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Updates na Suplementação da Criança e do Adolescente Autista

Brunno Falcão

3 min

15 de jul. de 2024

Nos Estados Unidos, a expectativa para 2024 é que ocorra o nascimento de um bebê autista a cada 32 nascimentos. No Brasil , essa proporção é de um a cada 58 nascimentos , enquanto no mundo todo é de um a cada 100. Esses números indicam um aumento do autismo, especialmente em países em desenvolvimento. Atualmente, o tipo mais prevalente de autismo não é genético, mas epigenético , com o principal impacto na neuroinflamação. Tanto fatores genéticos quanto epigenéticos são influenciados pela programação materno-fetal , incluindo hábitos alimentares e qualidade dos alimentos consumidos pela mãe desde a concepção , o que está diretamente ligado ao sistema imunológico materno e ao ambiente. Neuroinflamação e Disfunção Mitocondrial Além da neuroinflamação, há também uma significativa disfunção mitocondrial. O sistema nervoso central, que consome um terço da demanda energética basal, é particularmente dependente das mitocôndrias. Danos ao DNA  mitocondrial reduzem a produção de energia e aumentam a formação de Espécies Reativas de Oxigênio . Crianças autistas  frequentemente apresentam deficiência de coenzima Q10 , sendo crucial a suplementação para ajudar na disfunção mitocondrial. Existem diversas opções de coenzima Q10 no mercado, como o Greenselect , recomendado para crianças autistas a partir dos 7 anos, por ser livre de cafeína e atuar como prebiótico . Abordagens Terapêuticas e Nutricionais   Os mastócitos , liberadores de histamina que afetam a permeabilidade vascular e a barreira hematoencefálica, desempenham um papel importante. O PEA (Palmitoiletanolamida) e o CBD (Canabidiol) têm efeitos semelhantes ao modular os mastócitos através do sistema endocanabinoide , essencial para a recuperação celular e a modulação de neurotransmissores em crianças autistas.   A proteína HSP (Heat Shock Protein) é neuroprotetora , regulando o estresse oxidativo, controlando o neurodesenvolvimento e protegendo contra agentes tóxicos no sistema nervoso central. O brocophanus , recomendado a partir dos 3 anos, e o HSFOCUS , a partir dos 6 anos, são opções para ajudar no controle dessa proteína e melhorar a função cognitiva.   Importância da Vitamina D e Equilíbrio Neuroinflamatório A vitamina D  desempenha um papel crucial no equilíbrio entre os linfócitos , sendo essencial para controlar a inflamação em crianças autistas desde a gestação. A neuroinflamação  resultante da exposição materna promove desequilíbrio nas proteínas acopladoras, afetando o metabolismo do triptofano e a produção de melatonina e serotonina . Estratégias como água enriquecida com hidrogênio e alimentos fortificados  mostram potencial para ajudar nesse controle, assim como o uso de ocitocina , que além de modular neurotransmissão, tem papel importante na neuroinflamação. Impacto da Microbiota Intestinal e Intervenções Comportamentais   Estudos indicam que crianças autistas  frequentemente apresentam desequilíbrios na microbiota intestinal, o que pode levar a inflamações que afetam o sistema nervoso central. O uso de pré e probióticos  pode ajudar a melhorar a produção de neurotransmissores e a função das sinapses neurais.  No entanto, a estratégia mais valiosa para reduzir a neuroinflamação não tem preço: “ dar amor e brincar com a criança ”. Além disso, a prática de exercícios físicos  é essencial para crianças autistas, sendo fundamental estimular a atividade física regularmente. Prática Clínica Portanto, é crucial adotar uma abordagem integrativa para o manejo do autismo, considerando as influências tanto genéticas quanto epigenéticas na neuroinflamação e disfunção mitocondrial. Dessa forma, estratégias nutricionais, como a suplementação de coenzima Q10 para melhorar a função mitocondrial, são recomendadas, especialmente em crianças autistas que frequentemente apresentam deficiência deste nutriente. Além disso, intervenções terapêuticas como o uso de PEA e CBD para modular os mastócitos e o suporte com proteínas neuroprotetoras como HSPs , através de suplementos específicos, são cruciais para minimizar o impacto da neuroinflamação e promover o desenvolvimento cognitivo saudável. Por fim, a manutenção de um equilíbrio neuroinflamatório adequado, através de estratégias que incluem vitamina D e modulação da microbiota intestinal com pré e probióticos, complementa o cuidado integrado necessário para melhorar a qualidade de vida das crianças autistas. Continue Estudando... Sugestão de Estudo: Seletividade Alimentar e Distúrbios Gastrointestinais em Crianças com Autismo Sugestão de Estudo: TEA: Novas perspectivas sobre a influência da Epigenética Sugestão de Estudo: Impacto da Microbiota Intestinal nas Doenças Neurológicas Referências Bibliográficas: LI, Yong-Jiang; ZHANG, Xiaojie; LI, Ya-Min. Antineuroinflammatory therapy: potential treatment for autism spectrum disorder by inhibiting glial activation and restoring synaptic function.   Cns Spectrums , [S.L.], v. 25, n. 4, p. 493-501, 29 out. 2019. Cambridge University Press (CUP).  ORTÍ, Jose Enrique de La Rubia; MONETI, Costanza; SERRANO-BALLESTEROS, Pilar; CASTELLANO, Gloria; BAYONA-BABILONI, Raquel; CARRIQUÍ-SUÁREZ, Ana Belén; MOTOS-MUÑOZ, María; PROAÑO, Belén; BENLLOCH, María. Liposomal Epigallocatechin-3-Gallate for the Treatment of Intestinal Dysbiosis in Children with Autism Spectrum Disorder: a comprehensive review.   Nutrients , [S.L.], v. 15, n. 14, p. 3265, 24 jul. 2023. MDPI AG.