Invisíveis entre Nós: Vidas Ocultas na Dor
Brunno Falcão
6 min
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16 de mai. de 2024
O dia 15 de Maio é o dia Internacional da Síndrome de Ehlers-Danlos, e o maior desafio para quem sofre dessa síndrome é o diagnóstico tardio, causado pela complexidade do diagnóstico e pela falta de conhecimento entre os profissionais da saúde. No coração de uma das condições médicas menos compreendidas e mais enigmáticas está a Síndrome de Ehlers-Danlos (SED). Marcada por uma complexidade sintomática que confunde até os profissionais de saúde mais experientes, a SED se manifesta de maneiras que podem parecer, para quem observa de fora, completamente desconexas. Este 15 de maio, enquanto o mundo observa o Dia Internacional da Síndrome de Ehlers-Danlos, é o momento de lançar luz sobre essa condição pouco conhecida e suas profundas repercussões na vida de quem a enfrenta. Para muitos de nós que convivemos com a SED, a jornada começa com uma busca incessante por respostas. O diagnóstico de SED é frequentemente um percurso tortuoso, marcado por consultas incontáveis e, muitas vezes, por diagnósticos equivocados. Cada consulta médica pode se transformar em um novo capítulo de frustração e esperança. A diversidade de sintomas — que pode incluir desde uma elasticidade incomum da pele e articulações extremamente flexíveis até problemas mais graves como complicações vasculares — torna a SED uma síndrome camaleônica, dificilmente detectável em seus estágios iniciais. A vida com SED é uma luta constante contra a invisibilidade. A dor crônica e as limitações físicas muitas vezes não são visíveis a olho nu, o que leva a uma falta de compreensão por parte daqueles que nos rodeiam, incluindo alguns profissionais de saúde. Essa variação complica não apenas o diagnóstico, mas também o tratamento, exigindo uma abordagem interdisciplinar e altamente personalizada. Cada dia é uma batalha para encontrar um equilíbrio entre gerenciar os sintomas e manter um senso de normalidade. "Você deveria ir para o Cirque du Soleil" disse um médico que me atendeu uma vez. Na hora, pareceu engraçado, já que a hiperflexibilidade me acompanhou a vida inteira e o Cirque du Soleil é algo extraordinário. Porém, isso não resolveu meus problemas, e eu fui só piorando e desacreditando que a medicina me compreenderia. Nada, nem ninguém, trazia as respostas. Hoje, mais do que nunca, é crucial que aumentemos a visibilidade da Síndrome de Ehlers-Danlos. Precisamos de mais pesquisas, mais educação e mais compreensão para transformar as vidas daqueles que vivem nas sombras da SED. A conscientização não só ajuda no diagnóstico e tratamento, mas também cria uma rede de apoio que pode oferecer esperança e solidariedade. Portanto, compartilhem. Ao ver tantos sintomas reunidos, você pode até se perguntar: "Será que eu tenho isso?" Se você está sob acompanhamento médico há anos, mas ainda enfrenta a incompreensão da combinação de sintomas, procure um médico especializado. #EDS #SED #EhlersDanlos Entenda a Síndrome de Ehlers-Danlos A Síndrome de Ehlers-Danlos (SED) é um grupo de distúrbios do tecido conjuntivo, caracterizado principalmente pela hiperelasticidade da pele, hiper mobilidade articular e fragilidade tecidual. Vamos detalhar cada uma das perguntas: 1.O que é SED? SED refere-se a uma variedade de condições hereditárias que afetam o colágeno no corpo, uma proteína crucial que fortalece vários tecidos corporais. As anormalidades no colágeno levam a sintomas em múltiplos sistemas do corpo, tornando a SED um distúrbio complexo e multifacetado. 2.Com o Diagnosticar? O diagnóstico de SED é geralmente baseado em critérios clínicos específicos que incluem histórico familiar, sinais clínicos e, em alguns casos, testes genéticos. Um exame físico detalhado que avalia a elasticidade da pele, a extensão da mobilidade articular e outros sinais físicos é essencial. Testes genéticos podem confirmar o diagnóstico em alguns subtipos de SED, especialmente quando há suspeita de envolvimento vascular ou outras formas mais raras. 3.Quais os Sintomas? Sintomas Musculoesqueléticos: Hiperelasticidade da pele: Pele esticável além do normal. Hiper mobilidade articular: Articulações que se estendem além da amplitude normal. Dor articular: Dor frequente e crônica nas articulações. Subluxações e dislocações: Articulações que se deslocam facilmente e frequentemente. Fragilidade tecidual: Tecidos que se rasgam ou machucam facilmente. Dor muscular: Dor muscular crônica e espasmos. Fadiga: Cansaço extremo que não melhora com o descanso. Problemas ósseos: Incluindo osteopenia (baixa densidade óssea) ou osteoporose em casos raros. Sintomas Cutâneos: Cicatrização atípica: Cicatrizes que são finas, largas e aparecem "papel de cigarro". Fácil formação de hematomas: Hematomas que surgem facilmente e sem causa aparente. Pele macia e aveludada ao toque. Sintomas Vasculares: Fragilidade vascular: Vasos sanguíneos frágeis que podem romper facilmente. Aneurismas: Dilatações de um vaso sanguíneo que podem levar a rupturas. Varizes: Aparição precoce e severa