Qual o papel dos prebióticos na modulação intestinal?
Brunno Falcão
3 min
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3 de out. de 2022
Modulação intestinal e sua importância para a saúde, como os prebióticos podem contribuir? O microbioma intestinal é um ecossistema que age de forma simultânea e mútua com as células do hospedeiro, que deve ser mantido em equilíbrio por meio de uma alimentação balanceada, já que a alimentação é determinante para o equilíbrio microbiano, assim como o consumo periódico de prebióticos e probióticos. Já o desequilíbrio da microbiota intestinal, pode ser influenciado por diversos fatores, tais como uma dieta inadequada , rica em gorduras trans, ou baixo consumo de fibras. Este fator relaciona-se ainda ao alto consumo de conservantes e adoçantes artificiais, mal funcionamento de outros órgãos, estresse crônico, antibióticos ou a ingestão de substâncias químicas, como agrotóxicos e álcool. Mas o que são prebióticos e como eles podem auxiliar no equilíbrio da microbiota? Os prebióticos são substratos utilizados seletivamente por microrganismos hospedeiros, conferindo benefícios à saúde, ou seja, se referem às fibras fermentativas que dão suporte para o crescimento de bactérias benéficas ao ser humano. Dessa forma, as substâncias prebióticas podem auxiliar no equilíbrio da microbiota por estimular seletivamente o crescimento e/ou a atividade de um número seleto de espécies bacterianas já residentes no cólon, que podem melhorar a saúde do hospedeiro. Um padrão alimentar baseado em alimentos de origem vegetal e, dessa forma, rico em polifenóis e fibras alimentares, especialmente fibras prebióticas, favorece a microbiota intestinal. Assim, a modulação de uma microbiota intestinal saudável, seja buscando a recuperação do funcionamento ou a manutenção do equilíbrio microbiano intestinal, reduz o risco de desenvolvimento de diversas doenças. Ação dos prebióticos Os prebióticos entram no intestino, porém em sua maior parte, não são digeridos no intestino delgado, e sim metabolizados no intestino grosso, sendo utilizados seletivamente, o que impulsiona o aumento do crescimento bacteriano benéfico, de gêneros ou espécies específicas e por isso, possuem a capacidade para modificar a composição da microbiota colônica, de forma que as bactérias benéficas sejam predominantes. Após a fermentação pela ação bacteriana, os prebióticos são degradados e os seus produtos são chamados de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), incluindo acetato, butirato e propionato. Esses são compostos usados pela microbiota intestinal para seu próprio metabolismo ou liberados no lúmen intestinal. No entanto, a influência dos prebióticos ocorrem de maneira distintas, por mecanismos indiretos e diretos: Ações indiretas: • Modulação da fermentação microbiana, estimulando bactérias bífidas que são responsáveis pelo aumento de AGCC. • Diminuição do pH. • Diminuição da absorção de amônia, dentre outros. • Regulação imunológica. Ações diretas: • Aumento do tempo de esvaziamento gástrico. • Modulação do trânsito do trato digestivo (melhora do volume fecal). • Diminuição de colesterol via adsorção de ácidos biliares. Dessa maneira, entende-se que os prebióticos não atuam apenas impulsionando a mudança do microbioma a partir do crescimento de bifidobactérias e lactobacilos no intestino, mas também através de efeitos sistêmicos, nas vias metabólicas e processos fisiológicos do hospedeiro. Por isso, quando ingeridos em quantidades adequadas e de acordo com a necessidade real do paciente, tornam-se importantes agentes preventivos e terapêuticos em algumas doenças humanas. E quanto à recomendação de ingestão? É importante ressaltar que cada caso deve ser investigado e estudado por um profissional qualificado. Além disso, ainda há a variação de acordo com o objetivo a ser alcançado e tipo de prebiótico. No entanto, em linhas gerais, os estudos sugerem a recomendação de ingestão diária média de prebióticos de 3 a 8 gramas/dia na alimentação, como o mínimo para obtenção de algum efeito metabólico/suporte para saúde intestinal. --- Artigo relacionado Entenda melhor sobre o tema: Blog Pure Encapsulations: The 3 stages of GI Dysfunction Referências bibliográficas MARQUES, Chayane Gomes; CRUZ, Edna Milene Ribeiro Maia da; BEZERRA, Valéria Mendes; COSTA, Joana Talita Galdino; LIRA, Sandra Machado; HOLANDA, Marcelo Oliveira; SILVA, José Ytalo Gomes da; CANABRAVA, Natália do Vale; SILVA, Bruno Bezerra da; GUEDES, Maria Izabel Florindo. Prebióticos e probióticos na saúde e no tratamento de doenças intestinais: uma revisão integrativa. 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