▷ SCIENCE PLAY ▷ SCIENCE PLAY

Uso de prebióticos e probióticos na gravidez

Brunno Falcão

4 min

13 de mar. de 2023

Muitas gestações enfrentam adversidades com hipertensão e problemas metabólicos, como diabetes mellitus gestacional, obesidade ou síndrome metabólica. Todas estas complicações podem ter impacto na saúde da mãe e também na saúde do recém-nascido. Na verdade, essas complicações têm sido relacionadas a alergia infantil, asma ou problemas de pele. Muitos estudos concordam que prebióticos e probióticos na gravidez, além dos simbióticos, têm benefícios para a saúde em termos de prevenção de resultados adversos na gravidez.  Por isso, a disbiose é um fator chave envolvido no aumento do risco de pré-eclâmpsia, diabetes, infecção, trabalho de parto prematuro e (posteriormente) atopia infantil. Foi demonstrado que a disbiose materna anda de mãos dadas com a disbiose neonatal, que causa cólicas em bebês. Portanto, a administração de pró e prebióticos durante a gravidez e lactação foi recomendada como uma opção segura para otimizar esses períodos de vida e prevenir efeitos adversos. Table of Contents Toggle O que são prebióticos e probióticos? Prebióticos e probióticos na gravidez Obesidade Gestacional Diabetes gestacional  Hipertensão e Pré-eclâmpsia Vaginose bacteriana Saúde Mental Perinatal  Prática Clínica Referências bibliográficas  O que são prebióticos e probióticos? Em 2008, a definição de prebióticos foi refinada, sendo definido como “um ingrediente seletivamente fermentado que resulta em mudanças específicas na composição e/ou atividade da microbiota gastrointestinal, conferindo assim benefício(s) à saúde do hospedeiro”. Essa definição mais recente se deve à natureza desses componentes bioativos, não sendo apenas carboidratos (fibras), mas também alguns polifenóis, como os flavonóis.  Já os probióticos são microrganismos vivos que podem ser consumidos em certos alimentos como iogurte, kefir, kombucha, tempeh e sopa de missô, ou tomados como suplementos. Esses produtos normalmente abrigam bactérias benéficas que podem colonizar transitoriamente a mucosa intestinal e auxiliar no metabolismo da flora do hospedeiro.  Prebióticos e probióticos na gravidez Obesidade Gestacional A obesidade na gravidez implica um IMC materno ≥30. As mulheres obesas podem sofrer de disbiose e comprometimento metabólico. Essa condição pode aumentar o risco de outras complicações na gravidez, como diabetes gestacional, hipertensão, pré-eclâmpsia e outros.  As consequências para o feto podem ser parto prematuro, morte neonatal e aumento do risco de distúrbios metabólicos mais tarde na vida. O uso de probióticos gerou sintomas reduzidos de asma alérgica, prevenção de alergias alimentares, diminuição da gravidade da dermatite atópica, menos massa gorda, melhor resposta imune e risco reduzido de obesidade. O uso de prebióticos podem causar uma melhora na saúde metabólica materna pela produção de ácidos graxos de cadeia curta.  Diabetes gestacional  O manejo da diabetes melitus gestacional também é contemplado na perspectiva da disbiose. Alguns autores propõem que as fibras são moduladores intestinais envolvidos no alívio da resistência à insulina e outros eventos patológicos relacionados, como estresse oxidativo em mulheres com diabetes gestacional. De acordo com uma metanálise este tipo de intervenção demonstrou melhorias significativas no metabolismo da glicose e lipídios, além de ter um efeito anti-inflamatório e antioxidante, reduzindo o risco de hiperbilirrubinemia fetal, macrossomia fetal e limitando o recém-nascido peso.  Hipertensão e Pré-eclâmpsia A pré-eclâmpsia é um tipo de complicação caracterizada por hipertensão arterial e proteinúria, levando a danos renais e multissistêmicos, implicando também um perigo para o feto. O uso de pró e prebióticos estimula metabólitos derivados do intestino, como o butirato, que atenuam a inflamação. Dessa forma, o ecossistema microbiano também é uma chave para a saúde cardiovascular durante a gestação e, portanto, pode auxiliar no tratamento e prevenção de distúrbios hipertensivos da gravidez, incluindo hipertensão e pré-eclâmpsia.  Vaginose bacteriana O consumo de simbióticos parece efetivamente prevenir infecções recorrentes do trato urinário em mulheres. No caso da vaginose bacteriana, eles sugerem que uma combinação de probióticos e prebióticos deve ser aplicada em vez de usar antibióticos, o que é arriscado para uma mulher grávida. Revisões sistemáticas descobriram que os pré/probióticos têm taxas de cura ainda mais altas do que os antibióticos. Isso também proporciona maior proteção à mãe e ao feto. Saúde Mental Perinatal  Atualmente, existem ensaios clínicos que exploram o papel dos moduladores da microbiota intestinal na saúde mental na população em geral, sugerindo uma relação complexa, mas evidente, entre o intestino e o cérebro. Os transtornos de humor perinatais são condições incapacitantes comuns que podem ser tratadas através do chamado eixo intestino-cérebro. De acordo com revisões sistemáticas, evidências promissoras mostram uma menor incidência de ansiedade e sintomas depressivos no período perinatal foram relatadas ao suplementar com pró, pré e simbióticos durante a gravidez. Prática Clínica Quando estudamos sobre o consumo de prebióticos e probióticos na gravidez, entenda que a gravidez é um período complexo na vida da mulher. Existem muitas alterações metabólicas e possíveis complicações, afetando principalmente as necessidades nutricionais, o sistema endócrino e a microbiota intestinal. Dessa forma, as intervenções nutricionais são uma forma viável e econômica de abordar essas mudanças e alcançar melhores resultados com as gestantes.  Para obter melhores resultados na qualidade de vida da mãe e do filho, é importante destacar o uso de prébióticos e probióticos na gravidez, como moduladores promissores da microbiota intestinal. Essas estratégias também podem ser úteis para prevenir ou combater certas complicações associadas à gravidez, como diabetes gestacional, pré-eclâmpsia ou infecções, entre outras, e para prevenir doenças futuras, como asma ou alergias em crianças.  Referências bibliográficas  Sugestão de estudo: NO INÍCIO DA GRAVIDEZ, QUAL O PAPEL DOS PROBIÓTICOS? Assista o vídeo na Science Play com  Ana Carolina Franco: GLP-1 no tratamento da obesidade: como os prebióticos podem ajudar? Artigo: García-Montero C, Fraile-Martinez O, Rodriguez-Martín S, Saz JV, Rodriguez RA, Moreno JMP, Labarta JR, García-Honduvilla N, Alvarez-Mon M, Bravo C, De Leon-Luis JA, Ortega MA. The Use of Prebiotics from Pregnancy and Its Complications: Health for Mother and Offspring—A Narrative Review. Foods. 2023; 12(6):1148. https:// doi.org/10.3390/foods12061148 Classifique esse post #mulher #prebioticos #saudedamulher #probioticos #gravidez #gestação #gestante