Crônicas Referências Bibliográficas NASCIMENTO, Priscila Kelly da Silva Bezerra do; SILVA, David Franciole Oliveira; MORAIS, Tássia Louise Sousa Augusto de; REZENDE, Adriana Augusto de. Zinc Status and Autism Spectrum Disorder in Children and Adolescents: a systematic review . Nutrients , [S.L.], v. 15, n. 16, p. 3663, 21 ago. 2023. MDPI AG.