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Suplementação nutricional em pacientes oncológicos


A orientação de importantes organizações de saúde, como a American Cancer Society e o World Cancer Research Fund, desaconselha o uso de suplementos nutricionais por pacientes oncológicos, recomendando a obtenção de nutrientes essenciais por meio da alimentação sempre que possível. No entanto, é comum que pacientes com câncer recorram a suplementos sem prescrição médica, apesar da falta de evidências sólidas sobre seus benefícios ou danos.


Dados recentes revelam uma alta prevalência de uso de suplementos entre pacientes com câncer, com uma variedade de substâncias, incluindo multivitaminas e óleos de vitaminas, sendo consumidos. No entanto, a inconsistência ou ausência de aconselhamento médico sobre suplementação é observada em muitos casos, destacando a necessidade de uma abordagem mais cuidadosa e embasada em evidências na prescrição de suplementos para pacientes oncológicos.



Suplementação Antioxidante durante a Radioterapia


Embora os antioxidantes possam reduzir a toxicidade da radioterapia em pacientes com câncer de cabeça e pescoço, isso pode aumentar a recorrência e mortalidade, especialmente entre aqueles que fumaram durante o tratamento. O tabagismo e os antioxidantes podem diminuir os efeitos da radiação, com o fumo aumentando a carboxi-hemoglobina e a hipóxia tecidual, o que reduz a eficácia dependente do oxigênio da radioterapia. Suplementos de beta-caroteno não tiveram impacto negativo em pacientes com câncer de próstata. Outros ensaios mostraram efeitos mistos na toxicidade da radioterapia.


Suplementação Antioxidante durante a Quimioterapia


Estudos de curto prazo mostraram que antioxidantes podem reduzir algumas toxicidades da cisplatina, como neuropatia (vitamina E) e toxicidade hematológica (selênio), mas não afetaram a nefrotoxicidade ou ototoxicidade. Não foram observados benefícios significativos de vitamina E contra neuropatia por taxano, neuropatia induzida por oxaliplatina, cardiotoxicidade por antraciclina ou toxicidade geral por carboplatina. Nenhum estudo avaliou os efeitos a longo prazo dos antioxidantes na recorrência e sobrevivência durante a quimioterapia.


Suplementação Antioxidante em Pacientes Não Recebendo ou após Quimioterapia ou Radioterapia


Três ensaios não mostraram efeito da suplementação antioxidante nos resultados, incluindo estudos com selênio em câncer de pulmão pós-operatório, beta-caroteno após radioterapia em câncer de cabeça e pescoço, e uma combinação de antioxidantes em câncer de próstata não tratado.


A suplementação diminuiu a recorrência de adenomas do cólon entre não fumantes e não bebedores, mas aumentou o risco entre fumantes e bebedores. Um ensaio recente relatou menor recorrência de câncer de bexiga não invasivo com suplementação de vitamina E. Dois grandes ensaios em andamento estão investigando os benefícios dos antioxidantes, mas ainda não reportaram resultados.


Eficácia da Suplementação 


Vitamina D


A vitamina D, adquirida principalmente por exposição solar e alguns alimentos, regula genes importantes no câncer. A deficiência é comum entre pacientes oncológicos, com 30% apresentando níveis muito baixos.


Estudos mostram associações entre baixos níveis de vitamina D e piores prognósticos em alguns tipos de câncer, mas os dados randomizados são limitados e mistos. Ensaios em andamento estão investigando a suplementação de vitamina D em vários tipos de câncer, mas um benefício universal não é esperado.


Saúde Óssea


A suplementação de vitamina D e cálcio é recomendada para pacientes com câncer de mama e próstata para prevenir a perda de densidade óssea. No entanto, estudos questionam sua eficácia e segurança. Ensaios randomizados são necessários para avaliar melhor esses suplementos em pacientes com câncer.


Suplementos de Óleo de Peixe (DHA e EPA)


Gorduras poliinsaturadas como DHA e EPA podem aumentar a sensibilidade das células cancerígenas à quimioterapia. Estudos preliminares mostram benefícios potenciais, mas os resultados são variados. Ensaios em andamento estão avaliando seu impacto na eficácia da quimioterapia e no estado nutricional dos pacientes.


Pratica clínica 


A administração indiscriminada de suplementos a pacientes oncológicos geralmente não é eficaz, especialmente quando os pacientes já possuem níveis adequados de vitaminas. A suplementação deve ser considerada para indivíduos com deficiência comprovada, como pacientes pós-cirurgia gástrica que necessitam de B12, ferro ou cálcio, ou fumantes pesados com baixa ingestão de folato.


Futuras pesquisas devem focar em terapias nutricionais personalizadas, considerando a dieta, genética, tipo de tumor e tratamentos do paciente. É essencial que os médicos orientem os pacientes sobre estilos de vida saudáveis, incluindo controle de peso, dieta equilibrada e exercício físico, além de discutir abertamente o uso de suplementos, seus benefícios e potenciais riscos. Suplementos devem ser recomendados com base em evidências confiáveis e comunicados claramente. 


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