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Terapias Genéticas para Distúrbios Endócrinos Hereditários

Brunno Falcão

3 min

27 de jun. de 2024

A terapia genética é um campo promissor na medicina, contudo, o sucesso dela depende da eficiente inserção de genes nas células-alvo, sem causar danos celulares, mutações oncogênicas ou inflamação . Embora a maioria dos estudos de terapia gênica tenha sido realizada com vetores virais , eles apresentam limitações sérias em termos de imunogenicidade e patogenicidade. Por outro lado, a terapia gênica não viral , principalmente baseada em plasmídeos, levanta menos preocupações de segurança e permite a re-administração do vetor.   Eletroporação   Dentre as abordagens para melhorar a transferência de genes, a eletroporação se destaca como uma das mais versáteis e eficientes. Esse método envolve a aplicação de pulsos de campo elétrico após a injeção de ácidos nucleicos nos tecidos , aumentando significativamente a eficiência de transfeção. A eletroporação é segura quando parâmetros elétricos apropriados são escolhidos, e tem sido cada vez mais explorada como uma alternativa promissora aos métodos convencionais de transferência gênica não viral.   Como uma abordagem para a entrega de medicamentos proteicos, a eletrogênese baseada em plasmídeos tem se mostrado segura e eficaz em modelos pré-clínicos de diversas doenças. Estudos recentes demonstraram que a eletroporação potencializa significativamente vacinas de DNA , gerando um interesse clínico crescente nessa forma de imunização. Além disso, a administração in vivo de segmentos de ácidos nucleicos, como oligodesoxinucleotídeos (ODNs) ou RNA inibitório curto (siRNA), por meio da eletroporação, apresenta grande promessa terapêutica para uma ampla variedade de doenças.   Terapia Gênica para Diabetes Mellitus   A terapia gênica voltada para a produção de insulina em pacientes diabéticos tipo 1 ou tipo 2 é baseada na introdução de genes específicos nas células musculares . Essa técnica permite que as células musculares sejam transformadas em "fábricas" de insulina, ao inserir um gene que codifica a insulina nelas.   O objetivo dessa abordagem é proporcionar uma fonte contínua de insulina no organismo, auxiliando no controle dos níveis de glicose no sangue de pacientes diabéticos . A produção de insulina a partir das células musculares geneticamente modificadas tem o potencial de substituir a função das células beta pancreáticas defeituosas ou destruídas, que normalmente seriam responsáveis pela produção de insulina.   Hormônio do Crescimento Recombinante   O uso de hormônio do crescimento (GH) recombinante, produzido por engenharia genética , abrange uma ampla gama de aplicações terapêuticas. Além de corrigir desequilíbrios hormonais , o GH é empregado no tratamento de anemia e caquexia associada ao câncer , onde estimula a produção de células sanguíneas e ajuda a reverter a perda de peso e massa muscular comum nesses pacientes. Também é utilizado em casos de insuficiência renal , para melhorar o metabolismo e auxiliar na recuperação e manutenção da função renal.   Além das condições mencionadas, o GH recombinante demonstra influenciar positivamente o aumento da vigilância imunológica , fortalecendo a resposta do organismo a agentes patogênicos. No contexto do bem-estar animal, essa terapia é aplicada para promover o crescimento adequado, resistência a doenças e equilíbrio hormonal, melhorando assim a saúde e qualidade de vida dos animais.   Outras Terapias Genéticas   A terapia gênica não viral oferece um método inovador e eficaz para a entrega sistêmica de drogas proteicas , abrindo caminho para o tratamento de várias condições médicas. Por meio dessa abordagem, é possível introduzir genes que codificam hormônios endócrinos, fatores hematopoiéticos, anticorpos e enzimas terapêuticas no organismo , permitindo a produção controlada dessas substâncias.   No contexto dos hormônios endócrinos, a terapia gênica não viral pode regular funções fisiológicas e tratar distúrbios endócrinos , enquanto a entrega de genes que codificam fatores hematopoiéticos estimula a produção de células sanguíneas, beneficiando pacientes com distúrbios hematológicos. Além disso, a indução da produção de anticorpos específicos fortalece o sistema imunológico e promove respostas imunes contra patógenos ou células cancerígenas, e a introdução de genes que codificam enzimas terapêuticas corrige deficiências enzimáticas hereditárias, melhorando o metabolismo e a saúde do paciente.   Prática Clínica   Pode-se explorar diversas terapias genéticas para abordar uma ampla gama de condições médicas. Por exemplo, a terapia gênica não viral, como a eletroporação, destaca-se como uma alternativa promissora para melhorar a transferência de genes, oferecendo uma maneira segura e eficaz de introduzir ácidos nucleicos nos tecidos. Essa abordagem pode ser especialmente relevante no tratamento de doenças como o diabetes mellitus, onde a introdução de genes específicos nas células musculares pode transformá-las em "fábricas" de insulina, contribuindo para um controle glicêmico mais eficaz e uma melhor qualidade de vida para os pacientes.   Continue Estudando...   Sugestão de estudo: Aspectos Endócrinos da Obesidade   Sugestão de estudo: Hormônios sexuais e longevidade saudável   Sugestão de estudo: Avanços na Terapia de Reposição Hormonal   Referências Bibliográficas   PRUD'HOMME, Gerald; GLINKA, Yelena; KHAN, Amir; DRAGHIA-AKLI, Ruxandra. Electroporation-Enhanced Nonviral Gene Transfer for the Prevention or Treatment of Immunological, Endocrine and Neoplastic Diseases.   Current Gene Therapy , [S.L.], v. 6, n. 2, p. 243-273, 1 abr. 2006. Bentham Science Publishers Ltd.. http://dx.doi.org/10.2174/156652306776359504 .