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  • Foto do escritorKcal da Science Play

Modulação dos níveis de ferro na saúde da mulher

O ferro é um mineral com um papel dicotômico, sendo um componente central de proteínas vitais como a hemoglobina, ou também sendo tóxico, causando estresse oxidativo e participando da formação de radicais livres. Ou seja, não se vive sem o ferro, mas seu excesso também não é interessante. Nesse cenário, o ferro se torna tóxico devido ao seu armazenamento no pâncreas e no fígado, ao invés de sua excreção


Dieta e Ferro


A alimentação possui um papel importante no metabolismo do ferro, pois afeta sua absorção e sua biodisponibilidade. No entanto, vale ressaltar que somente uma pequena quantidade do nosso ferro é adquirido na dieta. Quando absorvido, ele é armazenado na forma de Fe2+ e usado para o transporte na forma de Fe3+. Alguns micronutrientes, como a vitamina C, também podem auxiliar para a absorção do ferro não-heme.


Indicador Sistêmico da Homeostase do Ferro


A saturação da transferrina, uma proteína que transporta o ferro no sangue, é influenciada por diversos fatores. Essa saturação é determinada pela quantidade de ferro que é absorvida pelo intestino, pelo ferro que é reciclado pelos macrófagos a partir dos glóbulos vermelhos senescentes e pelo ferro que é utilizado na produção de novos glóbulos vermelhos durante o processo de eritropoiese. Além disso, é importante mencionar que a transferrina diférrica, uma forma específica da transferrina, pode afetar a expressão da hepcidina, um hormônio regulador chave na homeostase do ferro.


A anemia de inflamação não se caracteriza apenas pela deficiência de ferro; embora possa ocorrer simultaneamente, essa associação é rara. Nos casos de anemia de inflamação, observamos níveis elevados de ferritina e baixos níveis de ferro circulante. Vale ressaltar que as mulheres apresentam uma demanda aumentada por ferro, especialmente após a menarca, devido às perdas sanguíneas durante o ciclo menstrual; entretanto, na menopausa, os níveis de ferro tendem a se elevar novamente.


Em mulheres com polimorfismos genéticos, a absorção de ferro proveniente da dieta pode ser comprometida, tornando o tratamento com ferro intravenoso a melhor opção. Além disso, diversos outros fatores podem influenciar a absorção de ferro, incluindo disbiose intestinal, pH gástrico e o uso prolongado de inibidores da bomba de prótons. Essas considerações ressaltam a importância de uma abordagem individualizada no tratamento da anemia, levando em conta as particularidades de cada paciente.


Deficiência de Ferro


Desordens associadas à deficiência de ferro podem se manifestar de diversas maneiras. Entre elas, destacam-se condições como hipermenorreia, adenomiose e sangramento gastrointestinal, que inclui a infecção por H. pylori. Os sintomas e sinais que podem indicar uma deficiência de ferro incluem estomatite, odinofagia e alterações nas unhas, como fragilidade, concavidade e estrias. Além disso, a queda de cabelo, a falta de concentração, a fadiga e a intolerância ao frio são sinais frequentemente observados em indivíduos com baixos níveis de ferro no organismo. 


Ainda, a relação entre o ferro e a tireoide é complexa e multifacetada. O ferro desempenha um papel essencial na função tireoidiana, pois é necessário para a produção adequada dos hormônios tireoidianos triiodotironina (T3) e tiroxina (T4). Esses hormônios são fundamentais para regular o metabolismo basal do organismo, influenciando o funcionamento de praticamente todos os órgãos e sistemas.


Por um lado, a deficiência de ferro pode afetar negativamente a função tireoidiana, levando a distúrbios como hipotireoidismo subclínico ou até mesmo hipotireoidismo clínico. Por outro lado, a tireoide também pode afetar o metabolismo do ferro. O hipotireoidismo, por exemplo, pode levar a uma diminuição na absorção intestinal de ferro e na expressão de proteínas transportadoras de ferro, resultando em uma redução nos níveis de ferro circulante. 


Estágios da Deficiência de Ferro


A deficiência de ferro pode ser dividida em estágios. O primeiro está relacionado com os níveis de ferritina reduzidos, pois ocorre uma depleção nas reservas de. Já o segundo estágio está relacionado com a deficiência no transporte, representado pela baixa saturação de transferrina. Por último, tem-se o terceiro estágio, no qual já se considera o indivíduo com anemia ferropriva.


Exames


Abaixo, tem-se uma lista de exames úteis para a identificação da deficiência de ferro:

  • Leucograma

  • Contagem de plaquetas

  • Ferritina

  • Saturação da transferrina

  • Exame parasitológico de fezes

  • Bilirrubinemia e Urobilinogenúria


Prática Clínica


Por fim, o tratamento da deficiência de ferro é crucial, sendo realizado através da suplementação de ferro elementar em doses de 30 a 50mg. Entretanto, nos casos de anemia, recomenda-se a suplementação de ferro elementar entre 60 a 210 mg/dia. Além disso, as doses farmacológicas de ferro podem apresentar efeitos colaterais como irritação e dor gástrica, vômitos, geração de radicais livres e disbiose intestinal.


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Sugestão de leitura: Como suplementar ferro?




Referências Bibliográficas


Milman N. T. (2020). Dietary Iron Intake in Pregnant Women in Europe: A Review of 24 Studies from 14 Countries in the Period 1991-2014. Journal of nutrition and metabolism, 2020, 7102190. https://doi.org/10.1155/2020/7102190 

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