top of page
  • Foto do escritorKcal da Science Play

Diretrizes ASCO-SSO para Testes Germinativos em Pacientes com Câncer de Mama

Em um comunicado conjunto datado de 4 de janeiro de 2024, a Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) e a Sociedade de Cirurgia Oncológica (SSO) lançaram diretrizes atualizadas para testes de mutação germinativa em pacientes diagnosticados com câncer de mama. Essas orientações representam um avanço significativo na personalização do tratamento, oferecendo diretrizes claras para médicos e pacientes sobre quando e como realizar testes genéticos essenciais.


As diretrizes surgiram após uma revisão sistemática de 47 artigos sobre testes de mutação germinativa e 18 sobre aconselhamento genético. A recomendação central destaca que todos os pacientes recém-diagnosticados com câncer de mama, com até 65 anos, devem ser submetidos a testes para mutações BRCA1/2. Além disso, casos selecionados de pacientes com mais de 65 anos também devem ser considerados, levando em conta histórico pessoal, familiar, ascendência ou elegibilidade para terapia com inibidores de PARP.


Para pacientes com câncer de mama recorrente e candidatos à terapia com inibidores de PARP, os testes BRCA1/2 são recomendados, independentemente do histórico familiar. Mulheres que desenvolvem um segundo câncer primário na mesma mama ou na contralateral também devem ser consideradas para esses testes.


Para pacientes com histórico anterior de câncer de mama e sem doença ativa, os testes são recomendados para aqueles diagnosticados até os 65 anos, e de forma seletiva, para aqueles diagnosticados após os 65 anos, caso isso contribua para a compreensão do risco pessoal e familiar.


A importância do consentimento informado antes dos testes é destacada nas diretrizes, garantindo que os pacientes recebam informações suficientes. O aconselhamento pós-teste individualizado é enfatizado para aqueles com variantes patogênicas, enquanto variantes de significado incerto não devem influenciar o manejo do paciente.


As diretrizes também ressaltam a necessidade de encaminhamento a profissionais experientes em genética clínica do câncer para facilitar a seleção de pacientes e interpretar testes expandidos. Especialmente para indivíduos sem variantes patogênicas, mas com histórico familiar.


Testes Genéticos BRCA1 e BRCA2: Compreendendo a Síndrome de Câncer de Mama e Ovário Hereditários


A Síndrome de Câncer de Mama e Ovário Hereditários representa uma parcela significativa dos casos de câncer de mama, herdados de maneira autossômica dominante. A mutação germinativa nos genes BRCA1 e BRCA2 está associada a um aumento substancial no risco de câncer, especialmente de mama e ovário.


Os testes genéticos BRCA1/2 são recomendados para indivíduos com critérios específicos, como histórico pessoal ou familiar de câncer de mama diagnosticado em pessoas com menos de 65 anos, múltiplos focos primários de câncer de mama, câncer de mama triplo negativo, câncer de ovário, câncer de mama em homens, ancestralidade judaica ashkenazi, entre outros.


A identificação de mutações patogênicas nos genes BRCA1/2 permite estratégias de vigilância e redução de risco, incluindo mastectomia profilática e ooforectomia profilática. Além disso, possibilita aconselhamento genético para familiares. Os genes BRCA1 e BRCA2 atuam no reparo do DNA e controle da divisão celular, sendo mutações patogênicas associadas a vários tipos de câncer.


Compreendendo BRCA1 Positivo e a Diferença entre BRCA1 e BRCA2


O termo "BRCA1 positivo" indica que uma das partes do gene não funciona corretamente, dependendo do alelo funcionante para manter a saúde celular. Tanto as mutações em BRCA1 quanto em BRCA2 aumentam o risco de câncer ao longo da vida, com mutações em BRCA1 conferindo uma probabilidade ainda maior de desenvolvimento da doença. Mutações em BRCA2 estão associadas a um conjunto mais amplo de órgãos com risco elevado. Esses genes desempenham funções essenciais no reparo do DNA e controle da estabilidade genômica.


As diretrizes recentes representam um marco significativo no avanço da abordagem ao câncer de mama, destacando a importância dos testes genéticos para orientar estratégias de tratamento personalizado e vigilância.


Prática Clínica


Os teste genéticos vem ganhando cada vez mais força e devem ser usados com muita responsabilidade. Um teste genético na mão de um profissional que não saiba fazer boa interpretação não serve de nada. Para interpretar um exame/teste genético é necessário primeiramente  entender todo o contexto, camadas e subcamadas, pessoal em questão.


Os testes genéticos devem ser selecionados considerando diversos fatores, incluindo a quantidade de genes envolvidos, pois nem sempre mais genes significam um teste melhor. É essencial que o laudo seja claro e contenha informações completas sobre o gene analisado e sua sequência de referência. Além disso, os genes incluídos no teste devem ser relevantes para as estratégias de prática clínica, levando em conta o custo-benefício da análise. Essa abordagem visa proporcionar um direcionamento mais eficaz em relação às doenças e ajudar na decisão sobre o tratamento ideal.


Continue Estudando…





Referências Bibliográficas


BEDROSIAN, Isabelle; SOMERFIELD, Mark R.; ACHATZ, Maria Isabel; BOUGHEY, Judy C.; CURIGLIANO, Giuseppe; FRIEDMAN, Sue; KOHLMANN, Wendy K.; KURIAN, Allison W.; LARONGA, Christine; LYNCE, Filipa. Germline Testing in Patients With Breast Cancer: asco⠳society of surgical oncology guideline. Journal Of Clinical Oncology, [S.L.], v. 42, n. 5, p. 584-604, 10 fev. 2024. American Society of Clinical Oncology (ASCO).

bottom of page