de varizes. Sintomas Cardiovasculares: Prolapso da válvula mitral: Válvula mitral que não fecha adequadamente. Dilatação da raiz aórtica: Expansão da raiz da aorta. Arritmias: Ritmos cardíacos anormais. Sintomas Gastrointestinais: Refluxo gastroesofágico: Ácido que sobe do estômago para o esôfago. Distúrbios da motilidade: Dificuldades no movimento do conteúdo através do trato gastrointestinal. Hérnias: Saída de um órgão interno através de uma abertura na parede do músculo. Sintomas Neurológicos: Dor de cabeça e enxaqueca. Neuropatia de fibras finas: Dores nervosas crônicas. Problemas de propriocepção: Dificuldade em perceber a posição do corpo. SED - TEA e TDAH Alguns estudos e relatos têm observado uma prevalência aumentada de características de TEA em indivíduos com SED. Essa sobreposição pode ser parcialmente explicada pelas implicações do tecido conjuntivo na estrutura e função do sistema nervoso. As alterações no tecido conjuntivo podem afetar o desenvolvimento neural e a neurologia funcional, potencialmente contribuindo para características autistas. A relação entre SED e TDAH também é uma área de interesse. Alguns pesquisadores sugerem que a fadiga crônica e a dor constante experimentadas por pessoas com SED podem exacerbar ou mimetizar sintomas de TDAH, como dificuldade de concentração e hiperatividade/impulsividade. Além disso, a gestão contínua de múltiplos sintomas e problemas de saúde pode sobrecarregar o sistema nervoso, contribuindo para problemas de atenção. Outras Condições Psicológicas e Neurológicas Indivíduos com SED frequentemente relatam uma variedade de outras condições neurológicas e psicológicas, incluindo, mas não limitado a: Ansiedade e Depressão: O manejo contínuo de uma condição crônica e dolorosa pode contribuir significativamente para o desenvolvimento de transtornos de ansiedade e depressão. Problemas de processamento sensorial: Muitas pessoas com SED relatam hipersensibilidade a estímulos sensoriais, o que pode estar relacionado com a ampla regulação disfuncional do sistema nervoso. Sintomas Autonômicos: Disautonomia, incluindo a síndrome da taquicardia postural ortostática (POTS): Este é um tipo de desregulação autonômica frequentemente observada em pacientes com Síndrome de Ehlers-Danlos (SED). Caracteriza-se por uma alteração no sistema nervoso autônomo que pode resultar em sintomas como tonturas e desmaios, especialmente ao mudar de posição de deitado para em pé. Outros Sintomas de SED: Sintomas dentários: Problemas nos dentes e nas gengivas devido a tecidos frágeis, deslocamento da articulação temporomandibular; Complicações durante a gravidez: Como dilatação anormal do colo, problemas no parto. Audição: Alterações na percepção auditiva, podendo haver surdez em casos raros. Sensibilidades sensoriais aumentadas: Hipersensibilidade a sons, cheiros ou toques. Sintomas frequentemente negligenciados incluem problemas gastrointestinais, como refluxo gastroesofágico e distúrbios de motilidade, problemas de regulação autonômica como taquicardia postural ortostática e fadiga crônica, que muitas vezes são subestimados em sua severidade pelos profissionais de saúde. 6. Qual o tratamento? Não há cura para a SED, mas o tratamento é focado no manejo dos sintomas e na prevenção de complicações. Isso pode incluir: 1. Fisioterapia Exercícios de fortalecimento: Focados nos músculos que suportam as articulações. Exercícios de propriocepção: Para melhorar a consciência corporal e a coordenação. Treinamento de equilíbrio e estabilidade: Para reduzir o risco de quedas e lesões. 2. Controle da Dor (Manejo da Dor) Medicamentos analgésicos: Como paracetamol e anti-inflamatórios não esteroides (AINEs). Medicamentos específicos para dor neuropática: Como gabapentina ou pregabalina. Terapias complementares: Como acupuntura, massagem terapêutica e terapia aquática. Terapia cognitivo-comportamental (TCC): Para ajudar os pacientes a gerenciar a dor crônica e os aspectos emocionais associados. 3. Cuidados com a Pele Uso de emolientes e hidratantes: Para manter a pele hidratada e prevenir rachaduras. Cuidados com feridas: Técnica adequada de limpeza e proteção para evitar infecções. Proteção solar: Para prevenir danos causados pela exposição ao sol. 4. Suporte Cardiovascular Monitoramento regular: De pressão arterial e saúde cardiovascular. Medicação para pressão arterial: Para reduzir o risco de rupturas arteriais. Aconselhamento genético: Para identificar riscos e planejar cuidados preventivos. 5. Gestão da Instabilidade Articular Uso de órteses e dispositivos de suporte: Para estabilizar as articulações e prevenir lesões. Técnicas de tape: Aplicação de fitas adesivas para suporte adicional das articulações. Educação postural: Ensinar posturas corretas e técnicas para minimizar o estresse nas articulações. Continue se atualizando... Sugestão de estudo: Obesidade, Emagrecimento e o Efeito Ozempic: Impacto em Diversas Cadeias de Negócios Sugestão de estudo: Avaliação de Chatbots de Saúde: Métricas Essenciais Sugestão de estudo: Sobrecarga de Informação e Escassez de Profissionais de Saúde