Recuperação Glandular após uso de Esteroides
Brunno Falcão
3 min
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3 de mai. de 2024
A endocrinologia e o uso de esteroides são áreas dinâmicas, o que torna difícil estabelecer um diagnóstico ou conduta padrão, pois os pacientes variam em suas respostas. O diagnóstico de hipogonadismo pode ser classificado como primário , indicado por baixos níveis de SHBG e LH/FSH, ou secundário , relacionado a questões como resistência à insulina e alterações hormonais. A avaliação do paciente deve ser contínua e adaptável, especialmente em usuários de esteroides, com acompanhamento regular para evitar surpresas e ajustar o tratamento conforme necessário. É crucial diferenciar entre dependência de esteroides e sintomas de abstinência, levando em conta o impacto psicológico e físico do uso dessas substâncias. Abordagem Terapêutica em Anabolizantes O tratamento do uso abusivo de anabolizantes é de extrema importância devido aos riscos significativos à saúde e à vida dos usuários. Um estudo observacional realizado ao longo de 11 anos revelou que os usuários de anabolizantes apresentam um aumento no risco de mortalidade em comparação com indivíduos não usuários. Esse risco é particularmente elevado para mortes não naturais, como acidentes e suicídios, sendo 3,64 vezes maior do que o grupo controle. Além disso, o risco de morte por causas naturais, como câncer e doenças cardiovasculares, também é consideravelmente maior entre os usuários, com um aumento de 2,24 vezes em relação ao grupo controle. Esses dados destacam a necessidade de abordar e tratar adequadamente o uso indevido de anabolizantes para proteger a saúde e a vida dos indivíduos. Uma estratégia comum envolve o uso progressivo de medicações e a retirada gradual da testosterona injetável em favor de alternativas, como o gel, que evita picos súbitos de droga no organismo. O tratamento eficaz pode levar de quatro a seis meses e requer acompanhamento cuidadoso dos sintomas e das dosagens hormonais. Resumidamente, o tratamento do hipogonadismo em usuários de esteroides pode envolver o uso de clomifeno, HCG ou outras combinações , adaptadas às necessidades individuais do paciente. Novas tecnologias, como o enclomifeno, estão sendo estudadas como opções terapêuticas potenciais, oferecendo novas perspectivas para o manejo dessa condição complexa. Opções Terapêuticas para Abuso de Esteroides A abordagem no consultório para o tratamento do uso abusivo de esteroides anabolizantes inclui diversas opções, como a descontinuação sem terapia, a descontinuação com terapia com clomifeno, a descontinuação com terapia com HCG e a substituição dos esteroides por testosterona prescrita. No caso do clomifeno, a dose recomendada é de 25 mg em dias alternados, com um incremento de 12,5 a 25 mg em dias alternados até atingir 100 mg. Após 3 ou 4 meses de uso com os níveis de testosterona em valores fisiológicos, inicia-se a retirada gradual, diminuindo 12,5 mg por dia ao mês até zerar a dose. Quanto ao HCG, a dose varia de 1000 a 2000 Ul subcutâneo de 2 a 3 vezes por semana, com ajuste até atingir os níveis fisiológicos de testosterona. Após 3 meses de uso com os níveis de testosterona em valores fisiológicos, a dose é retirada. Outra abordagem envolve a utilização de gel de testosterona, que não causa picos séricos da droga. Se o paciente apresentar um bom nível de estradiol, continua-se sem testosterona ou outra medicação. Porém, se o estradiol estiver alto, é necessário o uso de hormônios. Uma terapia eficiente costuma demandar de quatro a seis meses. Quanto às possibilidades de tratamento, o enclomifeno, um citrato de clomifeno com propriedades farmacológicas distintas, tem sido objeto de estudo. Um estudo de 2015 envolvendo 265 homens obesos com níveis de testosterona abaixo de 210 ng/dl mostrou resultados promissores com o uso de gel de testosterona e enclomifeno. Resultados após 16 semanas TT média LH FSH Espermatozoides placebo < 250 - - - gel de testosterona 350 <1,5 <2 queda de 57% enclomifeno 450 AUM 3,5 a 8 AUM 5 a 9 aumento de 15% Terapia de Reposição de Testosterona (TRT), exercício e controle alimentar não são apenas sobre testosterona , mas sim sobre a combinação desses três elementos, podendo ser utilizados em conjunto ou separadamente, dependendo da resposta de cada paciente ao tratamento. A habilidade de raciocínio do profissional é crucial para alcançar resultados satisfatórios, pois permite adaptar o tratamento de acordo com as necessidades individuais de cada paciente. Prática Clínica No caso de Hipogonadismo Hipogonadotrófico, é crucial proteger a função metabólica e a libido , buscando uma sustentabilidade sem depender exclusivamente de medicação. Na prática clínica, pode ser desafiador manter níveis adequados de testosterona, mesmo dentro dos limites considerados normais. Portanto, é essencial considerar criteriosamente a segurança e o bem-estar do paciente ao escolher a melhor abordagem terapêutica em todos os momentos. É fundamental envolver uma equipe multidisciplinar, que inclua nutricionistas, treinadores e médicos, para garantir que o tratamento seja adaptado às necessidades individuais do paciente. O estabelecimento de um limite fisiológico claro é fundamental nesse processo. Continue Estudando... Sugestão de estudo: Terapia de Reposição Hormonal com Testosterona: Risco Cardiovascular em Homens Sugestão de estudo: Uso clínico de esteroides anabolizantes na abordagem de osteoporose, sarcopenia e fragilidade em mulheres Sugestão de estudo: Estratégias Nutricionais no Fisiculturismo: O que preciso saber? Referências Bibliográficas Anawalt BD. Diagnosis and Management of Anabolic Androgenic Steroid Use. J Clin Endocrinol Metab. 2019 Jul 1;104(7):2490-2500. doi: 10.1210/jc.2018-01882. PMID: 30753550; PMCID: PMC6517163.