O processo de perda de peso não se limita apenas ao emagrecimento. É comum que os pacientes busquem resultados rápidos e práticos, muitas vezes sem compreender os desafios envolvidos na consecução desse objetivo. Nesse sentido, cabe aos profissionais responsáveis promover a saúde do paciente e melhorar seus sintomas. Os desafios enfrentados ao longo da jornada de emagrecimento incluem inflamação crônica, estresse oxidativo e disfunção mitocondrial.
O nutricionista deve estar devidamente capacitado para conduzir uma anamnese detalhada do paciente, formulando as perguntas adequadas. Isso possibilita um mapeamento mais preciso da estratégia nutricional a ser adotada para cada caso, permitindo a identificação de objetivos, análises laboratoriais, biotipo corporal, sinais e sintomas pertinentes.
Estudo de caso
Mulher, 36 anos, casada, sem filhos (com dois abortos prévios, ambos ocorridos antes das 10 semanas, sendo o último há um ano), enfrenta dificuldades com a perda de peso desde a infância. Tem o desejo de engravidar novamente, porém tem histórico familiar de Diabetes Mellitus, hipertensão arterial e trombose.
Apresenta as seguintes queixas principais: cansaço, enxaqueca recorrente, candidíase recorrente, compulsão alimentar por doces durante a noite, dificuldades de concentração, retenção de líquidos, amenorreia há seis meses, decorrente de um diagnóstico recente de Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), gases e constipação intestinal.
Na avaliação corporal, apresenta um peso de 77,4 kg, um Índice de Massa Corporal (IMC) de 34,4 kg/m² e 34% de gordura corporal, com foco em gordura visceral. Ainda, os exames bioquímicos mostram alterações nos níveis de glicemia em jejum, hemoglobina glicada, colesterol total, vitamina B12, vitamina D e insulina em jejum. Por fim, o registro alimentar de 24 horas revela um alto consumo de cafeína, embutidos, alimentos industrializados e carboidratos simples.
Condutas para o Emagrecimento
Há muita discussão sobre os pacientes desenvolverem certas doenças devido à predisposição genética. No entanto, observa-se que a paciente em questão possui uma alimentação inadequada, apresenta compulsão alimentar e consome uma quantidade significativa de alimentos industrializados, o que contribui para tais complicações. Quanto à perda gestacional, não cabe ao nutricionista fazer tal investigação, visto que os pacientes já recebem acompanhamento de outros profissionais da equipe multidisciplinar. A solicitação de exames só deve ser feita se houver necessidade para uma melhor conduta nutricional.
A abordagem adotada para este estudo de caso baseou-se em aspectos qualitativos, promovendo a inclusão de alimentos mais saudáveis, aumento da ingestão de água, redução do consumo de cafeína ao longo do dia, implementação de exercícios físicos e incorporação de um café da manhã na rotina. Foram prescritos 100 mg de Lactoferrina por 60 dias e ômega 3 por 90 dias.
Após 15 dias, a paciente relatou uma redução no inchaço e maior disposição ao longo do dia. Foi então introduzida a suplementação de lactobacilos para melhorar a constipação intestinal, juntamente com um shake contendo fibras e TCM para aumentar a saciedade durante a tarde. Por último, o jejum intermitente foi adotado como estratégia nutricional após 12 semanas de acompanhamento, com a recomendação de ser praticado em dias alternados, com um consumo de 40% de carboidratos, 30% de lipídios e 30% de proteínas.
Prática clínica
Na prática clínica, é de extrema importância ter empatia com o paciente e adotar condutas clínicas, respeitando a sua individualidade e suas queixas. Após 6 meses de acompanhamento a paciente se sente mais motivada, sem queixas, com melhora da sua relação com a comida e melhora da autoestima com uma perda de 12,6 kg.
Vale ao profissional ter empatia, escuta ativa do paciente, realizar uma boa anamnese, solicitar exames caso mude sua conduta nutricional e respeitar a individualidade do paciente.
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Referências Bibliográficas
DONNE, M. Le; METRO, D.; ALIBRANDI, A.; PAPA, M.; BENVENGA, S.. Effects of three treatment modalities (diet, myoinositol or myoinositol associated with D-chiro-inositol) on clinical and body composition outcomes in women with polycystic ovary syndrome. European Review For Medical And Pharmacological Sciences, [S.L.], v. 23, n. 5, p. 2293-2301, mar. 2019. Verduci Editore s.r.l.. http://dx.doi.org/10.26355/eurrev_201903_17278.