Hormônios no Esporte: Da Interpretação Laboratorial à Conduta Nutricional
Brunno Falcão
3 min
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3 de jul. de 2024
Hormônios e Hipertrofia Muscular O treinamento resistido desencadeia respostas hormonais cruciais para a hipertrofia muscular, fundamentadas no conceito de Mecanotransdução. Durante o exercício de força, ocorre uma cascata de liberação de hormônios, como o GH, que promovem respostas anabólicas no organismo. Existem mitos difundidos sobre o impacto do GH imediatamente após o treino , sugerindo restrições alimentares para evitar a insulina, além de crenças equivocadas sobre o jejum intermitente. No entanto, estudos mostram que a liberação aguda de hormônios após o exercício retorna ao nível basal cerca de 30 minutos após o término. Papel do GH na Hipertrofia Os hormônios que são produzidos no treinamento de força tem impacto mínimo na hipertrofia de forma direta. Na verdade, o que ocorre durante esse treinamento é o aumento de receptores androgênicos intra musculares, e isso sim está relacionado com a hipertrofia. Embora o GH seja essencialmente regulado por sono, exercício e nutrição, seu papel direto na hipertrofia é limitado. Assim, a conversão do GH em IGF pelo fígado é crucial para seus efeitos anabólicos, gerando os efeitos de respostas. É importante destacar que o GH tem efeito diabético no organismo , então é de alta importância o acompanhamento da glicemia do paciente que faz uso desse hormônio. A suplementação com Arginina é comum para estimular a liberação de GH , embora seu uso oral necessite de doses elevadas, impactando na adesão do paciente. Para crianças, fatores como dieta equilibrada, sono adequado e atividade física regular são essenciais para regular naturalmente o GH e estimar a altura alvo. Ademais, o cálculo da estatura alvo é muito importante para que se entenda a altura alvo da criança, o que é baseado nas alturas dos pais dessa criança. Impactos Hormonais no Alto Rendimento e Suplementação de Testosterona A baixa disponibilidade energética em atletas pode desencadear desordens hormonais, como a redução na conversão de T4 para T3 e diminuição dos níveis de testosterona. A deficiência de testosterona em homens resulta em déficits cognitivos, perda de massa magra, redução da densidade mineral óssea, disfunção erétil e diminuição da libido sexual. Para mulheres, a terapia de reposição de testosterona (TRT) só é recomendada para o tratamento do transtorno do desejo sexual hipoativo. Visando o aumento do hormônio testosterona, o único fitoterápico que apresenta evidências é a Whintania Somnifera (600 mg/dia para homens e mulheres), o qual faz com que haja o aumento discreto do hormônio mas que gera melhoras do quadro clínico. Vale destacar que não há estudos que comprovem a relação da Whintania Somnifera com a hipertrofia muscular. É importante ressaltar que os esteroides anabolizantes têm vários efeitos no organismo, incluindo o aumento da eritropoiese , que eleva a produção de células vermelhas e consequentemente o fluxo de oxigênio no corpo. Esse processo também aumenta a espessura do sangue, aumentando o risco cardiovascular e de trombose. Nesse caso, o uso de testosterona também impacta diretamente na eritrocitose e faz com que haja a redução da proteína hepcidina , levando a um menor transporte e incorporação do ferro e também diminuição dos níveis disponíveis dos eritrócitos. Mitigação de Efeitos Adversos Há mitos sobre o uso de aspirina para reduzir os efeitos adversos da testosterona , como alterações no hemograma. Na realidade, é um medicamento eficaz na profilaxia de eventos arteriais, mas não afeta diretamente hemoglobina e hematócrito. Além disso, o Stanozolol pode causar disfunção no perfil lipídico e hepático, reduzindo rapidamente o HDL, pois aumenta os níveis de lipase triglicerídeos hepática, responsável pela degradação das moléculas de HDL. A Berberina também é uma opção para o tratamento clínico dessas alterações. Por fim, é importante entender que cada indivíduo tem suas próprias limitações e potenciais genéticos, sendo fundamental considerar esses aspectos ao planejar estratégias de treinamento e suplementação. Prática Clínica É essencial compreender as respostas hormonais ao treinamento resistido e desmistificar mitos, como a necessidade de evitar insulina pós-treino. Estudos mostram que níveis hormonais retornam ao normal 30 minutos após o exercício. A suplementação com Arginina para estimular GH e o uso de Whintania Somnifera para aumentar testosterona devem ser baseados em evidências científicas. Monitorar a glicemia é crucial em pacientes que utilizam hormônios como GH, devido ao seu efeito diabético. Considerar as limitações e potenciais genéticos individuais ao planejar estratégias de treinamento e suplementação é fundamental para uma abordagem personalizada e segura. Continue Estudando… Sugestão de estudo: A Endocrinologia do Atleta: Os Benefícios Hormonais da Atividade Física Sugestão de estudo: Hormônios e Perda de Peso com Denise de Carvalho Sugestão de estudo: Mudanças Hormonais e Reflexos no Emagrecimento Referências Bibliográficas CHEUNG, A. S.; GROSSMANN, M. Physiological basis behind ergogenic effects of anabolic androgens. Molecular and Cellular Endocrinology , v. 464, p. 14-20, 15 mar. 2018. DOI: 10.1016/j.mce.2017.01.047.