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  • Foto do escritorKcal da Science Play

Além do Músculo: Treinando o Intestino para seu Paciente Performar Melhor

Treinar o intestino para atletas é uma estratégia essencial para garantir um desempenho ótimo durante atividades físicas de longa duração. Durante esses exercícios, como maratonas, ultramaratonas e outras modalidades de resistência, o consumo adequado de carboidratos e a hidratação são fundamentais para fornecer energia e evitar sintomas gastrointestinais que podem comprometer o desempenho.


Exercício x Hormônios


O processo de esvaziamento gástrico, no qual os alimentos e líquidos ingeridos são transportados do estômago para o intestino delgado, é influenciado por diversos fatores, incluindo a regulação hormonal. Em atletas, hormônios como grelina, peptídeo YY (PYY) e peptídeo similar ao glucagon 1 (GLP-1) desempenham papéis cruciais nesse processo.


A grelina, conhecida como o "hormônio da fome", tende a diminuir após o exercício físico em atletas, ajudando a regular os níveis de açúcar no sangue e a sensação de saciedade, o que por sua vez pode influenciar o esvaziamento gástrico. Por outro lado, o aumento nos níveis de PYY e GLP-1 após o exercício contribui para a sensação prolongada de saciedade, retardando o esvaziamento gástrico e favorecendo a recuperação pós-exercício.


Além disso, o consumo adequado de carboidratos atua na regulação do esvaziamento gástrico e na absorção de nutrientes. Estudos mostram que uma dieta rica em carboidratos pode melhorar o esvaziamento gástrico e facilitar a absorção de açúcares essenciais para a reposição de energia durante atividades físicas extenuantes.


Personalização e Precaução: Estratégias Digestivas


No entanto, é importante considerar a individualidade biológica de cada atleta, bem como a intensidade e duração do exercício, ao desenvolver estratégias de treinamento intestinal. Isso pode incluir simulações de consumo de carboidratos e fluidos durante treinos, ajustes na dieta para aumentar a ingestão de carboidratos e a realização de refeições menores e mais frequentes para acostumar o corpo ao esforço prolongado.


É necessário atentar-se ao uso de estimulantes por atletas, pois substâncias como cafeína, capsaicina e chá verde podem causar sintomas gastrointestinais indesejáveis, como dor abdominal e refluxo. Portanto, é essencial verificar os rótulos dos produtos e ajustar as dosagens conforme necessário, buscando alternativas que não comprometam o funcionamento do sistema gastrointestinal.


Prática Clínica


Durante o exercício, o fluxo sanguíneo se direciona principalmente para os músculos ativos, diminuindo o suprimento de sangue para o trato gastrointestinal e reduzindo a prioridade da digestão. É fundamental respeitar o intervalo adequado entre a alimentação e o treinamento para minimizar esses efeitos adversos. O esvaziamento gástrico insuficiente pode levar ao refluxo ácido, prejudicando o desempenho do atleta e causando desconforto gastrointestinal.


O consumo excessivo de líquidos durante o exercício, devido à elevada perda de suor, também pode interferir no esvaziamento gástrico, resultando em desconforto abdominal e comprometendo a performance. Para lidar com essas questões, é possível adotar estratégias como treinar com um volume elevado de líquidos no estômago para aumentar a tolerância a fluidos durante o exercício. Incluir uma sessão de treino após uma refeição simula condições de competição, ajudando o corpo a se adaptar à ingestão de alimentos antes do exercício, especialmente carboidratos, que fornecem energia de forma eficaz em atividades de longa duração.


Além disso, aumentar os níveis de carboidratos na dieta pode melhorar a absorção desse nutriente no intestino, fornecendo energia essencial durante o treino. É importante considerar essas estratégias individualmente, levando em conta a intensidade e duração do exercício, para otimizar o desempenho e minimizar os efeitos negativos no sistema gastrointestinal.


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Referências


O'Brien, W. J., Stannard, S. R., Clarke, J. A., & Rowlands, D. S. (2013). Fructose-maltodextrin ratio governs exogenous and other CHO oxidation and performance. Medicine and science in sports and exercise, 45(9), 1814–1824. https://doi.org/10.1249/MSS.0b013e31828e12d4


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