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Adaptógenos e Transtornos Mentais

Brunno Falcão

4 min

14 de ago. de 2024

A depressão é um transtorno significativo que afeta a saúde mental, estando associada ao aumento do risco de mortalidade prematura e outras doenças. Caracteriza-se por percepções negativas persistentes e deterioração emocional, impactando as atividades diárias. Fatores como estresse, frustração e baixa atividade física são conhecidos como riscos, e a prevalência de depressão aumentou durante o confinamento causado pelo SARS-CoV-2. A depressão está relacionada à disfunção de neurotransmissores e a alterações em regiões específicas do cérebro. Nesse contexto, a alostase é um modelo importante para entender como o organismo se adapta aos estressores. Os tratamentos não farmacológicos, como a terapia cognitivo-comportamental e a atividade física, têm demonstrado eficácia. Além disso, práticas tradicionais como a medicina chinesa e o Ayurveda utilizam adaptógenos, que são ervas conhecidas por melhorar a resistência ao estresse. Exemplos de adaptógenos incluem ginseng, Rhodiola Rosea e Ashwagandha. Embora esses adaptógenos mostrem potencial para tratar a depressão, são necessárias mais pesquisas para determinar sua eficácia, doses ideais e combinações com exercícios físicos. Adaptógenos e Atividade Física: Uma Abordagem Integrada para Tratar a Depressão Extratos herbais adaptogênicos e misturas enriquecidas com metabólitos secundários demonstram impactos positivos na fisiologia humana em situações de estresse. Adaptógenos têm mostrado efeitos baixos a moderados na redução da ansiedade e da depressão leve. No entanto, há uma escassez de pesquisas que avaliem a atividade física combinada com adaptógenos. A maioria dos pacientes com transtorno depressivo maior leve a moderado são adultos, principalmente mulheres, com idades entre 18 e 97 anos. Entre os adaptógenos mais estudados, destacam-se o Hypericum perforatum, Crocus sativus L., Rhodiola rosea, Withania somnifera, Panax, Lepidium meyenii, Valeriana officinalis e Cordyceps. Hypericum perforatum é considerado superior ao placebo e comparável aos antidepressivos convencionais, com menos efeitos colaterais, sendo seguro e eficaz. Crocus sativus L . também apresenta evidências significativas de eficácia, embora seu alto custo limite a acessibilidade. Impacto dos Adaptógenos na Alostase Celular e Seus Mecanismos de Ação na Depressão As melhorias nos sintomas depressivos proporcionadas pelos adaptógenos são atribuídas aos efeitos positivos de seus compostos naturais. Esses compostos, como terpenoides, alcaloides e fenóis, ajudam as células a se adaptar ao estresse. As ervas adaptogênicas contêm fitoestanóis, fitoesteróis, alcaloides e saponinas, que são os principais componentes benéficos. Atulmente, a depressão é vista como resultado de uma falta crônica de energia e uma percepção interna alterada. Os compostos dos adaptógenos, com suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, protegem as células nervosas. Por exemplo, o Hypericum perforatum , conhecido como erva de São João, contém substâncias que ajudam a regular os neurotransmissores e aumentam a produção de fatores de crescimento nervoso. Outro exemplo é o Crocus sativus L. , que tem mostrado efeitos antidepressivos ao influenciar vias de crescimento celular e resposta ao estresse. A Rhodiola rosea  também atua de maneira semelhante, com efeitos calmantes e protetores para as células nervosas. Já o Panax , especialmente com seus ginsenosídeos, protege contra a inflamação no cérebro e melhora a comunicação entre as células nervosas. Esses mecanismos sugerem que muitas plantas adaptogênicas compartilham formas similares de combater a depressão, ajudando a regular o crescimento e a proteção das células nervosas. Além disso, os adaptógenos ajudam a modular a resposta ao estresse no corpo. Portanto, é necessário mais pesquisa para entender melhor como esses compostos funcionam e como a combinação de adaptógenos com exercícios físicos pode melhorar o tratamento da depressão. Prática Clínica Diante das descobertas recentes, recomenda-se considerar o uso de adaptógenos como parte de uma abordagem integrativa no tratamento da depressão. Adaptógenos como Hypericum perforatum  e Crocus sativus L.  têm demonstrado efeitos antidepressivos significativos, comparáveis aos antidepressivos convencionais, mas com menos efeitos colaterais. No entanto, é importante destacar que a combinação desses adaptógenos com exercícios físicos ainda precisa de mais investigação. Portanto, é sugerido que os profissionais orientem seus pacientes a incluir esses adaptógenos em seu tratamento, enfatizando que eles podem ser uma alternativa eficaz para melhorar os sintomas depressivos, desde que utilizados em preparações padronizadas e de alta qualidade. Além disso, recomenda-se que os pacientes mantenham um regime de exercícios físicos regulares, pois a combinação com adaptógenos pode potencializar os efeitos benéficos. Contudo, é necessário ressaltar que ainda são necessárias mais pesquisas para confirmar a eficácia, a dosagem correta e a sinergia dos adaptógenos com a atividade física. A integração desses tratamentos não farmacológicos com terapias convencionais pode oferecer uma estratégia promissora para gerenciar a depressão e, ao mesmo tempo, melhorar a qualidade de vida dos pacientes. É fundamental que os profissionais acompanhem o progresso dos pacientes e ajustem o tratamento conforme necessário para otimizar os resultados. Continue estudando... Sugestão de leitura: O que são Adaptógenos e como podem beneficiar sua saúde  Sugestão de leitura: Adaptógenos, estresse e ansiedade: qual a relação? Sugestão de leitura: Alimentos Adaptógenos e sua Contribuição para o Manejo do Estresse na Nutrição Funcional Referências Sánchez IA, Cuchimba JA, Pineda MC, Argüello YP, Kočí J, Kreider RB, Petro JL, Bonilla DA. Adaptogens on Depression-Related Outcomes: A Systematic Integrative Review and Rationale of Synergism with Physical Activity. Int J Environ Res Public Health. 2023 Mar 28;20(7):5298. doi : 10.3390/ijerph20075298 . PMID: 37047914; PMCID: PMC10094590.