Paciente com Endometriose? Entenda a Prática Clínica!
Brunno Falcão
2 min
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1 de fev. de 2024
A endometriose é caracterizada pela presença de tecido endometrial fora do revestimento uterino , que acomete em maior parte a camada externa do útero, ovários, trompas de falópio, parede abdominal ou intestinos. Ela atinge cerca de 1 a 5% em mulheres em idade reprodutiva , sendo as opções de tratamento para endometriose limitadas. Apesar de que alguns medicamentos possam ser usados para reduzir a dor aguda, os tratamentos hormonais são mais comuns, entretanto, podem interferir na fertilidade. Os sintomas comuns da endometriose incluem dor pélvica intensa, dismenorreia (cólicas e dores pélvicas que surgem no período menstrual), dispareunia (dor durante a relação sexual), complicações de concepção, fadiga, dor lombar, distensão abdominal, constipação e diarreia. Impacto da Gordura na Endometriose A gordura, em termos de qualidade e quantidade, desempenha um papel crucial na modulação da endometriose. Um estudo prospectivo revelou que a ingestão de ácido palmítico, um ácido graxo saturado presente em carne e laticínios, bem como de gorduras trans, estava correlacionada a um maior risco para o desenvolvimento de endometriose . As gorduras de origem animal têm despertado interesse especial devido à sua associação com diversas doenças ginecológicas. Por exemplo, um estudo pioneiro conduzido pelo NIH-AARP sobre Dieta e Saúde constatou que indivíduos com maior ingestão total de gordura apresentaram um risco 28% maior de câncer de ovário em comparação com aqueles com menor consumo. Embora algumas gorduras possam contribuir para o desenvolvimento da endometriose, outras desempenham papéis protetores e ajudam a reduzir a inflamação responsável pelos sintomas da doença. Uma pesquisa envolvendo uma grande amostra de 70.709 na fase pré-menopausa indicou que mulheres com maior consumo de ácidos graxos ômega-3, encontrados em peixes e algas marinhas, apresentaram menor probabilidade de serem diagnosticadas com endometriose em comparação com aquelas com menor consumo . Modificações Dietéticas e Prevenção da Endometriose Os estrogênios desempenham um papel fundamental na patogênese da endometriose, destacando a importância de modificações dietéticas que possam modular a atividade desses hormônios. Reduzir a ingestão de gordura saturada, aumentar o consumo de gorduras ômega-3 e incorporar mais fibras na dieta têm demonstrado reduzir as concentrações de estrogênio circulante em mulheres na pós-menopausa, em torno de 10 a 25%. Além disso, diversos estudos também destacam a correlação entre o consumo de carne vermelha e o risco de desenvolver endometriose . Por exemplo, o Nurses' Health Study II descobriu que mulheres com ingestão frequente de duas porções de carne vermelha por dia apresentavam um risco 56% maior de endometriose em comparação com aquelas que consumiam menos de uma porção por semana. Prática Clínica Portanto, é evidente que a qualidade e a origem das gorduras na dieta desempenham um papel importante na predisposição à endometriose. Além disso, mulheres com predisposição à endometriose ou em fase pós-menopausa, devem priorizar o consumo de alimentos vegetais e reduzir a ingestão de carne vermelha pode ser uma estratégia importante na prevenção e manejo dessa condição. Referências Bibliográficas Barnard ND, Holtz DN, Schmidt N, Kolipaka S, Hata E, Sutton M, Znayenko-Miller T, Hazen ND, Cobb C, Kahleova H. Nutrition in the prevention and treatment of endometriosis: A review . Front Nutr. 2023 Feb 17;10:1089891. doi: 10.3389/fnut.2023.1089891. PMID: 36875844; PMCID: PMC9983692. Continue estudando: Polifenóis como dietoterapia para a Endometriose Você já parou para pensar se a endometriose pode afetar a saúde mental da sua paciente? Entenda: Endometriose e Saúde Mental: Há relação?