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  • Foto do escritorKcal da Science Play

Estratégias Nutricionais Efetivas para o Gerenciamento da Menopausa e suas Repercussões

Na esteira das palavras de Heraclito de Éfeso, que proclamou "panta rhei", tudo flui, podemos contemplar a natureza transitória da vida e suas manifestações, incluindo as transformações que ocorrem em nosso corpo ao longo do tempo. Esse fluxo contínuo é particularmente evidente nas experiências das mulheres, que atravessam diversas fases ao longo de suas vidas, culminando na menopausa. Este fenômeno, marcado pelo fim da menstruação e o encerramento do período reprodutivo, é um componente inevitável do envelhecimento feminino, refletindo a passagem inexorável do tempo. 


A menopausa, naturalmente definida após 12 meses de amenorreia em uma mulher com 45 anos ou mais, é um processo que, embora possa durar de 4 a 5 anos em média, é altamente variável entre os indivíduos. Neste contexto de transitoriedade e mudança, é crucial compreender os aspectos físicos, emocionais e cognitivos associados à menopausa, bem como as estratégias para enfrentar essa fase da vida com saúde e bem-estar.


Ciclo Menstrual


O ciclo menstrual de 28 dias é crucial para compreendermos a fisiologia feminina. Inicia-se com a fase folicular, onde o ovário assume o protagonismo na produção de estrogênio, estimulado pelo hormônio folículo-estimulante (FSH), responsável pelo crescimento dos folículos. Por volta do 14º dia, ocorre a ovulação, momento em que um óvulo maduro é liberado do folículo ovariano. Posteriormente, na fase lútea, que se estende até o 28º dia, o corpo lúteo entra em cena, secretando progesterona e estrogênio para preparar o útero para uma possível gestação. Sem fertilização, o revestimento uterino é eliminado durante a menstruação.


Durante a perimenopausa, que antecede a menopausa, ocorrem mudanças hormonais significativas. Os níveis de estrogênio começam a declinar gradualmente, enquanto o FSH aumenta, impactando a saúde óssea, a composição corporal e o bem-estar emocional.


Na perimenopausa precoce, observamos poucas alterações nos níveis de estrogênio, mas um aumento do FSH indica uma diminuição na reserva ovariana. Já na perimenopausa tardia, há uma queda acentuada nos níveis de estrogênio, o que pode resultar em alterações metabólicas, como a redistribuição de gordura corporal e a perda de massa muscular.


Portanto, para oferecer o melhor suporte nutricional durante essa transição, é fundamental uma anamnese minuciosa, considerando fatores individuais, genéticos e de estilo de vida, a fim de minimizar os sintomas e promover a saúde e o bem-estar durante esse período de mudança fisiológica. Avaliamos o padrão de atividade física da paciente, pois o sedentarismo está diretamente ligado ao risco cardiovascular, e também se fala das alterações glicêmicas durante a menopausa desencadeiam uma série de reações metabólicas, destacando a importância de uma abordagem nutricional adequada. 


Quando consideramos a suplementação, é essencial garantir que a dieta da paciente seja rica e equilibrada em nutrientes essenciais para obter resultados significativos. Estudos mostraram melhorias significativas no IMC, circunferência da cintura e controle glicêmico com a suplementação de 2g de mio-inositol por 6 meses. Além disso, o equilíbrio da microbiota intestinal é fundamental, e o uso de probióticos e prebióticos pode beneficiar a saúde geral.


No contexto do coração, é importante monitorar os níveis de fibrinogênio e lipoproteína A para uma avaliação precisa do risco cardiovascular. O estradiol desempenha um papel significativo na saúde cardiovascular, pois fortalece as defesas antioxidantes, reduz a hipertrofia cardíaca e a apoptose, proporcionando proteção ao coração. Quando os níveis de estradiol diminuem, a produção de óxido nítrico também é afetada, tornando estratégias como o consumo de suco de beterraba relevantes para a saúde do coração.


Sintomas da Menopausa


Os sintomas vasomotores na menopausa referem-se a ondas de calor, sudorese e flutuações na temperatura corporal que podem ocorrer até 1 ano antes da última menstruação, devido às mudanças hormonais durante a menopausa. O uso de vitex agnus castus 30mg pode ser uma estratégia eficaz para reduzir a ansiedade associada a esses sintomas. Em relação aos sintomas cognitivos, o estradiol está associado ao fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF), que desempenha um papel importante na função cognitiva. Estratégias como a suplementação de resveratrol 175mg e ginseng podem melhorar a velocidade de processamento cognitivo e reduzir a fadiga. Os sintomas cognitivos na menopausa podem incluir dificuldade de concentração, lapsos de memória e problemas de raciocínio. 


A avaliação da paciente durante a menopausa requer uma abordagem completa e cientificamente embasada. Inicialmente, é fundamental caracterizar o estágio da menopausa em que se encontra, considerando critérios clínicos e hormonais, como idade, histórico menstrual e sintomas específicos. Em seguida, uma anamnese detalhada, abordando aspectos pessoais, familiares, histórico médico, uso de medicamentos e estilo de vida, fornece informações cruciais para compreender o contexto individual da paciente. A saúde do sono também deve ser documentada, incluindo avaliação da qualidade e duração do sono, bem como a presença de distúrbios do sono, como insônia. O uso de medicamentos, especialmente a terapia hormonal, deve ser averiguado com precisão, considerando regime de administração, dosagens e duração do tratamento.


Prática Clínica


No consultório, é essencial realizar uma anamnese detalhada para uma abordagem personalizada durante a menopausa, considerando fatores individuais, genéticos e de estilo de vida. Além disso, é importante avaliar o padrão de atividade física, oferecer suporte nutricional e suplementação adequada para aliviar sintomas e promover a saúde cardiovascular e metabólica. Monitorar os marcadores de risco cardiovascular, como fibrinogênio e lipoproteína A, e considerar estratégias como o consumo de suco de beterraba. Uma avaliação completa da paciente, incluindo histórico menstrual, sintomas específicos e saúde do sono, é fundamental para uma abordagem holística e cientificamente embasada, utilizando referências bibliográficas atualizadas.


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Referências Bibliográficas


Bonganha, V., Libardi, C. A., Santos, C. F., De Souza, G. V., Conceiçaõ, M. S., Chacon-Mikahil, M. P. T., & Madruga, V. A. (2012). Predictive equations overestimate the resting metabolic rate in postmenopausal women. The Journal of Nutrition, Health & Aging, 17(3), 211–214. doi:10.1007/s12603-012-0395-3

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