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Aveia em Pacientes com Doenças Autoimune: É uma boa escolha?

Brunno Falcão

3 min

29 de nov. de 2023

A aveia é amplamente conhecida por seus benefícios à saúde, como a redução do colesterol, controle do açúcar no sangue e melhoria da saúde intestinal. No entanto, nos últimos anos, uma polêmica surgiu no campo da nutrição e medicina: será que o consumo desse alimento é seguro para pacientes com doenças autoimunes? A discussão surgiu devido ao alto teor de lectinas encontradas nesse grão, que poderiam ser potencialmente prejudiciais para esse grupo de indivíduos. As lectinas são proteínas presentes em várias plantas, incluindo a aveia, que podem ter a capacidade de se ligar às células do corpo humano e desencadear respostas inflamatórias, potencialmente agravando doenças autoimunes. No entanto, antes de tirar conclusões precipitadas, é essencial analisar o tema sob diferentes perspectivas. Table of Contents Toggle Contaminação Cruzada por Glúten na Aveia e Seus Efeitos Processamento Térmico e Inativação de Lectinas na Aveia Comercial Consumo de Aveia em Pacientes com Doenças Autoimunes versus Ciência Prática Clínica Contaminação Cruzada por Glúten na Aveia e Seus Efeitos Na polêmica sobre a aveia e doenças autoimunes, é importante considerar outro fator relevante: a contaminação cruzada pelo glúten. Pacientes com doença celíaca e outras condições autoimunes relacionadas ao glúten devem evitar a ingestão dessa proteína. No entanto, esse alimento, naturalmente, não contém glúten, mas muitas vezes cultivam, processam e embalam nas mesmas instalações que outros grãos que contêm glúten, como trigo, cevada e centeio. Essa contaminação cruzada pode ser suficiente para desencadear respostas imunológicas adversas em indivíduos sensíveis ao glúten, mesmo que a aveia em si não contenha a proteína. Portanto, é fundamental que pacientes com doenças autoimunes relacionadas ao glúten sejam cautelosos ao escolher produtos à base de aveia e procurem por opções certificadas como livres de glúten. Processamento Térmico e Inativação de Lectinas na Aveia Comercial Apesar das preocupações sobre as lectinas neste alimento, é importante destacar que o processamento térmico ao qual o grão é submetido no mercado pode ser suficiente para inativar essas proteínas potencialmente problemáticas. Durante o processamento, as temperaturas superiores a 100ºC garantem a inativação completa de lectinas e outros antinutrientes na aveia. Os fabricantes comerciais geralmente seguem rigorosos padrões de segurança alimentar para garantir a qualidade do produto. Portanto, a maioria das marcas disponíveis no mercado considera-se segura para consumo, mesmo por indivíduos com doenças autoimunes. Entretanto, é sempre prudente verificar a procedência do produto e, se possível, consultar um profissional de saúde especializado antes de incluir a aveia na dieta. Consumo de Aveia em Pacientes com Doenças Autoimunes versus Ciência Os pesquisadores estão conduzindo pesquisas científicas para investigar o impacto do seu consumo em pacientes com doenças autoimunes, como dermatite herpetiforme e doença celíaca. Esses estudos podem fornecer informações valiosas para orientar as escolhas alimentares e o tratamento desses pacientes. Um estudo recente avaliou o consumo de aveia por 12 semanas em pacientes com dermatite herpetiforme, uma condição de pele relacionada ao glúten. Os pesquisadores acompanharam os níveis de anticorpos antigliadina (IgA e IgG), antireticulina (IgA) e antiendomísio (IgA) durante esse período. Surpreendentemente, o estudo demonstrou que o consumo não resultou em um aumento significativo desses anticorpos em pacientes com dermatite herpetiforme. Esses achados sugerem que a aveia, mesmo contendo lectinas, pode não ser uma desencadeadora importante de respostas imunológicas em todos os pacientes com doenças autoimunes. Outro estudo focou-se especificamente na doença celíaca, uma condição autoimune caracterizada pela intolerância ao glúten. Nessa pesquisa, os pesquisadores testaram o consumo de aveia pura e livre de contaminação com glúten em indivíduos com doença celíaca. Os resultados foram animadores, pois não observaram aumentos significativos nos níveis de anticorpos específicos da doença celíaca nem aumento da infiltração de linfócitos no epitélio intestinal desses indivíduos. Isso indica que quando pura e devidamente processada para evitar contaminação, pode ser bem tolerada por alguns pacientes com doença celíaca. Esses estudos científicos sugerem que a relação entre aveia e doenças autoimunes é complexa e pode variar de pessoa para pessoa. Enquanto algumas pesquisas indicam que a aveia pode ser segura para alguns pacientes, é importante enfatizar que esses resultados não devem ser generalizados a todos os indivíduos com doenças autoimunes. Prática Clínica Embora as lectinas presentes possam suscitar preocupações, o processamento térmico pelo qual o grão passa em sua comercialização costuma ser suficiente para eliminar esse risco. Por outro lado, pacientes com doenças autoimunes relacionadas ao glúten devem estar atentos à possibilidade de contaminação cruzada e optar por produtos de aveia certificados como livres de glúten. Referências Bibliográficas

Sugestão de Leitura: Aveia Fermentada: Um super alimento? Sugestão de Leitura: Efeito do Consumo de Aveia no Controle do Peso e Glicemia Henrion M, Francey C, Lê KA, Lamothe L. Cereal B-Glucans: The Impact of Processing and How It Affects Physiological Responses. Nutrients. 2019 Jul 26;11(8):1729. doi: 10.3390/nu11081729. PMID: 31357461; PMCID: PMC6722849. Classifique esse post #aveia #doençaautoimune #imunidade #lectina