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  • Foto do escritorKcal da Science Play

Probióticos na Depressão: Prevenção e Tratamento

Se a sua dúvida é sobre os probióticos na depressão, entenda que a microbiota intestinal é um conjunto complexo de bactérias, vírus, protozoários, archaea e fungos que habitam o trato gastrointestinal humano e, surpreendentemente, as bactérias são essenciais para uma série de processos fisiológicos. Além disso, é válido lembrar que as mitocôndrias, organelas celulares basais para que se tenha a produção de adenosina trifosfato (ATP) e garantir o organismo funcionando de forma adequada, parece ter sua origem evolutiva relacionada às Proteobactérias, colocando em destaque o papel das bactérias na manutenção da vida, saúde e doenças. 


O trato gastrointestinal e o sistema nervoso central se comunicam por uma complexa interação mediada pela microbiota intestinal que se dá por vias neurais através do sistema nervoso entérico e nervo vago, endócrinas através da modulação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA) modulado pelo cortisol ou imune por meio de citocinas. Vias essas que se mostram frequentemente alteradas em transtornos psiquiátricos.



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Probióticos na Depressão: Epigenética


Probióticos na depressão passam antes pela intervenção na microbiota. Sendo então a microbiota intestinal um fator modulado pela epigenética presume-se que esta pode ser utilizada para tratar e melhorar os sintomas envolvidos. Posto isso, entram em cena abordagens que são consideradas como psicobióticas, uma vez que tendem a melhorar a saúde mental por meio das suas propriedades modificadoras da microta.


Dentre elas estão, primeiramente a modificação alimentar para dietas ricas em fibras não digeríveis (prebióticos) e microorganismos vivos (probióticos), em segundo plano podem ser utilizados simbióticos (combinações de pré e probióticos), pós-bióticos (produtos de fermentação bacteriana, como ácidos graxos de cadeia curta) e transplante de microbiota fecal. 


Probióticos e o Eixo Microbiota-Intestino-Cérebro 


Os micróbios intestinais interagem constantemente com o cérebro através de uma variedade de vias, incluindo regulação imune, metabolismo de neurotransmissores, ácidos graxos de cadeia curta e aferentes vagais. Além disso, a microbiota intestinal determina a responsividade ao estresse influenciando o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (eixo HPA) e as respostas do cortisol ao estresse, por sua vez, podem ser alteradas por vários probióticos.


Portanto, uma vez que os níveis elevados de estresse estão interligados com ansiedade e depressão fica subjetivo que ao tratar essas disfunções intestinais obtém-se a remissão de diversas patologias. Por isso, acredita-se que que os probióticos contribuam para um ambiente intestinal equilibrado, suprimindo patógenos, interagindo com a microbiota do hospedeiro e favorecendo a diversidade de microrganismos presentes nela.


Um dos principais determinantes da composição da microbiota intestinal também são os probióticos provenientes da dieta, havendo estudos que indicam que dietas à base de animais e vegetais causam mudanças dramáticas na microbiota intestinal em poucos dias enquanto estilos alimentares, como a dieta mediterrânea, são ricos em alimentos vegetais e fibras que promovem o crescimento de bactérias benéficas. No que se trata dos suplementos dietéticos existem poucas evidências científicas mas os ácidos graxos ômega 3 e suplementos alimentares à base de fibras são amplamente testados como um tratamento complementar para os transtornos psiquiátricos. 


Embora recente e incerto, crescem os estudos que sugerem um perfil inflamatório como uma possível causa para o desenvolvimento de transtornos psiquiátricos. Neste contexto, os ácidos graxos de cadeia curta como butirato são importantes para a integridade do sistema nervoso central visto que alteram a expressão do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) e da barreira intestinal que, quando hiperpermeável, pode levar à translocação de bactérias e antígenos bacterianos (como lipopolissacarídeos) na corrente sanguínea, causando e sustentando uma inflamação crônica de baixo grau.


Probióticos x Tratamento


A depressão maior está entre os distúrbios mais prevalentes em todo o mundo e, portanto, é de extrema importância no contexto da saúde pública. Estudos apontam que estes pacientes apresentam diferenças significativas na composição da microbiota intestinal em comparação com aqueles sem depressão. Tais estudos sugerem que as cepas mais promissoras para o tratamento de depressão são Lactobacillus e Bifidobacterium, podendo o tempo variar entre 6 a 13 semanas. 


Ademais, é importante entender acerca da especificidade de cada cepa como, por exemplo, diferentes cepas da mesma espécie demonstram efeitos opostos em relação aos sintomas psicológicos, enquanto Lactobacillus rhamnosus não afeta o humor ou os níveis de ansiedade em homens saudáveis, Lactobacillus casei (cepa Shirota) melhorou o humor em participantes com escores de humor baixo. Enfatizando a necessidade de combinar probióticos com uma dieta contendo quantidade adequada de micro e macronutrientes para promover o desenvolvimento favorável da flora intestinal, uma vez que estes pacientes frequentemente apresentam padrões alimentares inadequados, além do microbioma intestinal também ser alterado em decorrência ao uso de medicamentos psicotrópicos.


Prática Clínica


Sobre os probióticos na depressão, prevenção e tratamento, fica claro que a área de nutrição e saúde intestinal provavelmente se tornará um componente importante no modelo de tratamento biopsicossocial em psiquiatria, fazendo da psiquiatria nutricional imprescindível na prevenção de transtornos psiquiátricos, bem como comorbidades metabólicas. 


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Sugestão de estudo: Probióticos Melhoram o Sono?


Sugestão de estudo: Probióticos


Assista ao vídeo na plataforma Science Play – O Que São e Como Agem os Probióticos?


Referências Bibliográficas


Mörkl S, Butler MI, Holl A, Cryan JF, Dinan TG. Probiotics and the Microbiota-Gut-Brain Axis: Focus on Psychiatry. Curr Nutr Rep. 2020 Sep;9(3):171-182.

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