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Fibras prebióticas e saúde muscular

Brunno Falcão

2 min

29 de dez. de 2021

Uma microbiota saudável não é feita apenas de microrganismos. Esses seres vivos precisam também do substrato adequado para sobreviverem, expressarem os genes e produzirem os metabólitos que efetivamente conferem benefícios à saúde do hospedeiro. A esses substratos damos o nome de prebióticos. Por definição, são caracterizados como: “Substratos utilizados de maneira seletiva pelos microrganismos conferindo benefícios de saúde ao hospedeiro” Poli- e oligossacarídeos não digeridos pelas enzimas humanas são considerados prebióticos: Frutooligossacarídeos, inulina, pectina e lignina são representantes dessas substâncias. Estamos basicamente falando das fibras de frutas, vegetais, castanhas, sementes e alimentos integrais, que são o exemplo mais claro de prebióticos que temos: por se tratar de carboidratos não digeríveis, a sua metabolização frequentemente é feita por bactérias colônicas. Os ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) são resultado da fermentação das fibras no cólon, a região mais distante do intestino, e geram uma série de efeitos positivos no metabolismo, como, por exemplo, o controle da ingestão e gasto energético, através de mecanismos de controle de apetite periféricos e centrais aliados à regulação da atuação de hormônios como IGF-1. O consumo desses compostos é primordial para a manutenção da composição e funcionalidade das espécies microbianas benéficas no ambiente intestinal. Quando a ingestão proteica aumenta, característica comum do padrão alimentar de praticantes de atividade física e atletas de alto nível, o conteúdo proteico não digerido pode alcançar o cólon e ser metabolizado pelas bactérias ali presentes (que “idealmente” devem metabolizar os prebióticos) alterando o padrão de metabólitos da microbiota para um perfil menos benéfico, além de poder resultar na perda de espécies que apresentam repercussão positiva na saúde, como Roseburia, Blautia, and B. longum . Principalmente nesses indivíduos, a quantidade de prebióticos deve ser bem adequada em relação aos níveis proteicos, que por sua vez, devem estar apenas dentro das necessidades individuais, sem excessos. A principal potencialidade obtida a partir do consumo das fibras prebióticas é a produção dos ácidos graxos de cadeia curta (butirato, acetato e propionato) . Quando pensamos em saúde muscular, os efeitos anti-inflamatórios, de melhora da sensibilidade à insulina e aumento da captação de glicose proporcionados por essas moléculas são capazes de oferecer benefícios aos processos de adaptação que ocorrem nos músculos em resposta ao exercício. A suplementação de probióticos sem o consumo adequado de prebióticos não faz sentido! Estes últimos são mais facilmente obtidos pela alimentação a partir de um consumo adequado de alimentos vegetais, fontes de fibras. Mas também podem ser encontrados em forma de suplementos, indicados para casos de estratégias específicas como dietas com menor teor de carboidratos ou em situações de necessidades elevadas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Jäger, R., Mohr, A. E., Carpenter, K. C., Kerksick, C. M., Purpura, M., Moussa, A., … Antonio, J. (2019). International Society of Sports Nutrition Position Stand: Probiotics. Journal of the International Society of Sports Nutrition, 16(1). doi:10.1186/s12970-019-0329-0 Son, J., Jang, L.-G., Kim, B.-Y., Lee, S., & Park, H. (2020). The Effect of Athletes’ Probiotic Intake May Depend on Protein and Dietary Fiber Intake. Nutrients, 12(10), 2947. doi:10.3390/nu12102947 Pane, M., Amoruso, A., Deidda, F., Graziano, T., Allesina, S., & Mogna, L. (2018). Gut Microbiota, Probiotics, and Sport. Journal of Clinical Gastroenterology, 1. doi:10.1097/mcg.0000000000001058 Guarner, F., Khan, A. G., Garisch, J., Eliakim, R., Gangl, A., Thomson, A., … Kim, N. (2012). World Gastroenterology Organisation Global Guidelines. Journal of Clinical Gastroenterology, 46(6), 468–481. doi:10.1097/mcg.0b013e3182549092