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A sarcopenia em idosos: o que é preciso saber?

Brunno Falcão

4 min

2 de out. de 2023

A sarcopenia em idosos é um problema de saúde pública pois sabemos que a população envelhece cada vez mais e ao mesmo tempo há uma grande procura para manter a saúde em dia. Entretanto, o que mais é visto no dia a dia de consultório de médicos e nutricionistas que atendem esse público são pacientes cada vez mais queixosos, tomando medicações para tratar doenças crônicas como diabetes, hipertensão arterial primária e dislipidemias.  Dessa forma, o pensamento central desse texto é levantar o questionamento sobre a polifarmácia em idosos, ou seja, será que tomar vários remédios é sinônimo de saúde e longevidade? Table of Contents Toggle Sarcopenia, o que é e como diagnosticá-lá? Diagnóstico da Sarcopenia Sarcopenia e Polifarmácia na Literatura Científica Para diminuir a polifarmácia e tratar a sarcopenia deve-se fazer um compromisso com o seu paciente Referências Bibliográficas Sarcopenia, o que é e como diagnosticá-lá? A sarcopenia, e também a fragilidade, são condições importantes que tornam-se cada vez mais prevalentes com o avanço da idade. Sarcopenia é a perda da massa e função muscular . Essa perda é tão notória que em exames de imagem como a Tomografia Computadorizada é possível notar a diferença da circunferência do quadril de indivíduos da mesma idade e apenas um com diagnóstico de sarcopenia. Ao passo que, a  fragilidade pode ser definida como comprometimento multissistêmico associado ao aumento da vulnerabilidade a estressores como quedas. Certamente, é comum a sobreposição entre as duas condições, especialmente em termos de aspectos físicos ligados à fragilidade como a baixa força de preensão (hand grip) , velocidade de marcha e a própria queda do volume muscular. Essas medidas têm sido associadas como resultado do envelhecimento e podem ser avaliadas no nosso dia a dia de consultório. Diagnóstico da Sarcopenia O diagnóstico da sarcopenia é feito por profissionais de saúde que podem avaliar a massa muscular e a função em pacientes usando medidas objetivas, como velocidade da marcha para percorrer uma distância, força muscular pedindo para o paciente levantar-se da cadeira algumas vezes durante um determinado tempo e também a massa muscular por bioimpedância.  Portanto, existem várias técnicas para medir a massa muscular, incluindo análise de impedância bioelétrica (BIA) e dual-energy X-ray absorptiometry (DXA). O DXA pode estimar com precisão a proporção de tecido magro, tecido adiposo e osso, enquanto o BIA produz estimativas de massa gorda total e massa magra. Por isso, é importante destacar que a força pode ser mais preditiva do risco de incapacidade e mortalidade subsequentes do que a massa muscular. Sarcopenia e Polifarmácia na Literatura Científica O recente estudo Sarcopenia is associated with a greater risk of polypharmacy and number of medications: a systematic review and meta-analysis, publicado em 14 de Abril de 2023 na Revista The Journal of Cachexia, Sarcopenia and Muscle, levantou o questionamento racional sobre o idoso faz uso de hipoglicemiantes orais, betabloqueadores, corticóides, e outras medicações, que por fisiologia podem atrapalhar a sinalização da hipertrofia.  O estudo mostrou que a polifarmácia em populações mais velhas tem sido associada a vários desfechos negativos de saúde, independente da presença de doenças. Uma grande revisão abrangente descobriu que, entre 26 meta-análises, a polifarmácia foi associada a múltiplos resultados prejudiciais, incluindo reações adversas a medicamentos, incapacidade e hospitalizações. Além disso, observa que a polifarmácia, particularmente drogas específicas, como corticosteróides betabloqueadores e hipoglicemiantes orais demonstrou estar associada à fraqueza muscular e à baixa massa magra apendicular na velhice. Obviamente, devemos individualizar o caso do nosso paciente. Por exemplo, se for um cliente com histórico de doença arterial crônica, ou com diagnóstico de insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida, com certeza, faz mais sentido manter medicações que comprovadamente reduzem a mortalidade. Porém, por outro lado, o caso da senhora pós menopausa que recebeu o diagnóstico de Diabetes Mellitus Tipo 2 pela mudança do padrão de gordura corporal, é interessante agregar conhecimento à ela pois com o correto manejo médico há a possibilidade de colocar em remissão algumas dessas doenças crônicas comuns na meia idade e reduzir a polifarmácia.  Infelizmente, o estudo não fornece informações sobre intervenções ou estratégias específicas para reduzir o uso da polifarmácia em indivíduos com sarcopenia. No entanto, observa que pesquisas futuras devem esclarecer se a prescrição inadequada pode acelerar a progressão da sarcopenia. Por outro lado, medicamentos que sabidamente não interferem na mortalidade ou na qualidade de vida devem ser interrompidos. Ou seja, a desprescrição é o processo de redução ou suspensão de medicamentos que podem não ser mais necessários ou podem estar causando danos como inibidores da bomba de prótons muito vistos no tratamento da gastrite crônica.  Dessa forma, observa-se que há um interesse crescente em entender a associação entre polifarmácia e sarcopenia, e que a prescrição de medicamentos adequados versus inapropriados é uma questão crítica. Portanto, é importante que nós na condição de prescritores devemos avaliar cuidadosamente os medicamentos para indivíduos com sarcopenia e considerar a desprescrição quando apropriado. Para diminuir a polifarmácia e tratar a sarcopenia deve-se fazer um compromisso com o seu paciente Sem dúvidas, para tratar a baixa densidade e função da massa muscular a atividade física é o melhor remédio. Por isso, o exercício é a forma de intervenção mais estudada para controlar a sarcopenia e a fragilidade. O exercício resistido, como a musculação, demonstrou melhorar a função física em idosos com sarcopenia e fragilidade. Sabiamente, qualquer atividade física que envolva o levantamento de peso está relacionada com melhora funcional e cognitiva em pessoas idosas. Portanto, o treinamento de resistência progressiva é a intervenção mais bem estudada para a sarcopenia, embora o acesso, a absorção e a resposta sejam variáveis. Outras intervenções que se mostraram promissoras incluem suplementação de proteína, e aminoácidos como a Leucina, a correta suplementação de vitamina D e terapia de reposição hormonal com testosterona estão na pirâmide desse tratamento. Referências Bibliográficas Prokopidis K, Giannos P, Reginster JY, et al. Sarcopenia is associated with a greater risk of polypharmacy and number of medications: a systematic review and meta-analysis . J Cachexia Sarcopenia Muscle. 2023;14(2):671-683. doi:10.1002/jcsm.13190 Dodds R, Sayer AA. Sarcopenia and frailty: new challenges for clinical practice . Clin Med (Lond). 2016;16(5):455-458. doi:10.7861/clinmedicine.16-5-455 Classifique esse post #envelhecimento #idosos #sarcopenia