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Impactos Ambientais do Vegetarianismo e Sustentabilidade

Brunno Falcão

5 min

28 de jul. de 2024

A adoção de uma dieta vegetariana tem implicações significativas não apenas para a saúde humana, mas também para a sustentabilidade ambiental . Com a crescente preocupação com as mudanças climáticas e a degradação ambiental, o vegetarianismo é frequentemente promovido como uma escolha dietética que pode ajudar a mitigar o impacto ambiental da produção de alimentos.   Redução das Emissões de Gases de Efeito Estufa   A produção de alimentos de origem animal é uma das principais fontes de emissões de gases de efeito estufa (GEE).  A criação de gado para carne e laticínios é particularmente intensiva em termos de recursos e contribui significativamente para as emissões de metano, um potente GEE.   Um estudo publicado na revista Science em 2018, intitulado "Reducing food’s environmental impacts through producers and consumers" , analisou os impactos ambientais de diferentes sistemas de produção alimentar e concluiu que a transição para dietas baseadas em plantas poderia reduzir as emissões de GEE em até 73%. Essa redução significativa é atribuída à menor necessidade de ração, água e terra para a produção de alimentos vegetais em comparação com a produção animal.   Conservação de Água   A produção de alimentos de origem animal também é extremamente intensiva em termos de consumo de água. A criação de gado , em particular, requer grandes quantidades de água para irrigar as culturas utilizadas como ração, além da água necessária para o próprio consumo dos animais . Em contraste, a produção de alimentos vegetais requer significativamente menos água. O estudo destacou que a adoção de dietas vegetarianas pode reduzir o uso global de água em até 50%,  ajudando a conservar um recurso vital que está cada vez mais sob pressão devido ao crescimento populacional e às mudanças climáticas.   A produção de carne bovina, por exemplo, é notoriamente intensiva em termos de uso de água. Cada quilograma de carne bovina requer aproximadamente 15.000 litros de água, considerando toda a cadeia produtiva, desde a irrigação das culturas utilizadas para ração até a água consumida pelos animais. Em comparação, a produção de grãos como trigo e arroz utiliza entre 1.000 e 3.000 litros de água por quilograma de produto. Portanto, a mudança para uma dieta baseada em plantas pode ter um impacto significativo na conservação dos recursos hídricos.   Sustentabilidade e Biodiversidade   A expansão da agricultura animal tem sido um dos principais motores da desflorestação e da perda de habitats naturais, o que, por sua vez, ameaça a biodiversidade global. A conversão de florestas e outros ecossistemas naturais em pastagens e terras agrícolas para a produção de ração animal resulta na perda de habitats críticos para inúmeras espécies.   Dietas baseadas em plantas requerem menos terra para produzir a mesma quantidade de calorias , permitindo a preservação de ecossistemas naturais e a proteção da biodiversidade. O estudo sugere que a adoção global de dietas baseadas em plantas poderia liberar milhões de hectares de terra , proporcionando oportunidades significativas para a restauração de habitats e a conservação da biodiversidade.   A agricultura animal é responsável por cerca de 80% do desmatamento na Amazônia, um dos ecossistemas mais biodiversos do planeta. A criação de pastagens e a produção de soja para ração animal têm levado à destruição de vastas áreas de floresta tropical, resultando na perda de espécies e na liberação de grandes quantidades de dióxido de carbono armazenado nas árvores. A mudança para uma dieta baseada em plantas poderia reduzir significativamente a pressão sobre esses ecossistemas e ajudar a preservar a biodiversidade.   Redução da Poluição e Melhoria da Qualidade do Solo   A produção intensiva de carne também está associada à poluição do solo e da água devido ao uso excessivo de fertilizantes e pesticidas , bem como ao manejo inadequado de resíduos animais. Em contraste, a agricultura baseada em plantas tende a ser menos poluente e pode ser gerida de forma mais sustentável. Práticas agrícolas sustentáveis, como a rotação de culturas, o uso de adubação verde e a redução do uso de produtos químicos sintéticos, podem melhorar a saúde do solo e reduzir a poluição ambiental.  O estudo reforça a ideia de que dietas vegetarianas podem contribuir para a sustentabilidade agrícola e a proteção dos recursos naturais.   Ainda, resíduos animais , quando mal geridos, podem contaminar corpos d'água próximos , causando eutrofização e a formação de zonas mortas, onde a vida aquática não pode sobreviver devido à falta de oxigênio. Além disso, o uso intensivo de fertilizantes nitrogenados na produção de ração animal pode levar à contaminação do solo e da água com nitratos , que são prejudiciais à saúde humana. A agricultura vegetal, especialmente quando baseada em práticas orgânicas, tende a usar menos fertilizantes e pesticidas, reduzindo assim a poluição ambiental.   Redução do Uso de Antibióticos   A criação de animais em grande escala muitas vezes envolve o uso extensivo de antibióticos para prevenir doenças e promover o crescimento. Este uso excessivo de antibióticos contribui para o surgimento de bactérias resistentes, o que representa uma ameaça significativa à saúde pública global . Em contrapartida, a produção de alimentos vegetais não depende do uso de antibióticos, o que pode ajudar a mitigar o problema da resistência antimicrobiana. A adoção de uma dieta vegetariana pode, portanto, contribuir para a redução do uso de antibióticos na agricultura e ajudar a preservar a eficácia desses medicamentos no tratamento de doenças humanas.   Mitigação das Mudanças Climáticas   A agricultura animal é uma das principais fontes de emissões de metano, um dos gases de efeito estufa mais potentes. O metano é produzido durante a digestão dos ruminantes,  como vacas e ovelhas, e é liberado na atmosfera através da eructação. Além disso, a gestão de esterco animal também libera metano e óxido nitroso , outro gás de efeito estufa potente. A transição para dietas baseadas em plantas pode reduzir significativamente essas emissões, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas . O estudo estima que a adoção de dietas vegetarianas poderia reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa da produção de alimentos em até 73%, representando uma contribuição substancial para os esforços globais de combate às mudanças climáticas.   Prática Clínica   A adoção de uma dieta vegetariana oferece benefícios ambientais substanciais, incluindo a redução das emissões de gases de efeito estufa, a conservação de água, a preservação de terras e biodiversidade, a redução da poluição e a melhoria da qualidade do solo. Além disso, a mudança para dietas baseadas em plantas pode ajudar a mitigar a resistência antimicrobiana e contribuir para os esforços globais de combate às mudanças climáticas. Portanto, o vegetarianismo não só promove a saúde humana, mas também desempenha um papel crucial na promoção da sustentabilidade ambiental e na proteção do nosso planeta para as futuras gerações.   Continue estudando…   Sugestão de estudo:   Deficiência de Ferro no Vegetarianismo    Sugestão de estudo:   Impacto da Vitamina B12 no Vegetarianismo e Veganismo   Sugestão de estudo:   Dieta Vegetariana e Melhora da Saúde Cardiovascular   Referências Bibliográficas   POORE, J.; NEMECEK, T.. Reducing food’s environmental impacts through producers and consumers.   Science , [S.L.], v. 360, n. 6392, p. 987-992, jun. 2018. American Association for the Advancement of Science (AAAS).